Muita articulação política e social, muitas “bolas na trave”, muito barro amassado e dias de falta de energia elétrica e muita dedicação de quem vive pela educação compõem os 15 anos de história do câmpus Londrina da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná).

Em seu livro “Do sonho à realidade, os 10 anos do câmpus Londrina da UTFPR”, publicado em 2017, o ex-deputado federal Alex Canziani celebrou o progresso da universidade em sua primeira década de funcionamento, detalhando como foi a instalação da UTFPR em Londrina e os planos futuros para o desenvolvimento de uma educação voltada ao mercado de trabalho.

“A geração que começou aqui em 2007 batalhou muito para o campus chegar ao que é hoje. Cada um deu sua contribuição. No início de tudo, éramos eu e o Adilson”, lembra o professor Marcos Massaki Imamura, que foi o primeiro diretor-geral do campus Londrina, antes mesmo do funcionamento oficial.

“Em janeiro de 2007, foram incorporados mais quatro professores encarregados de cuidar da área de ensino e preparar para o primeiro vestibular. Quando foi dado o pontapé inicial e dissemos ‘é aqui que começa a universidade’, quem estava lá éramos nós seis”, conta o professor, em depoimento ao livro de Alex Canziani sobre os dez anos da UTFPR Londrina.

Imamura recorda que a instalação da universidade se deu em fevereiro de 2009, mas o asfalto só chegou em maio de 2010. Tempos depois, veio a iluminação pública. “Era o pioneirismo revivido na Estrada dos Pioneiros”, compara. “Os professores chegavam aqui literalmente amassando barro.” O professor destaca que Londrina quase perdeu sua universidade tecnológica: desde um projeto em parceria com o Japão, que financiaria parte da obra como parte das comemorações ao centenário da imigração japonesa no Brasil, que não aconteceu, até uma greve de servidores municipais que atrasou a doação do terreno pela Prefeitura. “Em 2005, o CEFET acabou transformado em UTFPR e foi aí que o prefeito de Cornélio Procópio viu seu campus da UTFPR transformar-se em ‘padrinho’ da estrutura que seria montada em Londrina, uma forma de descentralizar e agilizar o andamento do processo”, conta Imamura, que atuava no campus de Cornélio e foi chamado para a missão londrinense.

Adilson Aparecido Caetano da Silva foi o primeiro técnico-administrativo do campus Londrina. Ele conta que quando visitou o terreno onde seria construída a universidade, ao lado do professor Marcos Imamura, “a área, tinha 22 pés de eucalipto e plantações de café e soja”. “A construção começou pelo Bloco A e era realizada através do campus de Cornélio Procópio da UTFPR, que cuidava dos pagamentos e atuava como ‘padrinho’ do novo campus londrinense.

”E os próximos 15 anos?

E como será a região do campus em 2037? A pergunta hoje é uma provocação para o mesmo Marcos Massaki Imamura, atual diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da unidade. O exercício de futurologia desafiaria os mais experimentados especialistas em mercado imobiliário ou o mais estudioso dos urbanistas. “É difícil prever. Porque se eu fosse tentar fazer isso quando nos instalamos aqui, talvez eu não esperasse tanto 15 anos depois”. Mas arrisca: “Além de projetos residenciais grandes, abertos e fechados, avenidas amplas e investimentos em shopping e outras grandes lojas, temos uma ligação com a BR 369 duplicada, o que pode acelerar a conurbação com Ibiporã”.

A lógica é simples. “Antes, onde era o campus, era uma plantação de soja. Onde hoje é plantação de soja, pode estar tomado por outros projetos habitacionais e por um parque industrial num futuro próximo. É possível”. Além do Arco Leste, a prometida ligação pavimentada entre a Estrada dos Pioneiros e a cidade de Ibiporã pode abrir um novo corredor de desenvolvimento.

O campus também pode crescer, dependendo do apetite do governo federal pelo prato da educação tecnológica profissionalizante nos próximos anos. Imamura diz que novos cursos de Engenharia estão no radar da unidade e que o pleito por eles deve surgir dos próprios gestores ou estimulados pela comunidade. Outro objetivo é a verticalização da paleta de opções de cursos, com mais especializações e mestrados. “Acredito que poderemos dobrar o tamanho da universidade em Londrina neste período”.

Nos corredores da UTFPR também há um outro desejo: que a vitalidade econômica da região evite que os profissionais formados em nível de excelência acabem migrando para outras regiões do País.