De acordo com a psicóloga Maristela Kosinski, casos de pais que forçavam os filhos a usar a mão direita eram comuns antigamente. Mas não só os pais, alguns professores chegavam a amarrar a mão da criança para ela aprender a escrever do ''jeito certo''. Essa mudança forçada pode trazer sérios traumas para a criança. ''Qualquer situação imposta causa um trauma. A criança sente-se impotente, fica com vergonha porque é minoria dentro de uma comunidade, e isso se reflete em seu comportamento'', explica.
Essa determinação interfere na psicomotricidade, ou seja, como o comando neurológico está invertido, a criança não tem firmeza para pinçar a caneta na hora de escrever. ''Ela nunca vai conseguir desenvolver a mesma letra, pode ter problemas de aprendizagem''.
Pesquisas - Quando o assunto é a definição da lateralidade, opiniões e pesquisas ficam divergentes. Neurologistas defendem que a lateralidade se instala progressivamente na criança, ficando consolidada entre os seis e oito anos de idade, com o início da prática da escrita. Por outro lado, pesquisadores apontam a herança genética como explicação. Se os pais da criança forem destros, as chances dela ser canhota são de apenas 5%. Se o pai ou a mãe for canhoto, a possibilidade sobe para 15%, e chega a 30% se ambos forem canhotos.
Algumas pesquisas internacionais diferem sobre vantagens e desvantagens de ser canhoto. Segundo um estudo da Universidade Nacional Australiana, pessoas canhotas pensam mais rápido do que as destras, pois tendem a usar os dois hemisférios do cérebro para tarefas que exigem muita informação, como jogos de computador, dirigir em ruas lotadas ou na prática de esportes.
Por outro lado, um estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine mostrou que o uso preferencial da mão esquerda reduz a espectativa de vida em nove anos. A explicação? Os canhotos são mais desastrados. Dos 987 casos estudados, 7,9% dos canhotos morreram em acidentes, enquanto o índice entre os destros é de apenas 1,5%.
''Homenagem'' - Coincidência ou não, a Left-Handers International (Associação de Canhotos dos Estados Unidos) escolheu, na década de 70, justamente o dia 13 de agosto como o Dia Internacional do Canhoto.
Como se sabe, a crença popular coloca o número 13 como símbolo de coisas ruins, e o mês de agosto como o do ''cachorro louco'', de mau agouro.
A advogada Christine Bressan deixa as estatísticas e crenças de lado e se mostra orgulhosa em fazer parte do time dos canhotos. ''Acho que os canhotos são mais felizes, inteligentes. É por isso que o nosso coração fica do lado esquerdo''.