Ninguém duvida do papel importante que as merendeiras das escolas têm no processo de incentivo das crianças e adolescentes para adotarem hábitos alimentares saudáveis e, por isso, capacitar essas profissionais deve estar na agenda dos gestores da área de educação.

No Paraná, o governo estadual adotou o projeto Cozinha Itinerante, que em dezembro do ano passado chegou ao Colégio Estadual Leôncio Correia, no bairro Bacacheri, em Curitiba.

O curso foi ministrado pela chef Adriana Saldanha e contou com uma grade de workshops. O evento foi promovido pelo Instituto Mpumalanga com o apoio da Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) e da Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional).

Andrea Bruginski, nutricionista e organizadora do evento pela Fundepar, afirma que a promoção de ações como essa coloca em evidência a importância da merendeira enquanto agente fundamental das escolas, uma vez que elas atuam na promoção direta da alimentação saudável e também na transformação da refeição num momento fundamental do aprendizado.

“Essa capacitação veio num formato diferente, fora de sala de aula. A vivência permitiu às merendeiras que se sentissem pertencentes ao processo educacional por meio da gastronomia", ressalta a nutricionista. “Tal preparação representa um dos primeiros passos rumo ao cumprimento da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável/ONU, para segurança alimentar e boa nutrição”

NOVAS TÉCNICAS

As aulas do curso englobaram a capacitação para múltiplas atividades culinárias, como cortes da alta gastronomia; uso dos ingredientes culinários em todo seu potencial; valorização dos ingredientes regionais brasileiros e dos modos de fazer característicos da cultura local; receitas com ingredientes locais; fomento da produção e da cultura da região; cozinha de afeto; gestão de resíduos; empreendedorismo e culinária como geração de renda.

“O 'Cozinha Itinerante' visa contribuir para o desenvolvimento de propostas alimentares que incentivem a alimentação saudável”, afirma Adriana Saldanha, que também é diretora do Instituto Mpumalanga. “Acreditamos na importância de trazer diferentes tipos de alimentos, ingredientes e modos de fazer para o centro da educação nas escolas públicas”.

Entre os destaques do curso está a valorização da gastronomia étnica indígena, que trouxe às participantes novas receitas e perspectivas de preparo de refeições compostas por ingredientes típicos do solo brasileiro. A chef Kalymaracaya Nogueira, do povo Terena, foi uma das convidadas ao workshop. “Para trocar experiências sobre a culinária, trouxemos ingredientes colhidos no território Terena, do Mato Grosso do Sul, e destacamos a cozinha indígena como traço marcante da culinária brasileira na alta gastronomia”, ressalta.