Um olhar menos minucioso da sociedade pode levar a pensar que as cooperativas são atuantes apenas no agronegócio, crédito ou saúde, afinal, esses são os ramos com mais visibilidade e força financeira. Mas esse modelo de negócio já transforma, com propriedade, diverso outros segmentos. Até recentemente eram 13 ramos estipulados pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que agora foram modernizados e passam a ser sete ramos a partir deste ano.

A mudança aconteceu para tornar mais efetiva a comunicação com a base de cooperativas e ampliar o alcance das ações de representação dos interesses do cooperativismo brasileiro, no âmbito do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A reorganização foi aprovada em Assembleia Geral Ordinária da OCB, no final de março.

Além dos ramos agropecuário, saúde e de crédito, agora o sistema conta com os ramos de produção de bens e serviços, infraestrutura, consumo, transporte, que acabaram englobando outros ramos e assim dando mais força a eles. Para isso, a OCB, por meio de um grupo de trabalho constituído por representantes de todas as regiões, indicados pela diretoria, estudou critérios elegíveis para aglutinação, como legislação própria, regulação específica e impactos tributários. Em dezembro do ano passado, foi apresentado o resultado desse processo. Com isso, a ideia da entidade é conversar melhor com as cooperativas, debatendo com elas as suas necessidades, fazendo um agrupamento conforme as afinidades, construindo um ambiente cada vez mais sólido para que se desenvolvam com sustentabilidade.

O gerente de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Flávio Turra, relata que com esse rearranjo, o Paraná conta agora com 62 cooperativas do agro, 56 ligadas ao crédito, nove de produção de bens e serviços, 33 de saúde, 13 infraestrutura (basicamente de energia elétrica), 34 no ramo de transporte e quatro inseridas em consumo. “Com esse novo enquadramento, para efeito prático não muda nada para a cooperativa, mas simplifica até o entendimento para as pessoas. O cooperativismo nada mais é do que uma sociedade de pessoas que tem a função de buscar a solução de problemas que um determinado grupo enfrenta. Nesse sentido, elas (atuam em conjunto) tendo mais força para encontrar soluções e saídas para determinada dificuldade econômica.”

Para os ramos de menor destaque, o sistema tem papel fundamental, inclusive para problemas pontuais. Turra cita por exemplo que em determinado momento a junção de cooperados que precisavam de uma infraestrutura para acesso a energia elétrica, já que a Copel, na época, não tinha condições de atendê-los. Porque não formar uma cooperativa para solucionar uma situação que afetava tantas pessoas? “Tivemos um número bastante grande de cooperativas neste ramo. Mas com o desenvolvimento do Estado e acesso facilitado a energia elétrica, essas cooperativas acabaram tendo uma redução da sua atuação porque perderam o sentido.”

Turra cita outro caso, o setor de cooperativismo em transporte, basicamente porque o caminhoneiro autônomo está com uma dificuldade muito grande de acesso a transporte de cargas de forma continuada e sólida, inclusive agravado pela tabela de frete. “Se o caminhoneiro não tiver organizado, com estrutura de apoio, fica sem execução. A cooperativa tem sido uma das saídas para que se organizem, agenciar cargas e ter possibilidade de fazer contratos de transportes e ter sua receita. Esse setor está com crescimento grande. No geral são alguns ramos que são importantes para os cooperados, mas no contexto da economia do Estado não são tão grandes. O mais importante é que a cooperativa pode surgir no momento que o problema existir.”

Por fim, o gerente da Ocepar relata que – independentemente se a cooperativa vai continuar ou não atuando – o conceito de cooperativismo permanece arraigado em quem participou.

Imagem ilustrativa da imagem As multifacetas do cooperativismo
| Foto: Folha Arte