Arquivo FolhaO prefeito Antonio Belinati: votos em todas as cidades onde as transmissões de rádio chegavam Durante uma década, Londrina comandou a política do Paraná. Em 83 o ex-prefeito José Richa sucedeu, no Palácio Iguaçu, o pé vermelho José Hosken de Novaes, que assumira o governo com a morte de Parigot de Souza. Richa, por sua vez, fez seu sucessor o ex-governador Álvaro Dias, que comandou os destinos do Estado até 1990. Neste período, lembra o ex-prefeito Wilson Moreira, as diferenças políticas entre Londrina e Curitiba amenizaram um pouco.
A chegada dos pés vermelhos ao poder, na verdade, foi reflexo da efervescência política que se apresentava na cidade no final da década de 60 e, principalmente, nos anos 70, aliados ao poder do rádio e da televisão. Foi neste período que surgiram diversas lideranças, principalmente no movimento estudantil, entre elas o ex-governador Álvaro Dias, o ex-prefeito Luiz Eduardo Cheida, os ex-deputados Hélio Duque, Osvaldo Macedo, a vereadora Elza Correia, o ex-vereador Geneci Guimarães, todos eles agrupados dentro do MDB.
Arquivo FolhaO ex-prefeito Wilson Moreira: diferenças políticas com Curitiba amenizadas na época dos pés vermelhos
Manoel Jacinto Correia, já falecido, pai da vereadora Elza Correia, dizia que o MDB ‘‘abrigava ovos de todos os pássaros no mesmo ninho’’ devido ao grande número de pessoas de tantas tendências políticas diferentes mas que tinham como ponto de união a luta pelo fim do regime militar e o restabelecimento da democracia. ‘‘Era um foco de resistência que criou uma importante safra de políticos que militam até hoje’’, diz Elza Correia.
Para se ter uma idéia da força política de Londrina, só o PMDB elegeu três deputados federais que participaram da constituinte de 88 - José Tavares, Osvaldo Macedo e Hélio Duque. Na época o governador era Álvaro Dias e José Richa, senador.
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Trio parada duraJosé Tavares, Osvaldo Macedo e Hélio Duque, deputados constituintes: força política na década de 80

No início dos anos 90, o poder político da cidade dava mostras de que já não era o mesmo. O prefeito Antonio Belinati tem uma tese, também defendida pelo ex-prefeito Wilson Moreira, de que o aumento do número de emissoras de rádio e TV por todo o Paraná tem uma certa parcela de responsabilidade nisso. ‘‘Quando eu iniciei minha carreira política era radialista, trabalhava na Rádio Londrina, que era ouvida em praticamente todos os lugares do Paraná. Havia poucas rádios e, quando as urnas eram abertas, tínhamos votos de eleitores que moravam nas cidades mais distantes e nos ouviam’’, afirma Belinati.
O próprio Álvaro Dias, que também tinha programa de rádio, foi eleito deputado com mais de 150 mil votos. Hoje isso é muito difícil: com tantas emissoras de rádio e TV espalhadas pelo Estado, praticamente foi implantado o voto distrital; a área de abrangência das emissoras ficou muito restrita. ‘‘O político de uma cidade nem sempre é conhecido a cem quilômetros de onde mora’’, reforça Belinati.
Na Câmara Federal, Londrina ainda consegue manter um número razoável de deputados. Elegeu cinco no último pleito: Luiz Carlos Hauly (PSDB), José Janene (PPB), Homero Oguido (PMDB, falecido), Paulo Bernardo (PT) e Nedson Micheletti (PT). Na esfera estadual, porém, Londrina perdeu muito espaço nos últimos anos. A vice-governadora Emília Belinati é da cidade mas, além dela, no primeiro escalão do governo, há apenas Manoel Garcia Cid, que é presidente do Banestado. Na Assembléia Legislativa o número é ínfimo: apenas José Tavares (PTB) e Luiz Carlos Alborghetti (PFL).