Novo ônibus pode cancelar metrô elevado
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 28 de março de 2000
Israel Reinstein
Curitiba pode ficar sem metrô. A proposta da prefeitura que implantaria esse sistema de transporte na BR116 pode não sair do papel. No lugar dela pode ser adotado um sistema de ônibus, que será uma versão melhorada do bi-articulado. O novo ônibus vai ser maior que o biarticulado atual, com motor híbrido movido à eletricidade e diesel.
Desde do fim do ano passado, o novo sistema de transporte vem sendo estudado. Além do projeto urbano, prefeitura está negociando com a Volvo, para que a empresa desenvolva o novo modelo de ônibus. Da mesma forma que se estimulou a criação do biarticulado, agora se pode provocar a empresa para que fabrique um ônibus maior, com motor híbrido diesel e elétrico, afirmou o presidente do Instituto do Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Hayakawa.
Hayakawa disse que a prefeitura não abandonou por completo a proposta do metrô. No entanto, ele próprio admite que há uma grande resistência dentro do Ministério dos Transportes, que pode inviabilizar o projeto. Falta interesse político em aceitar a proposta do transporte de alta densidade, disse. Se isso emperrar o projeto, a prefeitura pode adotar sozinha o sistema de ônibus na BR-116, afirmou.
O desinteresse do governo federal é atribuído, por Hayakawa, à pouca compreensão dos técnicos do ministério sobre os mecanismos do empréstimo japonês. O financiamento oferecido pelos japoneses é um empréstimo ambiental. Para conseguir este dinheiro, a prefeitura prometeu recuperar a área da BR-116 e implantar um sistema de transportes que diminuiria o uso de carro particular e emissão de poluentes, afirmou.
O financiamento de US$ 400 milhões, necessário para implantar o metrô, deve ser pago pelo período de 40 anos, sendo dez de carência. A taxa de juros anual é de 1%. Somente com as tarifas pagas nos primeiros dez anos se poderia pagar a dívida, avaliou Hayakawa.
Essas condições especiais somente são dadas à Curitiba. Se o ministério aceitar o financiamento, outras cidades vão querer as mesmas garantias, afirmou o presidente do Ippuc. No entanto, nem todas as cidades têm condições iguais para implantar um projeto como este, acrescentou.
Hayakawa teme que uma possível aprovação do projeto pelo ministério não saia este ano. O governo federal terá que investir mais R$ 100 milhões em uma única cidade, quantia que representa 10% do orçamento para manuntenção das estradas federais. Para ser viabilizado este ano, o governo federal tem que fazê-lo até junho, em função da lei eleitoral.
Outro agravante nesse processo é que o dinheiro japonês tem um prazo para ser contraído. Os recursos vêm de um fundo ambiental, com valor de US$ 6 bilhões. Esse fundo foi criado em 1998 e deve ser consumido num período de três anos, ou seja, até o fim do ano.
Apesar das dificuldades, Hayakawa entende que o município vá conseguir viabilizar o empréstimo. A implantação de um novo sistema de transporte de alta densidade na BR-116 deve acontecer até o ano 2.003 ou 2.004, na gestão do Cassio, disse, depois de bater na madeira duas vezes.O projeto do metrô japonês que correria em trilho elevado, pode ser substituído por versão de ônibus maior que o biarticulado
ReproduçãoESPERAO projeto do metrô elevado ainda não está descartado, mas há dificuldade na captação de recursos. Ippuc estuda a possibilidade de implantação de um novo tipo de ônibus entre as regiões sul e leste