Ao meio-dia, o jornal começa a ganhar certa forma. Depois das 14 horas, o movimento se intensifica em todos as ilhas da Redação. É a caminhada rumo ao fechamento (conclusão) da edição de cada dia.
O editor de fotografia Milton Dória pensa nas fotos que poderão estar na capa. Uma delas foi feita ao meio-dia: é a imagem das crianças da APAE, nas edição que circula em Londrina. Outra foi feita de manhã: é do governador Lerner, nas edições que vão para Curitiba e interior do Estado. ‘‘Aqui tenho que administrar material, trabalhar em sintonia com os editores e ainda trocar idéias com os repórteres-fotográficos’’, diz Dória.
César AugustoFlávio: paginação eletrônica na Pré-ImpressãoNo final de tudo, uma certeza: ‘‘Jornalismo é trabalho de equipe. Sem isso, não existe um bom resultado.’’ Ele sentiu essa realidade nas suas mais emocionantes coberturas, como no assalto ao Banestado de Londrina, em 1987. Para Dória, o grande modelo de jornalista foi Edson Vicente, o ‘‘Jer꒒, com quem trabalhou na Editoria Local de Londrina. ‘‘Ele sabia o que queria de cada jornalista e exigia um trabalho sério de todos’’, afirma o editor de fotografia. Jerê, que morreu em 1995, também é citado por Rosane Barros, chefe de reportagem da Folha 2. ‘‘Ele me ensinou a ter confiança no trabalho, a ter coragem de divulgar a notícia’’, conta Rosane.
César AugustoDonizete comanda a fotolitagem da ediçãoSão 15 horas. Telefones, televisões, computadores, jornalistas - tudo e todos estão ligados, acesos, atentos, apressados. O boy Fábio Augusto de Oliveira, 17 anos, traz as garrafas de café e chá quentes para a Redação. Logo mais, ouvirá do diagramador Roberto Lisboa a frase típica, proferida em voz empostada, depois de desenhar mais uma página para o jornal de amanhã:
- Tirar xeróquessss!
Fábio de Oliveira cursa o 3º ano colegial pela manhã. Trabalha no jornal à tarde e à noite, até o fechamento da última página (que, geralmente, é a capa do jornal). Ele trabalha em parceria com Flávio Cantieri dos Santos. Diz-se que os boys - ou contínuos - são os últimos que falam e os primeiros que sofrem numa Redação. Não é bem assim. Tanto que Fábio, há um ano e meio na função, tomou gosto pelo ambiente: ‘‘Vou prestar vestibular para jornalismo, e espero um dia trabalhar como repórter aqui mesmo, na Folha’’. Ele até já escolheu uma editoria preferida: esporte.Mário CésarOs boys da Redação, Fábio Augusto e Flávio
Na Regional de Curitiba, como sempre fez em seus 47 anos de jornalismo, o colunista Luiz Geraldo Mazza chega para apurar informações, sugerir matérias para os colegas e ainda fazer galanteios às moças. Na Redação de Londrina, Estelio Feldman, 38 anos anos ininterruptos de Folha, ostenta um recorde: garante que escreveu mais de 10 mil editoriais durante a vida. São 55 linhas e 20 minutos por dia para refletir a opinião do jornal. ‘‘Quando sento para escrever um editorial, ele já está pronto na minha cabeça’’, explica. Ele pensa no editorial em vários momentos: em casa, diante da TV, na rua, no jogo de xadrez. Estelio também tem outras duas funções no jornal: é editor de noticiário internacional e assina a coluna Praça Londrina, que circula apenas na cidade. ‘‘A coluna é uma forma de contato mais próximo com o leitor, e por isso é a atividade mais gratificante’’, afirma.
Numa das ilhas da Redação, está vazia a cadeira do jornalista Carlos da Silva, 66 anos, e quase 40 na Folha. Ele se recupera em casa de uma cirurgia para colocação de marcapasso, feita na semana passada. Animado com a perspectiva de uma qualidade de vida melhor, o responsável pela seção O Leitor Escreve descansa e conta os dias para voltar ao trabalho. Pouco antes da cirurgia, já no hospital, Carlos da Silva encontrou tempo e disposição para fazer piadas e falar de sua crônica na Folha 2, que seria publicada no dia seguinte. Perguntou se estava tudo certo com o texto...Dorico da SilvaJota Oliveira: melhor é trabalhar cedinho
São 17h30. Lúcio Horta já entregou sua matéria sobre a APAE para as editoras de Londrina, Luka Morais e Raquel de Carvalho.
Um vendaval de informações ocorre durante a tarde na Redação. O ilustrador Ivo Akio vasculha sua reserva de humor e apronta a charge da página 2. Em Curitiba, o repórter Leandro Donatti trabalha em cima dos textos sobre os cortes de verbas estaduais, tentando dar forma racional à lista de medidas. Na editoria de esporte, Rogério Fischer morde a caneta e pensa no visual do caderno, no Mundial de Vôlei Feminino e até em Eurico Miranda. Aurélio Albano e Ruth Meira, editores de economia, mergulham nos fluxos cambiais e nas prometidas ajudas do FMI. A secretária da Redação, Marta Calixto, ouve e encaminha os pedidos e lamentações dos jornalistas (sua sala é intitulada ‘‘xoródromo’’, assim mesmo, com xis).



CPDJosoé de CarvalhoCidadeLuka e Raquel (ao fundo) comandam a Editoria LocalPaulo Briguet