A gigante de 12 mil cooperados, que faturou R$ 8,2 bilhões em 2022, ainda tem agilidade para se movimentar. A jovem Integrada Cooperativa Agroindustrial, de 28 anos, também é inquieta o suficiente para não se acomodar com sua história de sucesso fundamentada no tradicional trinômio soja-milho-trigo. Agora quer expandir sua base na citricultura e colocar o Norte do Paraná como novo polo da produção de cevada para a indústria cervejeira.

De acordo com o superintendente comercial da cooperativa sediada em Londrina, João Bosco de Souza Azevedo, um dos painelistas da 19ª edição do Encontros Folha, a empresa promoverá no próximo dia 23, um dia de campo para apresentar ao mercado mais um resultado das suas ambições de inovar e crescer.

Em parceria com outro grande player do cooperativismo no Estado, a Agrária Agroindustrial, com sede em Guarapuava, a empresa londrinense está comemorando os bons resultados de uma pequena amostra do que pode vir a ser uma opção excelente opção de cultura de inverno nas terras altas do Norte do Estado.

A cevada para a indústria cervejeira, cultura de alto valor agregado e que costuma agradar os produtores por sua remuneração diferenciada, já está prosperando em 300 alqueires no município de Mauá da Serra. Por enquanto, a iniciativa estimulada pela cooperativa envolve uma dúzia de pequenos produtores, mas há claros sinais de viabilidade para a expansão nas próximas safras. A ideia é comercializar a produção com a Agrária, que detém o know-how da cultura há décadas.

“Os pequenos produtores juntos têm muita força e o Paraná demonstra isso sendo o segundo maior produtor de grãos do País. A cooperativa leva ideias, tecnologias às propriedades e isso se traduz nos altos níveis de produtividade que temos”, avalia o Souza Azevedo, engenheiro agrônomo de formação que milita no cooperativismo há 34 anos.

Outra novidade que traz bastante entusiasmo ao gestor é a possibilidade de expandir o polo de citricultura de Uraí, na região de Cornélio Procópio. Azevedo lembra que a região tem uma vocação antiga para a fruticultura e que a cooperativa trabalha para ampliar a área de pomares de laranja nos próximos anos. O suco produzido em Uraí já chega em 45 países, mas há um enorme potencial para a conquista de mais mercado. “Se produzirmos mais, certamente haverá compradores”, garante. O plantio começou em 2007 e a planta industrial de esmagamento opera há uma década e hoje processa um milhão de caixas de laranja por safra.

Além do suco, aos poucos um outro produto vem capitalizando o polo em Uraí. Trata-se do d-limoneno, um líquido incolor e oleoso que é retirado do bagaço da laranja e é usado como aromatizante e solvente, que atende tanto a indústria de alimentos processados, quanto a de perfumes e outros produtos da linha cosmética. Com a adição de alguns elementos, o portfólio de óleos especiais a partir da laranja pode se adequar a diversas demandas do mercado.

Estes exemplos de fazer melhor e diferente, de um modo que as gerações passadas sequer poderiam imaginar em Londrina, Mauá ou Uraí, é uma demonstração de que as coisas mudaram no ambiente rural, avalia o experiente gestor. E nos dois lados da porteira.

“As cooperativas entenderam que as práticas inovadoras são cruciais para os negócios. Antes, você tinha que praticamente implorar para o cooperado aderir a algum programa de uso de tecnologia, alguma prática nova. Hoje, felizmente, a situação é outra. Hoje temos que nos esforçar muito para atender a demanda quando lançamos algum programa que envolve inovação”, explica.