Como escolher a escola onde a criança vai estudar? Essa é a pergunta que desafia pais e responsáveis quando começa o planejamento para o próximo ano letivo. A decisão tem um peso importante, pois o futuro acadêmico e a formação do aluno passam por essa escolha.

Mas, uma decisão certa vai muito além do senso comum, em que apenas o currículo escolar e o material didático são levados em conta. As escolas precisam oferecer para alunos e para as famílias um conhecimento que ultrapassa as paredes da sala de aula.

Na avaliação da mantenedora do Colégio Interativa, Jane Orsi, a escola tem que ser um lugar seguro, onde a criança possa se sentir parte do ambiente, que ela possa se socializar, ter amigos e contato com famílias que têm o mesmo ideal: uma escola que seja desafiadora para poder entender o que a criança já sabe e o que ela gostaria de saber mais.

"O aluno precisa ser um pesquisador daquilo que ele vai fazer, independente da área de estudo ou trabalho”, afirma Jane Orsi, do Colégio Interativa
"O aluno precisa ser um pesquisador daquilo que ele vai fazer, independente da área de estudo ou trabalho”, afirma Jane Orsi, do Colégio Interativa | Foto: Divulgação/Colégio Interativa

“Os pais e responsáveis têm que pensar que uma escola não pode ser somente um lugar para a criança aprender a ler e a escrever, ter bastante tarefa ou para aprovar o adolescente no vestibular. O que a criança e o adolescente farão com isso depois? Em que momento irão aplicar esse conhecimento? Essas são as perguntas. A escola precisa ir muito além disso”, afirmou a mantenedora.

Ela destaca que para formação profissional esperada pelo atual mercado de trabalho, com ênfase na tecnologia e inovação, o aluno precisa ter cultura e conhecimento, gostar de ler e ter uma escrita criativa. “Hoje, as crianças têm muita energia, são muito exigentes e precisam desenvolver habilidades e competências importantes para lidar com a tecnologia, que atualmente está cada vez mais presente em nossa realidade. O aluno precisa aprender que tecnologia é muito mais do que um entretenimento; precisa pensar em utilizá-la a favor de uma pesquisa, saber trabalhar com inteligência artificial. O aluno precisa ser um pesquisador daquilo que ele vai fazer, independente da área de estudo ou trabalho”, explicou Orsi.

A mantenedora também afirma que é necessário investir para que os professores estejam saudáveis emocionalmente, com conhecimento que vai além do conteúdo de formação, atentos para potencializar o que o aluno já sabe e despertar novos aprendizados sobre os assuntos de interesse do estudante. De acordo com ela, o professor precisa ser engajado e estar preparado para esse novo momento. “É preciso fazer as seguintes perguntas: Quais alunos estão chegando? Como posso ajudar e potencializar esse aluno? Por isso, a escola deve ter um papel muito importante: o de formar esse profissional”, destacou.

“Hoje, a escola precisa fazer sentido para os alunos e familiares. Por isso, é necessário que esse lugar tenha uma proposta que possa ir ao encontro do que pais e responsáveis esperam e acreditam para o filho”, acrescentou.

DECISÃO EM FAMÍLIA

Para a professora na área de Psicologia da Educação na PUC (Pontifícia Universidade Católica) Ana Priscilla Christiano, a família deve visitar os colégios e considerar qual escola possui os valores, princípios e missão que condizem com aquilo que os pais acreditam para facilitar a adaptação do aluno e da própria família.

Mais do que a localidade ou as relações sociais com outros colegas de sala e pais, a professora destaca a necessidade deste alinhamento para decidir sobre matrícula em um novo ambiente escolar. “Precisa ter uma filosofia relacionada com aquilo que a família acredita como valores que sejam ensinados para criança”, frisou.

Ana Priscilla também orientou os pais a conhecerem melhor a proposta pedagógica das escolas antes de matricular os filhos. “Qual é a ideia que a escola tem de educação? Qual a ideia que a escola tem de processo ensino-aprendizagem? Quais as metodologias utilizadas? Quais os materiais que a escola utiliza? Essas são algumas questões que ajudam os pais a terem um panorama sobre a escola”, sugeriu.

A professora ainda ressaltou que o apoio ao estudante é outro ponto que deve ser questionado pelos responsáveis. O suporte vai além do reforço escolar com finalidade apenas na área acadêmica e no desempenho do aluno no boletim bimestral. “É importante oferecer escuta caso o estudante possa apresentar alguma dificuldade. Uma escola com diferentes formas de resolver conflitos e que não preze apenas pelo ensino educacional, mas também por questões emocionais, sociais e de relacionamentos. Que seja suporte para a vida do estudante ao longo do ano”, comentou.

Ela lembrou que os aspectos emocionais dos alunos passaram a ter uma relevância ainda maior após a pandemia do coronavírus, por causa da demanda de alunos com necessidade deste suporte ao retornar para as atividades depois do longo período de isolamento.

“As escolas perceberam que os estudantes voltaram com bastante questões emocionais, tanto na família, quanto pelo tempo que ficaram privados dos contatos sociais. Crianças com dificuldades de se relacionar com outras crianças ou com dificuldades de seguir as regras da escola. Então, ficou claro que não é suficiente oferecer apenas um reforço na aprendizagem, mas também um suporte emocional para as crianças. Por isso, a presença de psicólogos na escola é fundamental.”