O modelo tradicional de educação burocrática e hierárquica está ficando no passado. Cada vez mais, as escolas entendem a importância de trazer propostas curriculares que dialoguem com a realidade dos alunos e que os prepare para a vida adulta, por meio de uma visão ampla de mundo. Disciplinas como português, geografia, história e matemática ganham novos contornos. Aulas teóricas, em que o professor dispara informações que pouco são absorvidas, dão lugar a experimentos científicos e tecnológicos e oficinas de assuntos que estão em voga, como empreendedorismo e robótica.

As aulas de robótica estão entre as opções que trazem a  tecnologia para a sala da de aula
As aulas de robótica estão entre as opções que trazem a tecnologia para a sala da de aula | Foto: Gina Mardones



"As profissões que as crianças vão exercer no futuro ainda não existem. Prepará-las para o mercado de trabalho é limitante. O cotidiano na escola tem de ser baseado na vida real e em experiências práticas para que os alunos entendam a aplicabilidade daquilo que estudam", explica Gisele Favoretto de Oliveira, Diretora e Pedagoga da Escola Apoena, que possui salas de aula temáticas que se transformam de acordo com os projetos trabalhados. Além disso, aposta no currículo emergente, em que os assuntos abordados são escolhidos pelos próprios alunos, que são organizados em grupos de interesse. Por isso, um pode ser mais focado em matemática, enquanto outro tem contato intenso com a produção de texto, por exemplo.

Valorizar os desejos e as aptidões individuais e utilizar a tecnologia a favor do conhecimento também estão na pauta de muitas instituições em Londrina. A Escola Alfa oferece oficinas de habilidade como parte da grade curricular do ensino fundamental 2. Os alunos precisam escolher entre aulas de teatro, de matemática aplicada ou de empreendedorismo. A última é a que costuma ser a mais procurada. Em uma das experiências de um projeto de empreendedorismo, os estudantes receberam a missão de criar um mascote para a escola e cuidaram de todas as etapas de produção até a venda. Atualmente, o grupo está envolvido na criação de um canal para o Youtube para apresentar suas ideias. Já na educação infantil, as crianças participam de atividades de socialização e que instigam sua criatividade por meio de desafios simples e experimentações. "No fundamental 1, temos atividades esportivas, que ajudam na coordenação motora e ritmo, e o xadrez, que ajuda no raciocínio lógico e nas operações matemáticas", conta o diretor pedagógico João Marcos Machuca.


"Procuramos um modo de adequar o uso da tecnologia para a sala de aula. Uma das dificuldades é ensinar a usá-la de uma maneira saudável e não apenas com redes sociais"


A tecnologia é vista como ferramenta fundamental no aprendizado para o IEIJ (Instituto de Educação Infantil e Juvenil) e o Colégio Dôminos. Há mais de 30 anos, aulas de informática e linguagem de programação passaram a fazer parte da grade curricular do IEIJ a partir da educação Infantil. Hoje em dia, com os avanços tecnológicos, os alunos se envolvem com trabalhos de robótica. "Procuramos um modo de adequar o uso da tecnologia e do que faz parte da realidade dos alunos para a sala de aula. Uma das dificuldades é ensinar a usá-la de uma maneira saudável e não apenas com redes sociais", pondera Marcio Hibeo Ara Bueno, diretor geral do IEIJ.

Desde que a inovação passou a andar lado a lado da educação, as aulas nunca mais foram as mesmas no Colégio Dôminos. Todas as disciplinas, da educação infantil ao ensino médio, são apresentadas em lousas digitais e equipamento 3D. Quando um professor de geografia vai falar sobre mata ciliar, por exemplo, ele é capaz de levar a turma, de forma virtual, para a margem de um rio. É possível até escutar o barulho das águas. "Nós acreditamos que, enquanto não houverem mudanças realmente significativas nas grades curriculares em termos de Brasil, temos que tornar todas as disciplinas tradicionais, sem exceção, estimulantes, motivadoras e criativas", defende a diretora e proprietária Samara Alves Nunes, que é também
pedagoga.

Além da robótica, escola de programação oferece aulas de youtuber e de desenvolvimento de games e aplicativos
Além da robótica, escola de programação oferece aulas de youtuber e de desenvolvimento de games e aplicativos | Foto: Saulo Ohara



Características como criatividade, confiança, pensamento crítico, liderança e capacidade de resolução de problemas são valorizadas no Século 21. É em busca de desenvolver essas habilidades nos alunos que as escolas oferecem novas propostas curriculares. A demanda por tecnologia e inovação cresceu tanto que a direção da Happy Code percebeu que poderia ir além do curso de inglês que inaugurou seu funcionamento, em 2015. Agora, a escola de programação oferece aulas de robótica, youtuber e de desenvolvimento de games e aplicativos e oferece parceria com escolas que desejam inserir a inovação na grade curricular. "O aluno trabalha a criatividade e a estruturação lógica, desenvolvendo uma nova forma de pensar as situações e criando soluções para problemas antigos", ressalta a sócia e diretora Ana Paula Murakawa.

Propostas curriculares modernas podem influenciar a vida adulta de uma criança. O contato intenso com tecnologia na escola definiu as carreiras de alguns alunos do IEIJ. Enquanto um foi estudar engenharia mecânica na Alemanha, outro desenvolveu um trabalho no Sebrae voltado para as mídias sociais nas empresas. "Também temos um ex-aluno que é piloto da Força Aérea Americana e tem uma ligação com a Nasa. Vemos o trabalho nas áreas tecnológicas dando frutos, e que os alunos levam isso para a vida adulta", orgulha-se o diretor da escola.

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