A apreciação do valor dos alimentos em escala global - fenômeno que começou de forma moderada há mais de duas décadas, mas que se intensificou nos últimos anos - ligou o sinal de alerta sobre a segurança alimentar nos dois hemisférios.

A multiplicação das ocorrências severas na nova ordem climática, a desorganização das cadeias produtivas provocada pela pandemia do novo coronavírus e a escalada do preço dos combustíveis já eram fontes de preocupação antes mesmo do desenrolar da invasão da Ucrânia pela Rússia este ano, fator crucial que reforçou velhos temores e colocou o tema na pauta de prioridades também dos governos e empresas do mundo desenvolvido.

Especialistas apostam num ciclo vigoroso de investimentos em tecnologia para vencer este desafio e o Brasil, potência agrícola e grande fornecedor internacional de alimentos, está no radar de fundos bilionários que pretendem acelerar, com bons projetos, a transformação no campo.

Este foi um dos assuntos que dominaram a 15ª edição do EncontrosFolha - “Agricultura Digital: a Tecnologia como Protagonista do Campo”, realizado na semana passada no Aurora Shopping, com apoio do Sebrae.

O superintendente do Grupo Folha, José Nicolás Mejía, apontou o enorme leque de possibilidades que se apresentam para quem tem projetos interessantes na área da tecnologia voltada ao aumento da produtividade no campo, redução de custos e melhoria da sustentabilidade. “A gente sai do evento hoje com um dever de casa, vendo que tem muita estratégia federal apoiando o desenvolvimento através de inovação e tecnologia”, disse o executivo.” Tem muitas oportunidades para a iniciativa privada através de hubs, aceleradoras, startups, mas precisamos, ainda para fechar bem isso, ter projetos viáveis que possam atrair investimentos.”

Mejía destacou a importância do evento no sentido de pautar os próximos passos e as necessidades do agronegócio, com foco na Tecnologia da Informação e na tecnologia 5G, e o que é necessário para que a cidade e o país cresçam nessas áreas. “No momento em que a gente discute as questões estruturantes para o desenvolvimento, isso engloba tanto a parte privada quanto a parte pública. Com o EncontrosFolha, a gente tem conseguido que as lideranças públicas e privadas se envolvam nesses temas.”

A titular da divisão de Apoio à Inovação para a Agropecuária do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Sibelle de Andrade Silva, uma das vozes mais destacadas do evento, disse à Folha que o papel do poder público é de incentivador do setor produtivo. “Nosso grande papel é de criar ambiência. Ouvimos as demandas das empresas, das universidades e das startups. Com isso, estabelecemos um norte, diante de um quadro de grandes tendências globais. As políticas públicas surgem a partir dos debates, de maneira colaborativa. Nossa tarefa é captar os sinais e converter em inovação, direcionando recursos para as regiões conforme suas características”, explicou a gestora do governo federal.

O diálogo com o setor agropecuário e criação de uma pauta comum também compreende as fontes de financiamento do setor, explica Sibelle.

Para deixar claro como isso funciona na prática, a gestora do Mapa lembra que o intercâmbio influencia os projetos oferecidos nos editais da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), um serviço social autônomo que tem o papel de impulsionar a inovação no setor produtivo, e a própria engenharia do Plano Safra.

“Estamos incluindo no plano, por exemplo, recursos para o desenvolvimento de bioinsumos e conectividade”. Outro instrumento de fomento às novas tecnologias que também é impactado por este diálogo permanente entre Brasília, instituições, empresas e startups é o fundo setorial do agro sob a regência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, onde projetos são apresentados e onde resultado e efetividade são monitorados etapa a etapa.

O Sebrae é uma dos serviços mais atuantes para encurtar a distância entre os recursos que flutuam sobre o mercado e os potenciais captadores, representados por empreendedores que almejam incorporar tecnologia em sua operação ou que buscam parceiros para desenvolver práticas inovadoras em seus processos e produtos.

“É preciso fazer um trabalho continuado de estímulo pela busca de investimentos em modernização. O Sebrae e outras agências se esforçam para aproximar os dois mundos, dos investidores e de quem tem boas ideias para o mercado. Isso é feito através de programas de internacionalização, da participação em rodadas de negócio internacionais ou até incentivando empresas da região a participarem de feiras e exposições no Exterior”, enumera Lucas Ferreira, coordenador estadual estratégico do Sebrae e mediador do EncontrosFolha.

“Um dos gargalos a ser vencido nos próximos anos é aproximar as startups que atuam em Londrina e nos municípios vizinhos ao calendário internacional de eventos”, avalia o consultor. Em outras palavras, boas ideias no atual capitalismo seriam como pessoas naquele velho ditado: sem seres vistas jamais serão lembradas.

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| Foto: Roberto Custodio

Articulação e cooperação também no setor privado

Quem ouviu os especialistas no Aurora saiu com a certeza de que a colaboração também é palavra-chave no setor privado

As empresas estão cada vez mais alinhadas ao movimento de inovação e dispostas a investir pesado em um novo universo chamado hub, salientou George Hiraiwa, diretor de Inovação da SRP (Sociedade Rural do Paraná) e coordenador da Agro Valley, governança criada para pensar o futuro do agronegócio na região de Londrina.

Os recursos se multiplicam, especialmente na iniciativa privada e, cabe aos autores das boas ideias, saber captá-los para garantir a continuidade de projetos na área de inovação tecnológica.

No processo de pesquisa, desenvolvimento, oportunidades geradas, ressaltou Hiraiwa, o poder público e as cooperativas desempenham um papel fundamental ao garantir a aplicabilidade das inovações, mas o capital é essencial. “É preciso ampliar o acesso das empresas da região às fontes de recursos”, defendeu.

“Esse movimento nosso que estamos construindo em Londrina na questão dos ecossistemas é fundamental. Eu acredito muito na frase: ‘você cria a visão que a provisão chega’. Essa visão só é possível se nós criarmos um ecossistema pujante, com ideias.”

Criada em Londrina há 26 anos, a Integrada Cooperativa Agroindustrial colocou a inovação como parte dos valores da empresa, em 2018. A cooperativa atua com cinco culturas diferentes – soja, milho, trigo, café e citros – e por suas unidades passam 6% da safra do Paraná, 2% da safra de São Paulo e 1% de toda a produção nacional. Movimentação que, em 2021, propiciou um faturamento de R$ 5,9bilhões e com a perspectiva de chegar em breve aos R$ 8 bilhões.

Para alavancar os resultados, a cooperativa trata a inovação como ponto estratégico, dividida em duas frentes: a inovação “da porteira para dentro” e a inovação “da porteira para fora”. “A gente faz a triagem dessas ferramentas via comitê de análise para selecionar as que fazem sentido no perfil do cliente que nós atendemos”, disse o gerente técnico da Integrada, Wellington Xavier Furlaneti.

Os esforços da cooperativa quando se fala em tecnologia aplicada ao campo são no sentido de garantir aos associados acesso quase em tempo real a um sistema que apresenta todas as movimentações feitas por eles, como a entrega de produtos, por exemplo. Na parte técnica, o setor de engenharia agronômica é uma das frentes, responsável pelo planejamento estratégico, desenvolvimento e relacionamento. “A questão do campo é um desafio bastante significativo pela nossa área de atuação, algo que a gente tem estudado a melhor forma de entregar, a cada perfil de cliente, o que há de melhor.”

Food Tech vira arma na luta contra a insegurança alimentar

O vasto campo da tecnologia na alimentação está sob potentes holofotes e mexe de forma transversal com assuntos ícones da vida contemporânea: explosão demográfica, sustentabilidade, inovação e vida saudável.

O hambúrguer vegetal de laboratório da Beyond Meat, por exemplo, agitou o mundo dos negócios nos Estados Unidos e se tornou um símbolo de um nicho ainda pequeno, mas com um potencial gigantesco.

Estudo da Global Food Tech Market Analysis & Forecast mostra que as empresas do setor de Food Tech já valem juntas cerca de US$ 250 bilhões em 2022, alavancadas pelo boom das compras online durante a pandemia.

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| Foto: Roberto Custodio

O Ministério da Agricultura leva o assunto muito a sério, como ficou claro na palestra da gestora da pasta, Sibelle de Andrade Silva, na 15 edição do EncontrosFolha.

Há, inclusive, um Plano Nacional de Proteínas Alternativas elaborado pelo Mapa, documento que pretende incorporar os alimentos de base proteica provenientes de plantas, insetos, fungos, algas e outras fontes, tudo preparado com tecnologias inovadoras para gerar sabor e calorias, uma arma valiosa na luta contra o déficit global de produção no segmento proteína animal, previsto para 2030.

O cenário é tão promissor, que 20% das startups brasileiras ligadas ao agronegócio atuam no segmento, um cenário observado e fomentado pelas grandes empresas ligadas à produção de grãos e à produção de carne, todas com orçamento significativo em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

“Vamos precisar de toda e qualquer força para produzir mais alimentos. A proteína alternativa pode ser usada também em mistura com as proteínas tradicionais e as pesquisas estão aperfeiçoando muito estes blends”, lembrou Sibelle, que é graduada em engenharia química.

Neste processo de testes, as empresas estão usando a tecnologia digital e a inteligência artificial nos laboratórios. “Em algumas pesquisas mais avançadas, estão usando, por exemplo, impressão 3D com células cultivadas, criando novos alimentos sintéticos”, destacou.

Inovação da porteira para dentro e inovação da porteira para fora

Agricultura de precisão e otimização dos processos na agroindústria tornam cadeia mais competitiva

Na busca por maior produtividade, rentabilidade e sustentabilidade o auxílio de uma cooperativa aos seus associados vai muito além da questão da produção primária, da assistência técnica e da condução da lavoura no campo. Em uma cooperativa agroindustrial, a participação no processo de beneficiamento e industrialização dos produtos também é apenas parte do processo que tem como destino o consumidor final.

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| Foto: Roberto Custodio

Nesse ciclo, a inovação surge como um ponto estratégico na cadeia de produção, com iniciativas que propõem soluções da porteira para dentro e da porteira para fora, como define o gerente técnico da Integrada Cooperativa Agroindustrial, Wellington Xavier Furlaneti.

A agricultura de precisão avança a cada dia e permite alcançar maior eficiência na produção com redução do uso de insumos e maior cuidado com a questão ambiental. “O uso eficiente dos insumos, onde eu evito, muitas vezes, a sobreposição de aplicações com o uso de equipamentos que tenham georreferenciamento, permite uma economia de produto, diminui a agressão ao meio ambiente e a operação se torna mais eficiente”, disse Furlaneti.

Algumas das ferramentas oferecidas pelos fornecedores da cooperativa aos seus associados possibilitam um maior controle das ervas daninhas e chegam a uma economia entre 80% e 85% no consumo de água, de produto e de tempo.

Da porteira para fora, as tecnologias contribuem para o aprimoramento de todo o processo industrial, dentro das unidades da cooperativa. Processos voltados à automação, que trazem rendimento operacional, inovações que tentam otimizar o setor logístico por meio de aplicativos, e a classificação dos grãos por imagem por meio de inteligência artificial, iniciativa que vem sendo estudada pela cooperativa, são formas de potencializar não só a produção, mas também aumentar a rentabilidade que retorna aos cooperados quando é feito o rateio.

Algumas dessas tecnologias vêm dos fornecedores, outras são desenvolvidas por startups via hubs de inovação. “A tecnologia tem suas particularidades. Não consigo aplicá-la em 100% das áreas. Se na análise que for feita de um talhão a economia de produto e de recursos naturais ficar abaixo dos 35%, a gente não acata a área porque não é representativo”, ressaltou Furlaneti.

A transferência de tecnologia com o incentivo à produtividade sustentável e a capacitação, por meios dos Agrotec, um dia de campo voltado para o agricultor para apresentação das novas tecnologias, completam o conjunto de inovação da cooperativa. “Quando a gente lida com agricultura, não é uma receita de bolo. A gente não consegue pegar a recomendação e aplicar em escala. Para cada perfil de produtor, tipo de solo, cultura e variedade, há uma recomendação mais assertiva”.

Futuro do agro está na rastreabilidade, diz coordenador da Agro Valley

Tecnologia por blockchain abre novos mercados, aumenta rentabilidade e dá protagonismo ao consumidor

Quando se fala em segurança dos alimentos, a tecnologia blockchain surge como a mais importante ferramenta ao alcance de toda a cadeia de produção alimentar.

Com a grande vantagem de tornar incapaz a alteração das informações sem que haja um registro da alteração, a blockchain permite o detalhamento da origem e destino de um produto, garantindo a rastreabilidade de todas as etapas da produção, desde o campo até as prateleiras dos supermercados.

Esse conjunto de informações é codificado e impresso no rótulo do produto e ao apontar o celular para um QR Code, o consumidor poderá conhecer todo o caminho percorrido antes que aquele produto chegasse até ele.

15 encontros folha no auditorio aurora shoping - foto : roberto custodio - folha de londrina - 28-07-2022
15 encontros folha no auditorio aurora shoping - foto : roberto custodio - folha de londrina - 28-07-2022 | Foto: Roberto Custodio

O diretor de Inovação da Sociedade Rural do Paraná e coordenador da Agro Valley, George Hiraiwa, aponta o empoderamento do consumidor como o grande ganho propiciado por essa tecnologia já amplamente disponível em países da Europa e da Ásia, mas ainda pouco difundida no Brasil.

A tecnologia desenvolvida por uma startup londrinense permitiu o envio do primeiro café rastreado por blockchain para a Syngenta, na Polônia, e em maio passado, a mesma tecnologia fez chegar ao Japão o primeiro lote de um café especial, orgânico, cultivado na região de Franca (SP), mostrando que a adoção de novas tecnologias abre as portas para novos mercados e garante uma maior rentabilidade ao produtor.

“Quem vai comprar um café deste é um consumidor exigente. No Japão, vai ser tratado como iguaria e essa iguaria vai ter um preço fantástico. O produtor pode pedir um valor maior por ele porque o café dele está sendo rastreado e o consumidor vai poder rastrear toda a história daquele café. É a questão do protagonismo do consumidor”, destacou Hiraiwa.

A mesma tecnologia pode ser aplicada a qualquer produção, agrícola ou pecuária. “Talvez, o grande lance para o Brasil daqui para a frente seja a rastreabilidade por blockchain. O protagonismo do consumidor não chegou para exigir isso, mas vai chegar a esse momento e precisamos estar prontos. Daqui a uns dois anos isso vai explodir.”

E o 5G? Como será o impacto nas propriedades rurais?

O Ministério da Agricultura calcula que apenas 23% da área rural brasileira tem algum nível de conectividade e que as perdas com esta baixa abrangência podem ser medidas em bilhões de reais.

Caso o índice fosse de 80%, por exemplo, o valor da produção agropecuária brasileira, que foi de cerca de R$ 1 trilhão em 2021, poderia ter um acréscimo de R$ 100 bilhões anuais.

Com a chegada da tecnologia 5G ao mercado, o tema voltou à pauta do agronegócio e muitos produtores se perguntam como poderão melhorar o desempenho das suas propriedades com uma internet mais rápida e robusta.

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| Foto: Roberto Custodio

“A análise de dados é o ganho mais evidente. Mais rapidez na coleta de dados significa mais informação em tempo real, o que diminui a margem de erro na tomada de decisão. Sensores e dispositivos instalados no campo poderão transmitir muito mais informações simultâneas e a análise deste grande volume de dados poderá ser feita com a agilidade necessária para evitar uma perda importante ou um ganho de produtividade na lavoura”, explica Lucas Ferreira, coordenador estadual de estratégia do Sebrae.

Ferreira ressalta, contudo, que o 5G e todo o fascínio que ele provoca pode ser um excelente atalho para que o setor converse sobre inovação e tecnologia, temas muitas vezes relegado nas pequenas e médias propriedades, onde o uso de tecnologia é vista muitas vezes como inviável por conta do custo.

O Sebrae estimula as empresas rurais a pensar na tecnologia de forma mais ampla, despertando um comportamento mais atento em cada etapa do processo produtivo e observando que muitas vezes isso não exige um investimento muito alto.

“Novas soluções fitossanitárias, novas práticas que reduzem o desperdício de insumos, ou novidades que gerem velocidade no plantio ou na colheita podem ser plenamente acessíveis. Hoje são oferecidos serviços de base tecnológica para problemas pontuais, sem custos exorbitantes, mas de grande valor estratégico porque podem diminuir custos ou incrementar a produtividade”, explica.

EncontrosFolha integra quem vive o agro todos os dias e conecta lideranças

Representantes de importantes setores da economia de Londrina e região reforçam e a relevância de um evento que integra líderes e amplia o debate sobre agricultura digital

Agricultura digital e a tecnologia como protagonista no campo, foi tema da 15ª edição do projeto EncontrosFolha, realizado presencialmente no último dia 28. Mais do que promover um espaço de debate sobre o assunto, o evento conectou lideranças de Londrina e região e integrou quem vive o agro cotidianamente.

Carina Rufino, chefe de transferência de tecnologia da Embrapa, pontua que unir informação e conexão entre profissionais do setor foi a grande contribuição dessa edição do EncontrosFolha. “A gente vive num mundo em que informação e conhecimento são fundamentais para as tomadas de decisões. Um evento que traz grandes nomes como painelistas, insights para quem vive o agro todos os dias e promove um ambiente de interação, é fundamental para que a gente consiga manter a competitividade no ecossistema de inovação do agronegócio, que é Londrina”.

Pensar a agricultura digital, também chamada de Agricultura 4.0, é traçar estratégias e vislumbrar caminhos que possam ajudar um dos mais importantes setores da economia paranaense, e de todo o país, a desenvolver ferramentas e soluções que otimizem recursos e produção. Para Florindo Dalberto, presente no EncontrosFolha, engenheiro agrônomo, ex-presidente e fundador do IAPAR, e membro fundador do Fórum Desenvolve Londrina, a sociedade está diante da segunda revolução da agricultura.

“O Paraná e o Brasil já fizeram uma primeira revolução da agricultura, quando saímos de uma agricultura tradicional para uma agricultura moderna. E agora estamos no limiar de uma outra revolução, que é a revolução da agricultura digitalizada. Essa é a grande transformação que se abre pela frente”, explica Dalberto.

O engenheiro agrônomo relembrou ainda, o pioneirismo da Folha, quando em 1969 lançou o caderno Folha Rural e acompanhou de perto as mudanças e transições do setor. “A Folha tem sido protagonista dessa transformação da agricultura e o que está acontecendo aqui hoje nada mais é, do que uma evolução natural daquele pioneirismo lá de trás e que agora nós estamos dando os passos da nossa era, do nosso momento. Esse é o futuro”, completa o engenheiro agrônomo.

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| Foto: Roberto Custodio

A relevância de se colocar a agricultura digital em pauta entre lideranças está também no fato de que o tema está relacionado com questões de extrema relevância, como a possibilidade de conciliar a produção de alimentos e a ocupação da terra disponível para manejo. Como explica, o professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina e pesquisador da área socioambiental e rural, Paulo Bassani.

“Este é um tema fundamental, porque implica em duas coisas: produzir alimentos, e que sejam alimentos saudáveis, e também ocupar o espaço da terra com letra minúscula, que é o espaço agrário e agrícola. De certa forma nós temos um país que é exemplo de preservação ambiental, então precisamos pensar como compatibilizar agricultura e preservação para garantir não só a exportação, mas a chamada segurança alimentar”.

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| Foto: Roberto Custodio

Outro desafio pertinente que a discussão sobre tecnologia no campo proporciona é a conectividade nas áreas rurais, já que algumas localidades ainda não contam com sinal de telefonia ou internet. Também presente no Encontros Folha, a deputada federal e presidente da Frente Digital, Luísa Canziani, reiterou sobre o desafio de conectar todo o país à internet de qualidade e destacou os testes feitos em Londrina com a tecnologia 5G em área rural por intermédio da Embrapa.

Segundo ela, em apenas um dia foi possível constatar a grande transformação que a tecnologia vai promover no campo. “Acredito inclusive que a implementação da inovação, das pesquisas, da ciência e tecnologia contribuirá sobremaneira para que tenhamos um aumento da produtividade das nossas lavouras, assim como serão desenvolvidas novas técnicas de criação de animais, com diagnósticos mais precisos e certeiros e com a redução do período de engorda”.

Além do acesso à internet, Canziani acredita que outro desafio que precisa ser enfrentado pelo setor é levar informação para os produtores rurais, para que todos tenham acesso ao conhecimento e técnicas desenvolvidas pelos pesquisadores da área. Para a deputada, iniciativas como a da Folha contribuem para a disseminação de conteúdos sobre tecnologia no campo para cada vez mais pessoas, contribuindo para o desenvolvimento do país.

Impacto na economia brasileira

Em 2021, o agronegócio foi responsável por 27,4% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, além do grande potencial de geração de empregos. Estar atento às mudanças e obstáculos do setor é de interesse de todas as outras áreas produtivas, já que impacta diretamente toda a estrutura econômica nacional.

Ary Sudan, empresário e membro do Fórum Desenvolve Londrina, também presente no Encontros Folha, acredita que o agronegócio é um grande ponto favorável na economia brasileira e discutir agricultura digital também beneficia empresas de tecnologia de Londrina e região. “Um trabalho como esse realizado pela Folha, engrandece ainda mais o setor e faz com que as pessoas tomem conhecimento e participem mais, inclusive colaborando com o tema nesse sentido” comenta.

Para Fabricio Bianchi, gerente regional norte do Sebrae/PR, a tecnologia pode ser uma grande aliada para fundamentar a mudança no agronegócio de maneira sustentável e responsável, suprindo as demandas globais, mas também de vários outros setores: “A Tecnologia é meio, e quando bem aplicada conectando instituições de ensino, pesquisa, universidades e as necessidades do mercado, o resultado são novos negócios, aplicações e materiais, embarcando junto a indústria eletrometalmecânica e o segmento de tecnologia da informação e comunicação”.

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