Convidados interagiram de forma híbrida na primeira edição do evento: convergência sobre como acelerar os ganhos tecnológicos na área de saúde
Convidados interagiram de forma híbrida na primeira edição do evento: convergência sobre como acelerar os ganhos tecnológicos na área de saúde | Foto: Gustavo Carneiro

A realidade pandêmica sacudiu os negócios no setor de saúde. Problemas inesperados surgiram em bloco, do dia para noite, e todos os produtos e serviços que engatinhavam em direção às prateleiras tiveram que aprender a caminhar rapidamente para atender às novas demandas.

Os anos 20 estão reinventando o modo de vida da humanidade, o que exige uma dose extra de intuição e inventividade para sobreviver no mercado.

O nível inédito de dificuldade impõe reflexões e, sobretudo, atitudes e decisões diferentes. Por tudo isso, a integração e a cooperação nunca foram tão importantes para empresas e governos, consumidores e cidadãos.

Esta opinião foi compartilhada pelos especialistas que participaram da primeira edição do Rodadas de Conteúdo, ciclo de debates promovido pelo Grupo Folha e que será realizado mensalmente e cujo mote é a inovação como característica imperativa neste novo tempo.

A primeira live, “Inovação e Tecnologia na Área de Saúde - As Tendências para o Futuro”, já revela o quanto o mundo mudou em um ano e meio. O evento teve o formato híbrido, com o mediador e um convidado interagindo em um estúdio em Londrina, sem plateia, com outros participantes que estavam em Guarapuava e Curitiba. A abertura foi feita pelo superintendente do Grupo Folha, José Nicolás Mejía.

“Antes de mais nada, gostaria de dizer que é muito inspirador ver que a Folha mantém sua característica histórica de ajudar a Londrina a estar na vanguarda das discussões”, ressaltou.

“Em relação ao assunto desta primeira rodada, eu diria que devemos construir soluções de interesse comum. A integração é a maneira mais eficiente para que estas soluções sejam mais efetivas e de maior alcance”, lembrou o mediador da live, Gilberto Martin, ex-secretário estadual e municipal de Saúde e professor do curso de Medicina da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Londrina.

Para ele, uma das integrações mais importantes na saúde é o diálogo permanente entre os gestores de políticas públicas e os desenvolvedores de produtos e serviços que estão na iniciativa privada.

“Por que não atuarmos juntos na detecção de problemas, no estabelecimento de metas, na captação de recursos? Não há problema em se lucrar nas atividades empresariais relacionadas à saúde se estas parcerias também melhorarem o atendimento à população de modo geral”, explica Martin. “Um exemplo: não faz sentido duas clínicas comprarem um equipamento de ponta simultaneamente e ambas oferecerem o serviço ao SUS, se desgastarem em uma competição, se apenas uma delas consegue atender a demanda. Isso não é cooperação. É descontrole”.

"CONHECIMENTO COLETIVO"

Omar Genha Taha, diretor da Unimed Londrina, destacou o diálogo com diferentes frentes de trabalho na mesma área para construir um "conhecimento coletivo". "Cada um dentro de sua expertise trouxe uma contribuição que vai interferir no campo de atuação do outro. A gente falando de gestão em saúde, dos recursos disponíveis para financiar pesquisas, de como a assistência ao usuário vem sendo feita na prática, e como a inovação tem ajudado nisso. O doutor David falou muito bem sobre a parte acadêmica, o Rubens na parte clínica e, claro, o doutor Gilberto do setor público. O conhecimento só pode avançar desta maneira, integrando diversas fontes, sendo criada uma nova vertente nessa área", afirmou o painelista, mencionando os outros dois participantes, Davi Livingstone Alves Figueiredo, pesquisador da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unioeste), em Guarapuava, e o geriatra Rubens de Fraga Júnior, professor da Faculdade Evangélica Mackenzie, de Curitiba.

Taha acredita que, neste momento, os líderes dos setores produtivos devam se unir. "Tudo depende das lideranças. Se eles tiverem o mesmo propósito, essa integração ocorrerá naturalmente. Ela é muito necessária neste momento de pandemia" Taha deu exemplos dessa união com o poder público. “Atuamos em conjunto com a Secretaria de Saúde, por meio do COESP (Comitê Especial de Emergências em Saúde Pública), com a UEL nós realizamos a doação de computadores para desenvolvimento de projetos de telemedicina e EPIs (equipamentos de proteção individual) para os residentes desenvolverem suas atividades. Devemos sempre buscar soluções em conjunto", enfatizou.

PESQUISA CIENTÍFICA

Figueiredo, coordenador do curso de Medicina da Unicentro e supervisor do Projeto Genoma Covid-19, afirmou que a inovação é totalmente necessária para a sobrevivência da área, e que é fundamental uma mudança na mentalidade do pesquisador. "O profissional deve começar a fazer perguntas relevantes, que saiam do papel e virem impacto na sociedade. Impacto não só financeiro, mas sim de qualidade de vida, porque isso trará, posteriormente, benefícios à economia".

Sobre a comentada união de forças, o médico e pesquisador comentou que a humanidade superou outras pandemias e se tornou uma sociedade melhor, com isso, lições devem ser tiradas. "Não é a última pandemia que vamos viver. Devo me perguntar qual é meu propósito. Entendo que meu trabalho deve ser para contribuir em interromper o caos. Se nos conscientizarmos, iremos superar todas essas coisas", finalizou.

O projeto Genoma Covid-19 traduz, em sua estrutura, esta nova mentalidade de enfrentamento dos desafios do setor. Envolve mais de 200 pesquisadores, de 17 instituições de ensino superior - inclusive a Universidade Estadual de Londrina, que estudam o comportamento do novo coronavírus em pacientes com quadros clínicos graves, mantidos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com ventilação pulmonar; em pacientes com quadros clínicos moderados, internados na enfermaria; em pacientes curados sem a necessidade de transferência para a UTI; e em pacientes com quadros clínicos leves ou assintomáticos.

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