O Paraná, de modo geral, e Londrina, em especial, têm tradição quando o assunto é agronegócio. Para descobrir como anda a saúde do setor, é quase obrigatório medir a pulsação desta região do País. E tudo vai “muito bem, obrigado”, com a celebração de um recorde batido em junho, quando o Brasil exportou como nunca - US$ 12,11 bilhões, uma alta de 25% em relação ao mesmo mês de 2020.

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| Foto: Arquivo FOLHA

O resultado injetou otimismo nas empresas, cooperativas, produtores e parceiros num oportuno contraponto à apreensão causada pela resiliência da pandemia do novo coronavírus. Os preços internacionais estão com viés de alta, mesmo após um incremento de 30% em apenas 12 meses.

Por outro lado, ainda que a estiagem esteja castigando o estado e preocupando os agricultores, há uma sensação de que não são só as exportações, o valor apreciado das commodities e o câmbio favorável que estão salvando a lavoura. Existe algo menos passageiro para se orgulhar.

DESTAQUE NO MAPA

É consenso no mundo que o Brasil aprendeu os caminhos de como usar a inovação e a tecnologia para se manter nas primeiras posições da produção mundial de alimentos e que Londrina entra com destaque no mapa desta história.

O tema marcou a segunda edição do ciclo de Rodadas de Conteúdo da FOLHA, realizada esta semana no formato híbrido disponível no canal da Folha de Londrina no youtube. O mote do debate foi “A nova geração do agronegócio: o que a pandemia ensina para o futuro do campo”.

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| Foto: Roberto Custódio

O superintendente da FOLHA, Nicolás Mejía, destacou na abertura do evento a vocação da região de Londrina para se consolidar como polo de influência em uma era de grandes transformações na economia rural. Para ele, a união de forças explica o cenário promissor, um arranjo que aproveita a riqueza acadêmica gerada por grandes universidades e institutos de pesquisa, que mobilizam um empresariado atento e disposto a ousar, apoiado por uma sociedade civil atuante e pelo poder público engajado. “Assim é possível obter resultados muito importantes”, celebrou.

A mediação ficou a cargo do empresário e investidor George Hiraiwa, diretor de Inovação da Sociedade Rural do Paraná e coordenador do AgroValley, um ecossistema de inovação formado por entidades, investidores, startups e parceiros que atuam no setor. Outros três painelistas contribuíram para a edição: a diretora de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sibelle de Andrade Silva; o superintendente-geral da Integrada Cooperativa Agroindustrial, Haroldo José Polizel; e o professor doutor Marcelo Giovanetti Canteri, do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina.

“Os ecossistemas não surgem do nada. Leva-se muito tempo para desenvolver uma cultura empreendedora e inovadora. Aqui na nossa região tem uma característica preponderante para termos conquistado tudo isso em apenas algumas gerações, que é a de acreditar em formas coletivas de ação. Gostamos de compartilhar a alegria dos grandes feitos”, comentou o mediador em sua fala inicial.

"A sociedade cada vez mais precisa reconhecer essa inovação no agro", afirmou, por sua vez, Sibelle de Andrade Silva, representante do Mapa, em sua primeira intervenção.

PERCEPÇÃO

De acordo com a gestora federal, a pasta realizou uma pesquisa em parceria com a Embrapa e com a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), para entender a percepção dos entrevistados sobre inovação. As respostas coletadas mostraram que o agro teria menos inovação em comparação com áreas como a Saúde. "É curioso pois, na verdade, há 40 anos nós importávamos alimentos. E hoje produzimos oito vezes o que o Brasil precisa. Alimentamos o equivalente a um Brasil e uma China. E isso só foi possível por meio de tecnologia. Somos o que somos graças à inovação".

O professor Canteri lembrou que o papel das universidades no esforço de inovação é ser a base de transferência do conhecimento científico e tecnológico para o setor produtivo. “Por muito tempo, avaliando este aspecto, acabamos permanecendo numa atitude passiva, mas isso está mudando”, explica. “Hoje temos uma postura pró-ativa nesta integração, provocando os estudantes a estar no mercado, seja por meio de estágios ou outras colocações e por meio da Agência Tecnológica, que tem quatro unidades no campus, entre elas uma incubadora de empresas”, enumera, ressaltando que “cada vez mais” estes dois mundos “estão se aproximando”.

Canteri, um engenheiro agrônomo que também é formado em Ciências da Computação, lembrou que os cursos de graduação das Ciências Agrárias já contam há algum tempo com disciplinas específicas de inovação, tecnologia e empreendedorismo. “Estamos sempre apontando as oportunidades que estão surgindo no mercado e mostrando, como eles, estudantes, podem contribuir com seu conhecimento para modernizar o setor”.

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| Foto: Roberto Custódio

PRODUTIVIDADE

Haroldo Polizel, superintendente da Integrada Cooperativa Agroindustrial, sustentou em sua fala que o trabalho de inovação na cooperativa tem que estar alinhado à produtividade. "Quando comparamos a forma de manejo das culturas de décadas atrás para agora, mudou tudo. Os insumos, a maneira como se aplica, maquinário, espaçamento. Todo esse processo de mudança a cooperativa acompanhou, sendo o elo entre os demais setores envolvidos", comentou Polizel, ressaltando que a Integrada possui hoje 140 agrônomos em seu corpo técnico, responsáveis por levar as informações ao produtor, de maneira a fazerem com que produzam mais. "Com isso, a gente contribui até mesmo com a sustentabilidade", acrescentou.

Londrina vai ganhar antena 5G em agosto

A instalação da antena de telefonia 5G em Londrina está confirmada para o dia 12 de agosto. O equipamento ficará na sede da Embrapa Soja (Zona Norte) e será inaugurado oficialmente em solenidade que vai contar com a presença dos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Londrina será a única cidade da Região Sul e a terceira do País a realizar testes com a tecnologia - a antena já foi instalada em Sorocaba (SP) e Rondonópolis (MT).

“Trabalhamos junto com o governo federal para instalarmos a antena em Londrina o mais rapidamente possível. Sugerimos a sede da Embrapa Soja, porque se trata de uma instituição federal de pesquisa, importantíssima para o País, localizada em uma grande área de terra vermelha com várias empresas do agronegócio instaladas nas proximidades e um aeroporto. E, dessa forma, contemplamos também toda a governança de tecnologia da informação instalada na cidade”, afirma a deputada federal Luísa Canziani (PTB-PR), articuladora do projeto.

A iniciativa faz parte do leilão para operação da tecnologia 5G, que deve ser realizado neste semestre. Assim, o Ministério das Comunicações definiu que 20 municípios poderiam receber o equipamento e, em um acordo com o Ministério da Agricultura, ficou decidido que oito seriam em áreas rurais. Londrina foi incluída porque abriga o primeiro polo tecnológico do agro do País, projeto também articulado pela deputada londrinense. “A antena 5G é resultado de um árduo trabalho que confirma a vocação de Londrina como uma cidade inovadora e preparada para o futuro”, afirma.

O foco do projeto é levar a conectividade no campo e assim contribuir para o aumento da produtividade das lavouras e, consequentemente, o aumento da renda do produtor. O projeto prevê a instalação de uma “fazenda inteligente” no local, o que trará benefícios para os produtores rurais, além de contribuir para os processos de pesquisas e soluções para o agronegócio. Com tecnologia 5G, será possível aprimorar ferramentas e desenvolver softwares para melhorar e ampliar a conectividade nas áreas rurais.

Rua Sergipe Inteligente

Londrina ainda será a única cidade do País a receber testes com a antena 5G em área urbana e rural. Os testes estão previstos para ocorrer dentro do projeto Rua Sergipe Inteligente, também articulado pela deputada Luísa Canziani, e desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações) em parceria com a Prefeitura de Londrina e o Parque Tecnológico Itaipu. A data dos testes e como será a aplicação ainda estão sendo definidos pela equipe técnica da ABDI.

Para Integrada, inovação é sinônimo de produtividade

Superintendente da Integrada Cooperativa Agroindustrial comenta que a empresa busca fortalecer relações com área acadêmica, governo e sociedade civil. Prioridade ainda é transmitir conhecimento em prol da rentabilidade dos agricultores. Período pandêmico acelerou processo de interação digital

Participante do segundo Rodadas de Conteúdo do Grupo Folha de Comunicação, o superintendente da Integrada Cooperativa Agroindustrial, Haroldo Polizel, destacou que a empresa procura fixar um elo com a área acadêmica, os governos e as entidades da sociedade civil organizada.

Com o tema da conversa focando em como a pandemia influenciou na rotina do campo, Polizel indicou que o movimento de frear o contato presencial com o agricultor que comparecia até a cooperativa foi um exemplo indireto da digitalização acelerada no setor.

"O trabalhador tem o hábito de ir até a cooperativa, tomar um café, fazer relacionamento. Esse momento foi impedido pela pandemia, que agilizou o atendimento remoto. É um desafio e oportunidade para nós e aos cooperados", disse o superintendente.

Ele sustentou em sua fala que o trabalho de inovação na cooperativa tem que estar alinhado à produtividade. "Quando comparamos a forma de manejo das culturas de décadas atrás para agora, mudou tudo. Os insumos, a maneira como se aplica, maquinário, espaçamento. Todo esse processo de mudança a cooperativa acompanhou, sendo o elo entre os demais setores envolvidos", comentou Polizel, ressaltando que a Integrada possui hoje 140 engenheiros agrônomos em seu corpo técnico, responsáveis por levar as informações ao produtor, de maneira a fazerem com que produzam mais. "Com isso, a gente contribui até mesmo com a sustentabilidade", acrescentou.

Em paralelo, a Integrada vem atuando internamente, por meio de um trabalho de empreendedorismo para manter a essência que se tornou o DNA da companhia: levar informação ao produtor. "Promovemos eventos incentivando a pesquisa, buscando soluções para o agro e levando isso até o nosso cooperado", resumiu Polizel.

No evento, Haroldo Polizel destacou que a cooperativa é responsável, hoje, por 1% de toda a safra de soja e milho produzidas no país. E que a atuação dos mais de 1,8 mil colaboradores em 70 municípios na sugestão de melhoria nos processos faz com que a empresa busque maior eficiência, com diminuição de custos e mais recursos financeiros ao cooperado. As sugestões não param por aí: a aproximação com a área acadêmica com ideias para linhas de pesquisa também possui o objetivo de contribuir com a produtividade e rentabilidade.

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Para gestora do Mapa, 5G só será revolução se 4G chegar ao campo

Participando de maneira remota do segundo "Rodadas de Conteúdo" do Grupo Folha de Comunicação, Sibelle de Andrade Silva declarou que a pandemia acelerou a digitalização do campo, mas que a falta de conectividade em grande parte dos locais ainda é uma barreira a ser transposta

"O 5G é o futuro do agro. Trará uma revolução". A frase dita pela diretora de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sibelle de Andrade Silva, no segundo Rodadas de Conteúdo, promovido pelo Grupo FOLHA, refletiu o que o setor do agronegócio vem constatando desde o início da pandemia: bons resultados econômicos, mesmo em um cenário ainda marcado pela Covid-19, devido à inserção das tecnologias no dia a dia do produtor no campo. Pandemia esta, nas palavras de Sibelle, que acarretou na aceleração da chamada Agricultura 4.0 - uma das cinco diretrizes de inovação listadas pelo ministério. "Avançamos oito anos em um. O digital vem alavancando inúmeras áreas do conhecimento e no agro não foi diferente", avaliou.

Analisando o outro lado da moeda, a diretora também reconheceu que a pandemia deixou claro a demanda por uma melhor conectividade. "Se avançamos em tecnologias como tratores, sensores e outros equipamentos, falta ainda essa conectividade chegar a todos os espaços. Sem ela (internet), não há conteúdo nem inovação ao produtor", explicou Sibelle, dando números de que hoje, no Brasil, existe uma lacuna de 70% do campo com pouca ou nenhuma conectividade. "Pesquisas também mostram que 98% dos produtores rurais têm celular, 70% deles smartphones. Então a tecnologia eles já possuem. Falta a internet. É preciso vencer esta barreira", completou.

Com a tecnologia do 5G mais próxima de se tornar realidade no Brasil - já que a votação no Tribunal de Contas de União (TCU) para aprovar o edital de leilão foi marcado para 18 de agosto -, Sibelle de Andrade Silva indicou que para que a nova geração da internet concretize a "revolução" assim chamada por ela, é preciso que a geração atual se expanda. "A Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (conexão de objetos com a internet), inovações que serão aprimoradas pelo 5G, terão efeito se o 4G estiver implantado nas áreas mais remotas. Aí sim teremos toda a inovação do agro acelerada com a quinta geração. Se já chegamos no patamar em que estamos com essas dificuldades, imagina onde o Brasil irá se conseguirmos conectar o campo e diminuir as distâncias?", indagou.

É previsto que a instalação da primeira antena 5G em Londrina, em caráter de um projeto-piloto, seja feita no início da próxima semana. O equipamento será implantado na Fazenda Santa Terezinha, sede da Embrapa Soja, onde fica o Polo de Inovação do Agro, criado pelo Ministério. O raio de abrangência da antena será de 5 km, podendo atingir picos de até 10 quilômetros, o que pode abranger a região urbanizada do distrito da Warta. O sinal 5G ficará aberto para quem possuir aparelhos com essa tecnologia.

Além de Londrina, única cidade da Região Sul, participam deste projeto-piloto os municípios de Bebedouro (SP), Brasília (DF), Petrolina (PE), Ponta Porã (MS), Rio Verde (GO), Rondonópolis (MT) e Uberaba (MG).

Outras frentes

Sibelle foi perguntada a respeito das principais diretrizes de inovação por parte do ministério. Além da já citada "Agricultura 4.0", a diretora de Inovação elencou outras quatro: "Inovação Aberta", fomentando o ecossistema do agro com incentivo às startups; "Bioeconomia/Bioinsumos", com incentivos aos produtos de ordem biológica que, segundo ela, vem ganhando espaço no mercado (crescimento de 30% ao ano), contribuindo para sustentabilidade para substituir ou complementar os produtos agroquímicos; "Sustentabilidade", com preocupações em cima do carbono e da água, além de promover a criação de políticas públicas sobre os mesmos; e a "Foodtech", os chamados "alimentos do futuro", para agregar valor nas cadeias alimentares.

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Estudantes já se inserem nas ciências agrárias com olhar digital

Professor da UEL fala da experiência dos futuros profissionais com as startups e revela detalhes do novo Centro de Inteligência Artificial voltado ao setor

A revolução digital move o mundo contemporâneo. Até mesmo as atividades econômicas tão antigas quanto a própria civilização estão se reinventando com o uso intensivo de tecnologia. As novas gerações dos profissionais que estudaram as ciências agrárias já não enxergam uma plantação com os mesmos olhos dos pais e avós, fato que pode alterar toda a estrutura de uma unidade produtiva.

As fazendas estão mudando rapidamente e grande parte da experimentação necessária para que isso aconteça é praticada dentro dos campi universitários. “Os alunos já chegam no curso com um background computacional importante, cientes de que precisam fazer a junção deste conhecimento com o que vão aprender sobre engenharia e agronomia”, explica o professor doutor da UEL, Marcelo Giovanetti Canteri.

As novas ideias já têm um aproveitamento sistêmico, explica o professor. A universidade conta com a Aintec, uma agência de tecnologia que faz a gestão da Intuel, uma incubadora de empresas de base tecnológica. A estrutura ajudou a formar um ecossistema de inovação sólido, uma engrenagem pronta para aproveitar novas peças na corrida pela competitividade. “Quando estas ideias migram para a incubadora, os professores têm a função de promover a tutoria para que elas encontrem um caminho no empreendedorismo”, explica. “O ciclo prossegue com as grandes empresas, que acabam absorvendo estes novos modelos e puxando este conhecimento para o mercado”.

O leque de atuação desta nova geração de empreendedores rurais é amplo, abrange desde o desenvolvimento de novos sistemas computacionais para grandes empresas, a criação de kits inteligentes para a produção de peixes ou o uso de drones que garantem a eficiência do controle biológico das lavouras. “O agro ocupa um espaço muito importante na incubadora”, frisa.

Na academia, já está claro um dos efeitos positivos do período pandêmico, o que também deve tornar ainda mais promissor as iniciativas de incorporação tecnológica no empreendedorismo ligado às Ciências Agrárias. “A necessidade de se digitalizar mexeu com muitas áreas tradicionais. Com a economia rural não foi diferente. Lembro, por exemplo, que o pessoal de uma das startups que está na incubadora se deslocava com frequência para São Paulo para negociar com grandes empresas. E eles descobriram, por absoluta necessidade, que a eficiência dos encontros virtuais é a mesma, com a vantagem de ser praticamente sem custo”.

Canteri acredita que o uso intensivo de tecnologia durante o confinamento vai fazer mais jovens procurarem carreiras nesta área e, como o agronegócio brasileiro é reconhecido internacionalmente por ser avançado e eficiente, deve atrair cada vez mais jovens empreendedores. “Em muitos países, o agro não está no radar das novas gerações. No Brasil, por isso tudo, a situação é bem diferente”, avalia.

Centro de Inteligência Artificial

Quem acompanhou a Rodada de Conteúdo do Grupo Folha também foi contemplado com novas informações sobre a implantação de um novo hub do ecossistema regional de inovação, o Centro de Inteligência Artificial em Agro, uma parceria público-privada. A estrutura reúne a expertise de outras instituições de ensino e pesquisa e conta com apoio financeiro do governo do Estado, através da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná, e de grandes empresas do setor. “Vamos começar com um trabalho em sistemas preditivos relacionados ao combate às doenças da soja, desenvolver um modelo de uso de inteligência artificial e depois replicá-lo em outros projetos”, explicou o professor Canteri, que coordena o projeto, em desenvolvimento desde 2019 e que deve começar a funcionar em 2022.

AgroValley vive ansiedade por mais um passo decisivo, o Hub Cocriagro

Até o início da pandemia, a principal marca da agricultura tecnológica em Londrina era a AgroValley, uma governança orgânica que não é uma pessoa jurídica, mas que cumpre o papel de reunir, debater, articular e mobilizar todas as forças envolvidas no esforço de inovação do setor, congregando universidades, institutos de pesquisa, grandes empresas,investidores e startups.

Nos últimos cinco anos, a Sociedade Rural do Paraná, a líder de sempre deste movimento, começou a pensar em formalizar e estruturar todo este arranjo. Em 2021, este trabalho vai finalmente se concretizar, com a criação do Hub Cocriagro. “O único Pólo Tecnológico de Inovação reconhecido pelo Ministério da Agricultura está nas dependências do Parque de Exposições Ney Braga e o hub vai elevar ainda mais o nível desta sinergia e ampliar os horizontes da inovação em escala regional”, explica o mediador da Rodada de Conteúdo da Folha, George Hiraiwa, um dos maiores especialistas do País em gestão e promoção de empreendimentos inovadores na economia rural.

Segundo um levantamento de 2019, Londrina sedia 32 startups agritechs, a maioria delas com aceitação plena no mercado e com investimentos significativos. “Hub é a cocriação, o compartilhamento, a cooperação e a colaboração”, afirma. A estrutura está em fase de projeto arquitetônico e levantamento de custos e deve ocupar a Casa do Gelbvieh e uma instalação vizinha. “Em algumas semanas, a Sociedade Rural deve apresentar o novo conceito do Ney Braga, que terá as características de um parque tecnológico. O Cocriagro seria uma espécie de âncora de outras estruturas ocupadas por empresas de tecnologia”, adianta. “Uma grande empresa paulista de Inteligência Artificial, que já atua em outras áreas, está disposta a investir no agro. Aí eu brinquei com este empresário e disse: ‘Venha para Londrina. Aqui é uma grande Serra Pelada para uma iniciativa como esta, uma grande jazida, onde você acha uma pepita sem precisar cavar’”, conta Hiraiwa, exemplificando o impacto na geração de renda e emprego que o hub pode gerar para a cidade. “E pretendemos que estes investidores, que podem começar com um time enxuto e com instalações modestas, cresçam e permaneçam dentro do Ney Braga”, afirma.