Imagem ilustrativa da imagem A vez das cervejas artesanais
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Ela foi uma das primeiras bebidas alcoólicas criadas pelo ser humano, com registros de cerca de 6 mil anos. Produzida a partir da fermentação de cereais, a cerveja tem acompanhado o homem ao longo dos milênios e ainda hoje passa por transformações. No Brasil, a mudança em curso é a popularização da cerveja artesanal, que tem ganhado a preferência de quem experimenta. O sommelier de cervejas Diego Zaparolli, que apresentou algumas cervejas em degustação do Festival Cozinha & Sabor, explica o que as cervejas artesanais têm de especial e ensina como escolher uma.

"O consumidor brasileiro está vendo que é muito melhor beber menos e com qualidade, está aprendendo a degustar, descobrir novos sabores, sair do tradicional", afirma Zaparolli. O grande diferencial das cervejas artesanais, segundo ele, está na qualidade do produto. E isso não diz respeito apenas à matéria-prima e ao processo de fabricação. "Até o jeito com que se transporta a cerveja de uma cidade para a outra pode influenciar na qualidade da bebida, e as cervejarias artesanais se importam muito com isso", conta Zaparolli.

A receita base de uma cerveja inclui água, malte, lúpulo e levedura. A diferença entre as artesanais e as comerciais está, principalmente, no malte. "As grandes indústrias utilizam malte de cevada, mas também misturam os famosos cereais não maltados: arroz e milho. Eles utilizam esses grãos para baratear as cervejas e ter mais lucro, já que eles são muitíssimo mais baratos do que o malte de cevada", explica o sommelier.

Daí vem a ideia de que a cerveja deve ser consumida "estupidamente gelada" ou "trincando": uma estratégia para não mostrar o verdadeiro sabor da cerveja, segundo Zaparolli. "Uma bebida na temperatura de três graus negativos adormece as papilas gustativas e o consumidor só sente que a bebida é gelada e refrescante. O verdadeiro sabor das cervejas industriais é aquele que você sente no finalzinho do copo, quando já está quente", afirma. Já as artesanais, segundo o sommelier, são puro malte, não levam cereais não maltados e, por isso, podem ser consumidas em temperaturas mais altas, sem prejuízos no sabor. "Você pode até beber uma cerveja artesanal com cinco graus positivos que vai estar muito saborosa", garante.

HARMONIZAÇÃO
Essa maior presença de sabor permite que as cervejas artesanais sejam harmonizadas com os pratos. A regra básica, segundo Zaparolli, é unir sabores de mesmo peso, casando cervejas leves com pratos leves e as mais encorpadas e alcoólicas com comidas mais pesadas. "A tradicional pilsen, que é o tipo mais consumido no Brasil e no mundo, combina muito bem com saladas, carnes brancas e sushis, que são comidas leves", exemplifica.

Quem prefere uma cerveja mais encorpada, com sabor mais marcante, não deve harmonizá-la com um prato leve, sem muitos temperos, ou ele desaparecerá no paladar. "Uma cerveja encorpada sempre vai bem com pratos mais gordurosos, condimentados, apimentados", indica o sommelier. Para carnes gordurosas e hambúrgueres, Zaparolli sugere uma India Pale Ale (IPA). A Brown Ale também vai bem com carnes vermelhas, principalmente em churrascos. Já a Dunkel harmoniza perfeitamente com uma boa feijoada.

O gosto pessoal também deve ser levado em consideração na hora de escolher a cerveja. Afinal de contas, a degustação de uma cerveja deve ser prazerosa. Quem gosta de cervejas mais leves, deve verificar o grau alcoólico da cerveja: 4% de álcool é excelente. Já quem gosta de cervejas mais amargas, deve ficar de olho na sigla IBU, que define o grau de amargor da cerveja, que vai de 0 a 120. A pilsen, por exemplo, tem só 9 IBU.