A diminuição da oferta de bois permitiu a valorização dos animais, com preços acima de R$ 150 neste primeiro quadrimestre
A diminuição da oferta de bois permitiu a valorização dos animais, com preços acima de R$ 150 neste primeiro quadrimestre | Foto: Marcos Zanutto

Uma breve passada de olhos nos preços da arroba do boi gordo nos últimos três anos e não é preciso ser nenhum especialista em pecuária para perceber que o momento de alta é propício para a comercialização. Na ExpoLondrina - sejam nos leilões ou negociação nos próprios pavilhões - o comércio se mostra em ritmo interessante, agora já caminhando para o final da feira. A expectativa é de crescimento dos negócios entre 5% e 10% comparado com o ano passado.

Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná, apontam para valores ultrapassando a casa dos R$ 153 a arroba em algumas praças. Na média de preços do Estado, este é o melhor ano em valores desde 2015. Em 2017, por exemplo, o valor chegou a cair para R$ 138,65. A média deste ano está em R$ 150,78.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) confirma o bom momento. O indicador do boi gordo, para preços à vista no Estado de São Paulo, aponta que em 2017 atingiu o preço mais baixo (R$ 124,50) em dois anos. Agora, em abril deste ano, chegou na crista da onda: R$ 158,03, melhor valor desde maio de 2017.

Neste contexto de melhora, o governador Ratinho Junior disse esta semana, na ExpoLondrina, que com o setor organizado e com planejamento, pode sentar no Ministério da Agricultura “e ver uma linha de crédito para que possamos aumentar nosso rebanho com melhoramento genético para não dependermos de outros Estados”. O governador reiterou também a necessidade do Estado se tornar área livre de febre aftosa sem vacinação.

Para o diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Ricardo Rezende, a diminuição da oferta de bois permitiu a valorização dos animais, com preços acima de R$ 150 neste primeiro quadrimestre. Para ele, com as perspectivas de melhor economia durante o governo Bolsonaro, a tendência é de maior consumo da população. “Não digo que será um consumo exacerbado, mas nós brasileiros gostamos muito de carne e acabamos consumindo mais quando as expectativas econômicas são boas” afirmou.

Rezende também acredita num melhor ritmo de exportações. Durante a Expo, inclusive, foi revelado por representantes do governo no parque a venda de animais vivos para Cazaquistão, que deve gerar um faturamento de meio bilhão de reais. Em 2018, o País embarcou o recorde de 1,353 milhão de toneladas de carne in natura, registrando faturamento de US$ 5,6 bilhões. “O Brasil aumentou o leque de exportações, nos últimos anos, não só em termos de acordos comerciais, mas sobretudo sanitários que, eventualmente, podiam ser empecilhos para exportarmos.”

Ele cita, por exemplo, a recente visita da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aos Estados Unidos, que vai enviar uma comitiva ao Brasil para fazer análises sanitárias e liberação de novos frigoríficos. A ministra sabe, entretanto, que os “americanos podem vir até aqui procurar pelo em ovo e o Brasil precisa estar com suas plantas preparadas”. “Retomar as exportações para os EUA é excepcional. Queira ou não, o Brasil é o maior produtor do mundo e nossa carne tem eficiência e qualidade. Com isso, a tendência é cada vez mais entrarmos em novos mercados, até porque o Brasil tem um controle sanitário realmente eficiente.”

Feira recebeu oito exemplares de gado Purunã obtidos por meio de fertilização in vitro
Feira recebeu oito exemplares de gado Purunã obtidos por meio de fertilização in vitro | Foto: Marcos Zanutto

Raça Purunã chega a 18 Estados e dois países

Este ano serão mostrados na ExpoLondrina oito exemplares de Purunã obtidos por meio de fertilização in vitro, estratégia de multiplicação de animais superiores que o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) vem desenvolvendo em parceria com o Cescage (Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais), de Ponta Grossa. O objetivo é acelerar a oferta de reprodutores ao setor produtivo, explica o pesquisador José Luiz Moletta.

O rebanho controlado pela ACP (Associação de Criadores de Purunã) atualmente está em torno de 10 mil cabeças. São 48 criadores em 12 estados da federação. Segundo o pecuarista Piotre Laginski, presidente da ACP, a raça deve fechar este ano com presença em 18 Estados e em dois países, Paraguai e África do Sul.