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Quando esbanja bons indicadores, como é o caso desta reta final de pandemia, a construção civil e o mercado imobiliário formam uma dupla poderosa, capaz de injetar confiança na economia de Londrina e região. E o inverso também é verdadeiro. Quando outros setores estão fortalecidos, a dupla catalisa todo o fluxo de otimismo: eis um porto seguro para investimentos e para apostas a médio e longo prazo.

Com papéis tão relevantes na economia regional, os setores não poderiam deixar de protagonizar também toda a efervescência do ambiente de inovação e foram tema do terceiro debate do ciclo Rodadas de Conteúdo do Grupo Folha, que mensalmente promove o encontro de líderes e especialistas para discutir as transformações econômicas que marcam nosso tempo.

“A importância destes setores é reconhecida por todos. São pilares do crescimento acelerado de Londrina, tanto que as grandes empresas daqui são referências nacionais. Geram riquezas, empregos, arrecadação de impostos. E por isso é muito oportuna a discussão desta noite”, disse José Nicolás Mejía, o superintendente do Grupo Folha, na abertura do evento digital na última quarta-feira (11) - a íntegra da live está disponível no canal da Folha de Londrina no YouTube.

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Folha de Londrina

Uma frase desafiou mediador e painelistas: Como a Inovação Pode Aumentar a Produtividade e Qualidade na Construção Civil e no Mercado Imobiliário. O coordenador estadual da linha de empresas de Alto Potencial do Sebrae/PR e gestor de vertical da construção civil da Regional Norte do Sebrae/PR, Rubens Fernandes Negrão, ficou responsável pela condução do encontro. Também participaram Leonardo Makoto Yoshii, presidente executivo do Grupo A. Yoshii; o imobiliarista Raul Fulgêncio, da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI); e Gerson Guariente Junior, vice-presidente do Sinduscon Norte PR (Sindicato da Indústria da Construção Civil) e membro da Icon (Governança de Inovação na Construção Civil do Norte do Paraná).

Quem acompanhou o evento entendeu como as transformações ocorrem sob o ponto de vista dos diferentes atores desta grande engrenagem. Como qualquer edificação sólida, as bases deste arranjo precisam suportar o turbilhão de novidades que vem por aí.

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Sinergia, o segredo menos guardado do novo empreendedorismo

De acordo com Rubens Fernandes Negrão, o setor da construção civil vem sendo impactado fortemente pela tecnologia e um dos papéis do Sebrae é justamente aquele de trabalhar a mentalidade do empreendedor para as inovações tecnológicas. “Atuamos no ambiente de negócios e com os modelos que são escalonáveis e com base tecnológica, representados pelas startups”, afirma. Negrão explica que de um lado, o Sebrae trabalha junto às startups, ajudando as empresas a refinarem o próprio modelo de negócios e na criação do produto mínimo viável; de outro lado, atua junto às entidades e instituições no fomento dessas iniciativas, organizando eventos como hackathons, o Startup Village programado para outubro e o Garage, que atua com estudantes do ensino médio e universidades. “O objetivo é criar uma sinergia que gere novos negócios. Uma articulação entre essas pontas”, diz.

O empresário Raul Fulgencio também considera a tecnologia fundamental para o setor. “Hoje é impossível pensar uma imobiliária sem a figura do profissional de T.I.”, afirma. Na opinião do imobiliarista, a tecnologia ainda gera mais transparência e credibilidade às transações e veio para melhorar o sistema, sem substituí-lo. “Como toda ferramenta, tem que ser bem usada. Eu sempre procuro mandar esse recado ao mercado, que a presença do ser humano ainda é indispensável. A tecnologia ajuda a saber o que o cliente quer e as suas exigências. Nos mostra como chegar até ele e nos aproxima. Quem tem a leitura e o sentimento da venda, ainda é o vendedor. A presença do corretor é importante e ele tem que ser criativo, atualizado, demonstrar conhecimento. Os clientes e o mercado exigem isso. O contato humano também é fundamental. Nós, vendedores, também comercializamos credibilidade; somos fundamentais e também precisamos estar atualizados”, acrescenta.

Já Leonardo Yoshii preferiu ressaltar como práticas inovadoras vem mudando o relacionamento com os clientes da construtora, uma gigante que ajudou a transformar a paisagem de Londrina nas últimas cinco décadas. “Agilização dos processos com a robotização é só um exemplo de como a cultura de inovação é fundamental para uma empresa se manter em sintonia com as expectativas dos clientes. Aprimoramos nosso atendimento online, inclusive com a assinatura de contratos. Oferecemos cada vez mais experiências com realidade virtual, além de uma preocupação constante em aumentar o nível de personalização nas práticas de relacionamento”. Na área de gestão de obras, o empresário destacou a transformação que está ocorrendo com a popularização do BIM (Bulding Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção) na indústria de imóveis novos, um simulador digital sofisticado que compatibiliza todos os tipos de projetos contidos em uma obra e que impacta nos níveis de produtividade e qualidade. “O setor que a empresa atua envolve uma gama enorme de elementos, o que traz um potencial de inovação praticamente inesgotável”, lembrou Yoshii.

Gerson Guariente aproveitou a “deixa” e lembrou que uma parceria da comunidade de inovação do segmento com a área técnica da prefeitura está desenvolvendo a implantação da tecnologia do BIM nas rotinas de acompanhamento das obras públicas e das construções particulares, o que deve ser algo comum na esfera governamental em poucos anos. Guariente projeta ainda que as informações que abastecem estes simuladores vão permitir acelerar o uso da internet das coisas depois que os imóveis já estiverem ocupados e que uma infinidade de aplicativos poderão ser desenvolvidos para diferentes tipos de situações e demandas. “Aquele problema de ir furar uma parede para colocar o armário e se deparar com a avaria de uma tubulação vai virar coisa do passado. Um aplicativo vai mostrar como é a parede por dentro”, prevê.

Yoshii lembra que a conexão entre as startups do setor, chamadas de construtechs, e as grandes empresas deve se aprofundar para que o ambiente de inovação se torne mais sustentável. “Esta integração é importante porque quem está no mercado e na competição tem uma visão mais clara sobre as dores do segmento e pode fomentar o panorama da inovação aberta”, afirma o empresário, explicando que as dificuldades e suas respectivas soluções podem se encontrar com mais facilidade numa realidade de relacionamento mais estreita e orgânica.

Inovação em dois núcleos

Ensinamento importante do evento, Yoshii conta que a experiência de uma divisão transversal para a inovação não funcionou conforme o esperado, pelo menos numa empresa de grande porte, com atuação em estados e cidades diferentes.

A empresa que já entregou mais de 2 milhões de metros quadrados de construção em forma de galpões industriais, edifícios residenciais, prédios corporativos, escolas, universidades, teatros e centros esportivos decidiu segmentar o organograma.

“Temos uma área de inovação exclusiva para a área técnica e a engenharia e uma outra, específica, para a área comercial, o desenvolvimento de produtos. Isso porque entendemos que são campos com muito potencial de evolução e que precisam ser pensados separadamente”, explicou. “Quando tudo isso estava numa mesma frente, o foco ficou um pouco disperso e entendemos que era melhor mudar e avançar em duas frentes distintas”.

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Construhub promove diálogos de gerações e mentalidades

Versão virtual já está em operação e antecipa a sinergia que promete acelerar o processo de integração de uma ampla cadeia produtiva

Um ambiente próprio ao diálogo, à troca de experiências e, como o próprio nome diz, às conexões de modelos de negócio. O Construhub já é realidade em Londrina. “São salas que permitem que as pessoas se encontrem, trabalhem, conversem e se relacionem”, explica o vice-presidente do Sinduscon Norte PR, Gerson Guariente. “Fizemos pesquisas em São Paulo, Curitiba e Florianópolis e desenvolvemos a modelagem. Nossa expectativa é observar como estes jovens empreendedores pensam os negócios e ouví-los”, resume. “É muito diferente da situação mais comum, quando um destes jovens bate na porta das empresas para tentar mostrar seu projeto e suas ideias. Provavelmente, os interesses de agenda não vão convergir e o diálogo se torna mais difícil”, compara. “O hub é um espaço pensado para que este contato seja feito da melhor maneira, com interlocutores efetivamente interessados em ouvir”, explica.

Como exemplo, ele lembra que um empreendedor jovem e talentoso pode chegar com uma ótima ideia no hub, mas sem o conhecimento técnico para orientar sua pesquisa e gerar um novo projeto. “Como o Construhub é principalmente uma rede de relacionamento, ele vai conseguir avançar nesta etapa e talvez em todas as seguintes, se houver alguém na rede no sentido contrário, ou seja, sem uma boa ideia mas com recursos e estrutura. E assim um simples esboço pode gerar uma startup em algumas semanas ou uma parceria muita vantajosa para toda a cadeia”, explica, praticamente definindo o conceito de espaço colaborativo.

A pandemia atrasou o funcionamento físico desta central, mas empresas, startups, estudantes, professores, pesquisadores e instituições já estão em pleno contato nas salas virtuais. “Aprendemos a trabalhar assim. Com consultorias e mentorias remotas, com a vantagem da flexibilidade de horários, já que tudo pode ser aberto a qualquer momento. Isso tudo está gerando muita expectativa no setor”.

A previsão é que todo esta movimentação migre para a experiência presencial em outubro, quando o espaço na sede do Sinduscon, localizado na Avenida Maringá, já possa operar sem as amarras das restrições sanitárias.

Guariente informa que muitas pesquisas estão em andamento, com muita gente com vontade de inovar e colocar ideias na mesa, enquanto do outro lado há uma lista enorme de necessidades das empresas. “Londrina é uma usina de ideias voltadas à inovação, não apenas na nossa área. E acredito que também com o início da operação este ano do Tecnocentro, um hub de 3 mil metros quadrados de área de convivência, este ambiente borbulhante vai ter uma grande casa”, destaca. Outras estruturas que estão consolidadas também traduzem esta força, de acordo com Guariente, caso do Laboratório de Inteligência Artificial do Senai e do Instituto Senai de Tecnologia da Informação e Comunicação. “Estamos organizados para ganhar muita velocidade neste processo”, avalia. “E acredito que os parques tecnológicos vão se multiplicar pela cidade”.

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Ramo imobiliário busca ponto de equilíbrio entre o digital e o presencial

O empresário Raul Fulgencio, proprietário da Raul Fulgencio Lopes Negócios Imobiliários e membro da ABMI (Associação Brasileira do Mercado Imobiliário) trouxe para as Rodadas de Conteúdo toda a experiência de quem observa e estuda o mercado imobiliário local e nacional há 49 anos no mercado, hoje na quarta geração de clientes. Para o empresário, a pandemia acelerou processos que já vinham acontecendo e também apontou outras direções para o mercado, deixando expostas as mudanças no comportamento de consumo e também, confirmando que os hábitos “analógicos” na hora de decidir por um imóvel não foram deixados de lado.

Na percepção do empresário, a procura hoje é por ambientes mais próximos à natureza, mais ventilados e com grandes áreas de lazer, tudo para valorizar o sentido da qualidade de vida. Ele conta que a tecnologia é a principal responsável por aproximar os clientes das ofertas já que o primeiro contato se dá via o site da empresa. No entanto, para o mercado londrinense, a visita ao imóvel ou ao apartamento ainda é fundamental, assim como o desempenho do corretor, sempre atualizado e muito bem informado. “Em centros maiores, onde também atuamos, algumas vendas até acontecem online. Em Londrina, felizmente, as pessoas ainda têm tempo para visitarem o imóvel e decidirem a compra de uma maneira mais tradicional”, conta. Mesmo no auge da pandemia, ele revela que apenas 15% dos clientes fecharam compras ou decidiram alugar sem antes ver o imóvel com os próprios olhos.

Graças à tecnologia, o cliente já chega muito bem informado sobre os vários aspectos da compra que pretende fazer e é por isso que os corretores precisam estar muito atentos. “O setor das imobiliárias envolve muita confiança e credibilidade. Muitas vezes, está em jogo a economia de uma vida inteira na compra de um imóvel”, diz Fulgencio. Segundo o empresário, é justamente a credibilidade das imobiliárias que pode interessar às startups. “Há alguns anos parecia que as construtechs iriam revolucionar o mercado a ponto de acabar com o modelo tradicional, mas aconteceu o contrário. As startups perceberam que precisavam se associarem às imobiliárias, usando a credibilidade como um canal para o sucesso. Quando a novidade vem, parece que o velho não serve mais. Nossa função, como imobiliária, é ler o mercado perceber o está acontecendo, descobrir a necessidade do cliente para que as empresas deem a solução. Muitas vezes nos surpreendemos”, revela Fulgencio.

Um bom exemplo, continua o empresário, é o aumento considerável da procura por grandes salas comerciais. “Parecia que o home-office seria pra sempre, mas hoje a procura por salas comerciais já é muito maior que a oferta”, revela. Segundo o empresário, a vontade de voltar para o ambiente corporativo estimula a busca por grandes escritórios que, de certa forma, reproduzam a tendência já apontada para as residências. “O nosso papel é justamente esse: transmitir o desejo dos clientes para quem pode atender suas novas necessidades”, completa.

Sebrae aposta no potencial das construtechs para a inovação

A construção civil é um dos vetores do desenvolvimento econômico em Londrina. Hoje, responde por cerca 16% do PIB do município e emprega mais de dez mil pessoas com carteira assinada e com um importante indicador econômico através do Valor Adicionado Fiscal, usado para calcular o índice de participação municipal no repasse de receita do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR), através de um trabalho de articulação entre os vários personagens, promove eventos e ações para conectar empresas e startups que desenvolvem tecnologia para o mercado imobiliário. A entidade espera promover, cada vez mais, uma transformação digital tracionada pelas inovações no setor e desenvolvimento do ecossistema na construção civil.

Na cidade, são quase cinco mil empresas relacionadas à cadeia do setor. De acordo com Rubens Fernandes Negrão, coordenador estadual da linha de empresas de Alto Potencial do Sebrae/PR, a promoção da transformação digital não acontece de um dia para o outro e pode ser realizada gradativamente. O Sebrae dispõe de ferramentas para ajudar o empreendedor nessa passagem. “Percebemos que os empreendedores do setor da construção civil e mercado imobiliário sentem a queda no faturamento, observam a migração do cliente para outros modelos. O empreendedor tem um papel importante porque é ele o líder da organização. Um discurso com referências à tecnologia e com o exemplo de outras empresas que estão se posicionando de modo diferente ele demonstra à sua equipe que está atento às transformações. Isso já é um começo. Num segundo passo, trabalhamos no planejamento da transformação digital e muitas vezes, o que pode ser convertido é simples: documentos, relacionamento com o cliente e certificações, por exemplo”. A próxima etapa, revela Negrão, envolve o desapego que dá lugar ao novo. “São decisões que promovem o crescimento”, pontua.

Mesmo em um ambiente tecnológico, com várias construtechs despontando no mercado, Negrão ressalta a importância do elemento humano. “Até quando falamos de tecnologia, de inovação, falamos de pessoas, do trabalho de grupo. Importante que as empresas mantenham um canal para receber as novas ideias já que, muitas vezes, a solução está dentro da equipe. Aos poucos tudo isso vai sendo internalizado e a mudança vai acontecendo”, diz. As startups, também conhecidas como solucionadoras de dores do mercado, já aparecem nos canteiros de obras dispostas a resolver problemas relacionados a métodos construtivos, controles de estoque de produtos e materiais, no combate ao desperdício – que no setor pode chegar a 30% e no fluxo de informações em tempo real, como por exemplo nas mudanças do projeto. “As dores do setor são transversais e a tecnologia também tem seus desafios em relação ao consumidor, no fazer aceitar as inovações por parte do mercado com ações de sensibilização para uso de novos materiais, a questão da sustentabilidade entre outros. Impossível identificar uma dor âncora para o setor, elas são muitas. Isso também justifica o crescimento das startups que dobra a cada ano. São muitas as oportunidades de inovação”, revela.

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