Uma pesquisa realizada pelo Sebrae-PR apontou que 70% das construções, em Curitiba e Região Metropolitana, são feitas diretamente com o pedreiro ou mestre de obras sem nenhuma participação de profissionais como engenheiros civis ou arquitetos. Nas reformas, o índice é de 83%. É pequeno o número de pessoas que buscam a orientação de arquiteto e engenheiro (4%) ou de construtora (5,5%).
O levantamento levou em conta 405 entrevistados em lojas de materiais de construção que estão reformando ou construindo imóvel, além de compradores recentes de imóveis prontos. A pesquisa aconteceu nos meses de setembro e outubro do ano passado e envolve entrevistados de 60 bairros de Curitiba e Região Metropolitana. Também participaram do levantamento os municípios de São José dos Pinhais, Colombo e Pinhais.
A pesquisa mostrou ainda a baixa atuação das construtoras, que atingem apenas 17% do mercado. ''Isso confirma a falta de posicionamento do setor'', disse o gestor de projetos de construção civil e consultor do Sebrae, Edvaldo Pires Corrêa. No entanto, de cada três pessoas que consultam uma construtora, uma fecha negócio.
Ele disse que o alto índice de informalidade no setor ''assustou''. ''Sabíamos que o percentual era alto mas não que era nesse patamar'', afirmou. Por este motivo, ele acredita que há um mercado gigantesco para as construtoras se posicionarem, principalmente as menores, que têm maior flexibilidade por serem menos burocráticas. ''Nas construtoras menores, o dono da empresa se envolve diretamente no trabalho de construção ou reforma. Ele acompanha a obra junto com o proprietário'', disse.
Corrêa lembrou que o consumidor que não contrata o serviço de um engenheiro ou arquiteto corre vários riscos. Um deles é ter problemas sérios com a fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), com o Ministério do Trabalho e o INSS. ''Se houver morte ou acidente que inutilize o trabalhador, o dono do imóvel será responsabilizado'', alertou. Os funcionários da obra também devem ser todos registrados para não ocorrerem problemas com o Ministério do Trabalho.
Ele lembrou ainda que o profissional que não é habilitado não consegue determinar a quantidade exata de materiais por falta de conhecimento técnico. Também não realiza inovações para reduzir o custo das obras. A construtora é obrigada a assinar contrato que prevê multa por descumprimento de cláusulas. Corrêa destacou ainda que o Código Civil permite que o consumidor possa reclamar defeitos estruturais e vícios construtivos em um período de cinco anos. Ele ressaltou que uma empresa formal investe em qualificação de mão-de-obra e em segurança do trabalho com o uso de capacetes e óculos, organiza o canteiro de obras e gerencia os entulhos da construção.