Nova lei de zoneamento traz qualidade de vida
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 28 de março de 2000
Emerson Cervi
A melhoria na qualidade de vida em Curitiba para as próximas décadas será garantida nova lei de zoneamento e uso de solos, aprovada em dezembro do ano passado e que está sendo regulamentada. O prazo final para a entrada em vigor é dia 4 de abril. Um dos instrumentos que vão garantir a qualidade de vida é o aumento das exigências mínimas de recuos laterais para as novas construções. Com isso, diminuirão os espaços ocupados pelos prédios comerciais e residenciais e haverá um aumento dos espaços livres, áreas verdes e de recreação entre as casas e apartamentos.
Diminuir a selva de pedra que marca as cidades metropolitanas brasileiras é o objetivo da nova legislação de uso de solos de Curitiba. Apesar de ser melhor do que a existente, especialistas dizem que os avanços poderiam ser maiores ainda. O professor de conforto ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aloisio Leoni Schmid, define a nova legislação como um avanço conservador. Ele fez um estudo sobre os atuais recuos e o que seria ideal para garantir insolação e circulação de ar para todos os moradores desses prédios.
Atualmente, em média, os recuos laterais mínimos exigidos nas construções são de um nono da altura dos prédios (H/9). Isso significa que um prédio de dez andares, com 30 metros, terá que preservar menos de 3 metros de espaço da divisa do terreno. Como os índices variam de acordo com a região da cidade, em alguns pontos, como nas vias estruturais, onde os prédios são mais altos, os recuos são de dois metros, independente da altura da construção.
Com a nova lei, os recuos laterias mínimos passam a ser de H/6, um sexto da altura, independente do local da construção. Assim, aquele mesmo prédio de dez andares terá que respeitar um afastamento mínimo de cinco metros em cada lado da construção. O índice de um sexto é melhor que o atual, mas trata-se de um avanço tímido, dizia o professor.
Os maiores problemas causados pelo adensamento excessivo são sentidos pelos moradores de apartamentos dos primeiros baixos, em especial nos prédios localizados em ruas com sentido sul, sudeste ou sudoeste. Nesses casos, a insolação natural já é naturalmente menor.
Apesar das críticas, o curitibano do ano 2000 terá mais luz solar que o das últimas décadas do século XX. Nos últimos 50 anos, houve um crescimento populacional significativo, chegando mais de 6% ao ano na década de 70.
