A miséria e a fome que enfrentou com sua família na Alemanha, durante a Segunda Guerra, motivou Herbert Bartz a  produzir alimentos de qualidade
A miséria e a fome que enfrentou com sua família na Alemanha, durante a Segunda Guerra, motivou Herbert Bartz a produzir alimentos de qualidade | Foto: Sergio Ranalli



Ele revolucionou a agricultura brasileira ao pesquisar e implantar no Brasil a técnica do Plantio Direto. Herbert Bartz, de 81 anos, ficou conhecido pelo pioneirismo em plantar sem arar e gradear a terra, deixando o solo protegido e menos suscetível à erosão. Esta é a parte da história que todos conhecem.

Mas a vida do agricultor tem muitos outros capítulos interessantes. E, a pedido da família, o jornalista Wilhan Santin reuniu todos eles na biografia "O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz", que será lançada nesta terça-feira (10), durante a ExpoLondrina 2018, a partir das 19h30, no Centro de Treinamento Milton Alcover.

Por telefone, Bartz contou que preferia que o livro fosse escrito e publicado após a sua morte, porém, os filhos insistiram que seria importante que ele próprio desse o testemunho dos fatos que vivenciou. "Fiquei admirado com o trabalho e me surpreendi com a habilidade que o Wilhan demonstrou em contar a minha história", elogiou.

O livro relata, entre outros fatos, como o agricultor sobreviveu à noite de 13 de fevereiro de 1945, quando ainda era criança e vivia com a família em Dresden, na Alemanha. A Segunda Guerra Mundial estava em curso e um imenso ataque aéreo com bombas incendiárias, comandado por forças britânicas, arrasou a cidade fazendo várias vítimas.

Bartz, que é nascido no Brasil, lembrou que um dos períodos mais difíceis de sua vida foi quando migrou com os pais para a Alemanha e viveu dias terríveis, de fome e miséria. "Vimos o privilégio que é viver no Brasil", relatou. Todo esse contexto histórico que o levou à implantação do sistema do Plantio Direto no País está presente no livro.

Imagem ilustrativa da imagem Herbert Bartz: 'O Brasil possível'
| Foto: Reprodução



O agricultor lembra que, quando adotou o sistema, não imaginava o quanto contribuiria para a conservação da água e do solo. Segundo ele, o lençol freático do Aquífero Guarani estava em fase de diminuição e graças ao Plantio Direto, foi cuidado e preservado. "O solo e a água são os recursos mais importantes da humanidade", ressaltou.

O jornalista Wilhan Santin, autor da biografia, conta que conheceu Herbert Bartz durante uma reportagem que realizou para a Folha de Londrina. "Fomos estreitando os laços até que a filha dele me convidou para escrever o livro", diz. Segundo Santin, a maioria das pessoas do agronegócio o conhece pelo pioneirismo no Plantio Direto, porém, poucos sabem o resto da história de vida do agricultor.

Para Santin, o fato de ter passado fome e sobrevivido à guerra ajuda a entender a vontade de Bartz em produzir alimentos de qualidade. A vida do biografado se confunde com a história da agricultura brasileira que, até a década de 1970, era pouco tecnificada. "O Plantio Direto contribuiu para a evolução da agricultura brasileira, que com os vários institutos de pesquisa e passou a prosperar."

Para Santin, autor de outros três livros, escrever a biografia de Bartz representou uma oportunidade de registrar um capítulo da história da agricultura do Brasil. Foram 15 meses de trabalho, 20 entrevistas com o biografado e mais 27 com outras fontes, além das pesquisas. "A Folha de Londrina foi uma grande fonte de pesquisa", afirma.

Após o cerimonial, o livro, de 240 páginas, será vendido e autografado por Bartz e Santin aos convidados. A primeira tiragem tem 1 mil exemplares e cada um custa R$ 50. O lançamento deve contar com a presença de grandes nomes do agronegócio brasileiro.