A psicopedagoga Claudia Gois fez uma pesquisa detalhada para decidir a instituição mais adequada ao perfil do filho Luca, 5
A psicopedagoga Claudia Gois fez uma pesquisa detalhada para decidir a instituição mais adequada ao perfil do filho Luca, 5 | Foto: Ricardo Chicarelli - Grupo Folha

Momento de dúvida e de apreensão para os pais, a escolha da escola ideal para o filho pode ser um processo mais tranquilo e eficiente caso eles levem em conta uma série de aspectos apontados por especialistas. De acordo com eles, a infraestrutura, questões pedagógicas e religiosas e o perfil da família devem ser analisados.

Especialista em psicopedagogia clínica, a pedagoga Ione Santos Vasconcellos considera que, antes de ir a campo, os pais devem já fazer um filtro inicial baseado em algumas questões – se o filho vai estudar em período integral ou não, quanto pode pagar por mês e se deseja que o filho estude na mesma escola desde a educação infantil até o ensino médio.

“Respondido isso, os pais já terão selecionado algumas escolas que se encaixam neste perfil. Assim, poderão buscar as escolas que preenchem estes requisitos e partir para uma segunda análise”, destaca.

Dentro da segunda análise, Ione aponta que devem ser levados em conta a proposta e a equipe pedagógica. Fazer contato com pais de alunos e visitar o local também é essencial.

“Mesmo sem saber nada sobre métodos de ensino, deve-se ter ideia do que os pais querem para os filhos: se priorizam uma escola que prime pela preparação para o vestibular ou se tem um currículo mais flexível, se prioriza a criatividade ou as relações interpessoais, se preferem uma escola confessional [vinculada ou pertencente a igrejas ou instituições religiosas] ou sem bandeira religiosa, se a escola é bilíngue ou oferece ensino de língua estrangeira no contraturno”, listou.

Com relação à equipe pedagógica, Ione destaca que, quanto mais experiente a equipe de professores, melhor. “Avalie se há investimento na formação continuada do quadro de professores, na formação intelectual e humana.”

Se a opção for para deixar o filho em período integral, a especialista destaca que deve-se verificar o que a escola oferece no contraturno, como aulas extras, acompanhamento de tarefas realizado por professores especialistas, qual o tipo de alimentação oferecida, ambientes adequados e confortáveis, higiene dos banheiros e das dependências.

“Converse com seus parentes e amigos, pergunte para quem já tem filhos nas escolas que você selecionou se gostam da escola, se o atendimento aos alunos e suas famílias é feito de forma profissional e responsável. Procure descobrir se os aspectos que você selecionou como sendo importantes são relevantes na tal escola”, acrescenta.

Antes de visitar a escola, Ione orienta os pais a entrarem no site. “Converse com os responsáveis por lhe apresentar a escola. Esclareça o maior número de dúvidas possíveis e compare o que o site prometeu com o que lhe falaram sobre a escola. Observe e analise se os recursos que a escola dispõe estão de acordo com as suas expectativas e se poderão auxiliar na formação que você planejou para o seu filho”, conclui.

ESCOLHA REQUER TEMPO

Especialista em psicopedagogia e neurociências pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), a pedagoga Fernanda Passarelli considera que escolher uma escola para o filho hoje em dia não é uma tarefa simples. “Os pais precisam estar dispostos a investir tempo para visitas e conversas com a equipe pedagógica”, pontuou.

Ela aponta diversas questões a serem observadas na escolha da escola, como quais os valores trabalhados pela equipe escolar com as crianças, se existe um único método de ensino, se aborda religiosidade, quais as aulas extracurriculares e se são pagas, como a escola se organiza para dar suporte às necessidades do professor, entre outros pontos.

“Se a criança mudar para outra escola, os pais devem falar com o filho e tranquilizá-lo quanto a possíveis inseguranças, como, por exemplo, a permanência de contato com os colegas da escola antiga e a possibilidade de fazer novas amizades no outro colégio”, destacou.


PESQUISA DETALHADA

A psicopedagoga Claudia Gois, 40, fez uma pesquisa detalhada em cinco escolas antes de escolher onde o filho Luca, 5, vai cursar o primeiro ano do ensino fundamental a partir de 2020.

Um dos principais pontos avaliados foi a metodologia de ensino frente à personalidade do filho, perfeccionista.

“Procurei uma escola que não seja conteudista nem apostilada, algo que a meu ver pode pressionar e adultizar as crianças. Uma grade que não tenha grande volume de afazeres e que o ensino pode ser de forma lúdica, com arte, música, sem reprodução de conteúdo nem memorização.”

Outro aspecto foi o número de alunos por sala e o espaço físico. “Existem escolas que são casas adaptadas. Na educação infantil, o aluno está totalmente assistido. Quando entra para o ensino fundamental, vai ao banheiro sozinho, para a biblioteca sozinho, precisa de autonomia. É necessário então um ambiente onde se sinta seguro e possa transitar.”

A filosofia da escola também pesou na escolha. “A proposta da instituição inclui a participação da família na vida escolar, o que é de extrema importância. Dessa forma, nosso filho se sentirá seguro para avançar nessa nova etapa”, conclui.

PAIS VETERANOS AJUDAM

Fernanda Passarelli destaca que a melhor informação que os pais veteranos podem dar aos novatos são seus relatos de experiência. “Como é ter o filho estudando na escola, dizer sobre a rotina, dinâmica de sala de aula, relação professor-aluno-família, resolução de conflitos”, enumera.

A pedagoga acrescenta que, quando os pais estão seguros na decisão da escola, o filho também ficará seguro, mas essa escolha deve ser feita pelos pais ou cuidadores.

“A criança não tem maturidade para decidir qual escola é melhor. Leve seu filho para conhecer a escola que vocês já elegeram como adequada. Mostrem-se empolgados, motivados, felizes com a nova fase. Relatem as experiências de vocês quando tinham a idade do filho, falem sobre as atividades prazerosas e grandes descobertas que a escola proporciona.”

Passarelli pondera que, mesmo fazendo toda essa investigação, a insatisfação com a escolha pode acontecer. “Trocar o filho de escola com frequência é prejudicial, pois pode gerar insegurança, dificuldade em criar vínculos e até desencadear dificuldades na aprendizagem, já que as metodologias variam de uma escola para outra”, conclui.