Boi bonito e com bons preços.
Ficou claro, na ExpoLondrina, que a pecuária passa por um momento de alta; expectativa de crescimento entre 5% e 10%
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sábado, 13 de abril de 2019
Ficou claro, na ExpoLondrina, que a pecuária passa por um momento de alta; expectativa de crescimento entre 5% e 10%
Victor Lopes - Grupo Folha
Uma breve passada de olhos nos preços da arroba do boi gordo nos últimos três anos e não é preciso ser nenhum especialista em pecuária para perceber que o momento de alta é propício para a comercialização. Na ExpoLondrina - sejam nos leilões ou negociação nos próprios pavilhões - o comércio se mostra em ritmo interessante, agora já caminhando para o final da feira. A expectativa é de crescimento dos negócios entre 5% e 10% comparado com o ano passado.
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná, apontam para valores ultrapassando a casa dos R$ 153 a arroba em algumas praças. Na média de preços do Estado, este é o melhor ano em valores desde 2015. Em 2017, por exemplo, o valor chegou a cair para R$ 138,65. A média deste ano está em R$ 150,78.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) confirma o bom momento. O indicador do boi gordo, para preços à vista no Estado de São Paulo, aponta que em 2017 atingiu o preço mais baixo (R$ 124,50) em dois anos. Agora, em abril deste ano, chegou na crista da onda: R$ 158,03, melhor valor desde maio de 2017.
Neste contexto de melhora, o governador Ratinho Junior disse esta semana, na ExpoLondrina, que com o setor organizado e com planejamento, pode sentar no Ministério da Agricultura “e ver uma linha de crédito para que possamos aumentar nosso rebanho com melhoramento genético para não dependermos de outros Estados”. O governador reiterou também a necessidade do Estado se tornar área livre de febre aftosa sem vacinação.
Para o diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Ricardo Rezende, a diminuição da oferta de bois permitiu a valorização dos animais, com preços acima de R$ 150 neste primeiro quadrimestre. Para ele, com as perspectivas de melhor economia durante o governo Bolsonaro, a tendência é de maior consumo da população. “Não digo que será um consumo exacerbado, mas nós brasileiros gostamos muito de carne e acabamos consumindo mais quando as expectativas econômicas são boas” afirmou.
Rezende também acredita num melhor ritmo de exportações. Durante a Expo, inclusive, foi revelado por representantes do governo no parque a venda de animais vivos para Cazaquistão, que deve gerar um faturamento de meio bilhão de reais. Em 2018, o País embarcou o recorde de 1,353 milhão de toneladas de carne in natura, registrando faturamento de US$ 5,6 bilhões. “O Brasil aumentou o leque de exportações, nos últimos anos, não só em termos de acordos comerciais, mas sobretudo sanitários que, eventualmente, podiam ser empecilhos para exportarmos.”
Ele cita, por exemplo, a recente visita da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aos Estados Unidos, que vai enviar uma comitiva ao Brasil para fazer análises sanitárias e liberação de novos frigoríficos. A ministra sabe, entretanto, que os “americanos podem vir até aqui procurar pelo em ovo e o Brasil precisa estar com suas plantas preparadas”. “Retomar as exportações para os EUA é excepcional. Queira ou não, o Brasil é o maior produtor do mundo e nossa carne tem eficiência e qualidade. Com isso, a tendência é cada vez mais entrarmos em novos mercados, até porque o Brasil tem um controle sanitário realmente eficiente.”
Raça Purunã chega a 18 Estados e dois países
Este ano serão mostrados na ExpoLondrina oito exemplares de Purunã obtidos por meio de fertilização in vitro, estratégia de multiplicação de animais superiores que o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) vem desenvolvendo em parceria com o Cescage (Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais), de Ponta Grossa. O objetivo é acelerar a oferta de reprodutores ao setor produtivo, explica o pesquisador José Luiz Moletta.
O rebanho controlado pela ACP (Associação de Criadores de Purunã) atualmente está em torno de 10 mil cabeças. São 48 criadores em 12 estados da federação. Segundo o pecuarista Piotre Laginski, presidente da ACP, a raça deve fechar este ano com presença em 18 Estados e em dois países, Paraguai e África do Sul.