A interminável quarentena de 2020 não foi um fenômeno exclusivamente negativo no mundo dos negócios. Muitas portas se fecharam, é verdade, outras, entretanto, se abriram. Algumas tão próximas que basta sair do apartamento e pegar um elevador para alcançá-las.

Home markets, as lojas de conveniências localizadas na parte de baixo dos prédios
Home markets, as lojas de conveniências localizadas na parte de baixo dos prédios | Foto: Divulgação

Os home markets se multiplicaram pelo Brasil este ano, um modelo de varejo caracterizado por uma proximidade inédita com o cliente.

Em Londrina já não é tão dificil encontrar conveniências na parte baixa dos prédios residenciais. A primeira geração destas simpáticas lojinhas sem funcionários, onde você pode comprar, sem dizer uma palavra, desde produtos frescos para o café da manhã até uma cerveja gelada depois de um expediente extenuante no home office, foi se instalando em espaços ociosos próximos à portaria ou até na garagem.

Agora, o home market está ganhando outro status, com sinais de que veio para ficar na nova ou na velha normalidade. De olho na tendência, as construtoras incluíram a comodidade como item de série dos seus lançamentos.

“É uma tendência ter um espaço como esse em novos empreendimentos, pela exigência de cada vez mais comodidade ao dia-a-dia. Porém, sempre definimos os ambientes dos empreendimentos de acordo com o perfil de público a que destina”, afirma o gerente regional da Plaenge, Rodolfo Sugeta.

A construtora londrinense adotou a inovação no seu novo empreendimento, o Hause. A conveniência terá um espaço climatizado e preparado para receber refrigerados, mercearia, higiene pessoal, limpeza e outros produtos. O leque de mercadorias que estarão nas prateleiras poderão ser escolhidas e refinadas diretamente com a empresa escolhida para operar o ponto de venda, de acordo com o perfil dos moradores. “O condomínio poderá propor o horário de funcionamento do espaço, que pode funcionar 24 horas por dia”, explica Sugeta.

Para garantir o bom funcionamento do home market, ao entregar o empreendimento, a Plaenge indicará opções de empresas com know how para administrar a operação. A decisão final será dos condôminos, que poderão escolher a empresa com o melhor perfil para seu estilo de vida.

 Roberta Nunes Mansano: "Hoje os empreendimentos precisam ser pensados como lugares de descompressão"
Roberta Nunes Mansano: "Hoje os empreendimentos precisam ser pensados como lugares de descompressão" | Foto: Gabriel Teixeira/Divulgação

"Hoje os empreendimentos precisam ser pensados como lugares de descompressão", justifica a diretora-executiva da Vectra Construtora, Roberta Nunes Mansano, referindo-se ao home market do Odyssey, lançamento residencial que também incorporou a ideia desde a concepção do projeto. "Nosso propósito é devolver tempo ao cliente".

No novo edifício, tudo foi pensado para um estilo de vida mais simplificado a partir de novas tecnologias, com a previsão de carros compartilhados e patinetes à disposição dos moradores. "A gente define tudo isso como a uberização das coisas".

Com a ajuda de um parceiro, a startup londrinense Carrinho Cheio, voltada ao delivery, o home market do Odyssey foi desenvolvido como um ponto de venda automatizado, acessado através de um aplicativo que faz a mediação da compra e que oferece produtos a partir do perfil de consumo dos usuários. A executiva da Vectra completa sua lista de vantagens com um outro aspecto que pode surgir com o amadurecimento deste tipo de varejo na cidade. "Embora o foco não seja este, é possível que no futuro um negócio assim seja uma fonte de renda para o condomínio, com a eventual disputa pela locação do espaço ", lembra Roberta.

Luiza Pires, diretora de Marketing da Quadra Construtora, afirma que há uma demanda muito grande pela instalação de markets em condomínios residenciais já ocupados e que a inclusão da novidade nos lançamentos e projetos surgiu naturalmente. "Desde antes da pandemia, a gente notou um comportamento mais caseiro dos clientes, o que exige inovações que contemplem a comodidade".

O primeiro lançamento da construtora com o espaço previamente formatado está previsto para o ano que vem, em um empreendimento de alto padrão. "Oferecemos a infraestrutura e os condomínios vão definir o modelo de operação e o prestador de serviço", informa.

"A gente acredita que a comodidade do market substitui aquele hábito antigo, quase desaparecido, de bater na porta do vizinho e pedir alguma coisa que está faltando em casa e que está na receita", compara Luiza. "Agora é só descer no térreo que o problema está resolvido".