Israel Reinstein
Quatro milhões de habitantes estarão vivendo em Curitiba em 2.025. Essa estimativa da prefeitura foi traçada tendo como base na nova lei de zoneamento. ‘‘Esse número estimado é um chute, que tem uma base científica, porque usa as taxas de crescimento atuais’’, afirma o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) Luiz Hayakawa. ‘‘Mas esse cenário pode mudar, sem afetar a qualidade de vida’’, diz.
No entanto, quando foi apresentado a lei de zoneamento professores, arquitetos e urbanistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) traçaram um perfil mais negro, simulando que a capital passaria de 11 milhões de habitantes. Como consequência, eles previam queda na qualidade de vida e nas condições ambientais da capital.
Na visão do presidente do Ippuc esse cenário pessimista não aconteceria. Ele entende que, independente do tamanho da população futura de Curitiba, a cidade não vai estar saturada ou com grandes problemas urbanos.
De acordo com ele, serão nos bairros da região Sul que moradores de classe média vão procurar casas para morar. ‘‘São em bairros como Mossunguê, Sítio Cercado, Tatuquara, que a demanda de serviços da cidade vem crescendo’’, afirma Teresa Elvira Gomes de Oliveira, diretora municipal do Departamento do Governo.
O presidente do Ippuc explica que todo o crescimento foi direcionado para preservar as nascentes e rios, formadores da bacia hídrica que abastecem a Região Metropolitana. ‘‘A região Norte tem que ser preservada, porque não resiste às grandes construções, em função do solo que é frágil’’, explica Hayakawa.
De acordo com Hayakawa, é na região Norte que fica a maior quantidade de áreas verdes preservadas. Por isso, a prefeitura aposta que aumente a demanda por conjuntos residenciais ou sobrados, voltados para a classe alta. ‘‘Essa tendência vai forçar também uma baixa densidade de casas sobre as nascentes evitando contaminação da água que abastece os municípios vizinhos’’, afirma.
Como tendência desse processo, o Ippuc estima que cidades vizinhas, como, por exemplo, Campo Magro, Colombo e Almirante Tamandaré, também vão investir na construção de refinados condomínios residenciais. ‘‘Deve acontecer uma migração de moradores de Santa Felicidade, que viverão em Campo Magro e usufruirão da estrutura do bairro de Curitiba’’, prevê.
Em função desses condomínios, a Promotoria das Garantias Constitucionais do Ministério Público reclamou após a aprovação da nova lei de zoneamento que as classes de maior poder aquisitivo na capital irão concentrar riqueza, empurrando a pobreza na periferia. Isto aconteceria em função da ausência de loteamentos populares e pelo alto custo dos lotes e imóveis existentes.
A concentração de renda em Curitiba tende a piorar, em função do grande crescimento da região metropolitana e da necessidade de mais recursos nestes municípios. De acordo com dados da promotoria, o Paraná teve um crescimento populacional negativo de 1% ao ano. Já o aumento na região metropolitana está acima de 3%, sendo que na Fazenda Rio Grande chega a 10% a 12% ao ano. A taxa de Curitiba é de 2,34%