Aos 40 anos - nasceu em 6 de novembro de 1957 - Ciro Gomes é o mais jovem entre os 12 candidatos que disputam a presidência da República nas eleições deste ano. Paulista de Pindamonhangaba, ele se considera cearense por adoção, pois era criança quando sua família se mudou para Sobral, no interior do Ceará. Advogado formado pela Universidade do Ceará, jamais exerceu a profissão.
Ciro começou jovem na política, filiando-se à Arena, o partido que governou o País durante o regime militar. Aos 25 anos, foi eleito deputado estadual pelo PDS - partido que sucedeu a Arena na reforma política do fim da década de 70. Quatro anos depois foi reeleito, mas interrompeu o mandato para disputar a prefeitura de Fortaleza. Eleito prefeito da capital do Ceará, Ciro foi adotado politicamente pelo então governador do Estado Tasso Jereissati - de quem é aliado até hoje - e transferiu-se para o PSDB.
Em dois anos como prefeito, teve atuação destacada, obtendo os melhores índices de aprovação entre os prefeitos das capitais do País, o que o credenciou para disputar o governo de seu Estado em 1990. Sustentado pela boa administração de Jereissati no Ceará, Ciro Gomes foi o primeiro governador eleito pelo PSDB. Com uma administração de sucesso, Ciro chegou a ser considerado o governador mais popular do País e foi relacionado pela revista ‘‘Time’’ como uma das 100 lideranças emergentes no cenário mundial. Pelo combate à mortalidade infantil no Estado, recebeu o Prêmio Maurice Pate, do Unicef, da Organização das Nações Unidas (ONU) que defende os direitos das crianças no mundo.
Em setembro de 1994, Ciro foi convidado pelo presidente Itamar Franco para substituir o então ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero, que havia sido apanhado em declarações constrangedoras por antenas parabólicas quando se preparava para dar uma entrevista a uma emissora de televisão. ‘‘O que é bom a gente divulga, o que é ruim a gente esconde’’, confessava o ministro ao entrevistador, referindo-se às informações sobre a economia do País no início do Plano Real.
Ciro assumiu o Ministério da Fazenda na reta final da campanha que elegeu o presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos 115 dias em que comandou a economia do País conquistou simpatizantes e inimigos. Combateu o ágio nos preços dos automóveis populares, baixando drasticamente as alíquotas de importação e autorizou reajuste salarial ao funcionalismo público. Por sua atuação no ministério durante os primeiros meses do real, Ciro se considera um dos responsáveis pela estabilidade da moeda.
Preterido na composição do novo ministério, Ciro rompeu com o presidente eleito Fernando Henrique, saiu do governo e tornou-se um ácido crítico da política econômica. Em 1995, mudou-se para os Estados Unidos para estudar na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, onde por 18 meses foi aluno visitante. Nesse período aproximou-se do cientista político Roberto Mangabeira Unger, com quem escreveu o livro ‘‘O Próximo Passo - Uma Alternativa Prática ao Neoliberalismo’’, que se tornou a base de seu atual programa de governo.
De volta ao Brasil no ano passado, Ciro começou a preparar sua candidatura à Presidência. Elevou o tom de suas críticas ao governo e passou a defender uma aliança de centro-esquerda para enfrentar o presidente Fernando Henrique em sua tentativa de reeleger-se. Aproximou-se do PSB, comandado pelo governador de Pernambuco, Miguel Arraes, mas não conseguiu dobrar as alas do partido que defendiam o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
No início deste ano, Ciro ingressou no PPS, ex-Partido Comunista Brasileiro, comandado pelo senador Roberto Freire (PE) e tentou organizar uma frente de partidos para viabilizar uma terceira via nas eleições presidenciais. Conseguiu o apoio do PL, que lhe garantiu quase 1 minuto a mais na distribuição do horário gratuito do rádio e da televisão para fazer sua campanha. Negociou com o PTB, do senador José Eduardo Andrade Vieira (PR), mas não conseguiu o apoio da maioria da direção do partido. Essa negociação fez com que perdesse o apoio do PV, que lançou candidato próprio.
Com o pouco espaço que conseguiu na mídia, Ciro tentou impedir a polarização da campanha entre Lula e Fernando Henrique com um discurso em que defendeu a estabilidade econômica mas condenou a falta de ação do governo na área social. Mesmo que não obtenha sucesso na eleição deste ano, ele já prepara o terreno para a campanha de 2002.