Se em Antonina a população de descendentes de japoneses se resume a poucas famílias ou a pessoas que, por conta das circunstâncias, pouco conheceram da tradição de seus antepassados orientais, em Paranaguá os nisseis e sanseis são mais numerosos e têm mais acesso à cultura de origem.
  A Associação Cultural e Esportiva Beneficente Nipo-brasileira de Paranaguá conta com 186 famílias associadas. Mas segundo o presidente da entidade, Eurico Koiti Endo, a estimativa é de que vivam no município 400 famílias de descendentes japoneses, cerca de 1,5 mil pessoas, a maior concentração do Litoral.
  São famílias como a da sansei Rosana Makiko Abe, de 36 anos. Como todos os imigrantes japoneses que desembarcaram no Brasil nos primeiros navios vindos do Oriente, o avô materno de Rosana, Kingo Kubota, saiu de seu país aos 19 anos para trabalhar no Brasil por dois anos e voltar rico. Kubota trabalhou na lavoura no interior de São Paulo até a década de 40, passou pelo interior do Paraná e, finalmente, fixou-se em Paranaguá. Até os anos 40, a idéia de retorno entre os imigrantes continuava alimentada pela certeza de que o Japão ganharia a Segunda Guerra Mundial. Com a rendição do país em 1945, o objetivo dos japoneses que aqui estavam passou a ser a fixação no Brasil.
  Como as condições de fazer fortuna no país desconhecido eram diferentes da que esperava, Kubota conseguiu voltar ao Japão apenas aos 56 anos de idade. ‘‘Ele tinha orgulho. Era melhor não voltar do que voltar pobre’’, conta a neta. Como achou que voltaria logo, quando partiu para o Brasil o avô de Rosana não deixou que a mãe dele fosse despedir-se no porto. ‘‘Seria um gasto alto. Quando voltou ao Japão ele foi no túmulo dos pais pedir desculpas por não ter voltado enquanto os pais eram vivos para mostrar que venceu’’, emociona-se a neta. (D.R.)