Um dos motivos importantes que favorecem a compra de um imóvel, seja para morar ou para investimento, é a valorização da aquisição desse bem em comparação a uma série de aplicações financeiras
Um dos motivos importantes que favorecem a compra de um imóvel, seja para morar ou para investimento, é a valorização da aquisição desse bem em comparação a uma série de aplicações financeiras | Foto: Roberto Custódio 26/01/20

Especialistas no mercado imobiliário são unânimes ao dizer que a hora de comprar imóvel para investir ou para morar é agora, devido a uma série de fatores, como a baixa taxa de juros dos financiamentos e a valorização do imóvel acima de aplicações financeiras.

“Não tem oportunidade melhor para comprar imóvel em termos de custo do que agora”, declarou o imobiliarista Raul Fulgencio.

Um dos principais motivos para a aquisição de um imóvel está nas baixas taxas de juros cobradas nos financiamentos. De acordo com o especialista, hoje os índices variam de 6% a 7% ao ano, o que na prática representa uma prestação muito mais baixa a ser paga todo mês pelo comprador.

“Quatro anos atrás, esses juros estavam na casa de 14%. Hoje o valor da prestação caiu pelo menos um terço e passou a caber no bolso do consumidor”, comparou.

Os bancos, por sua vez, querem a cada dia oferecer mais financiamentos aos compradores de imóveis. “E nessa disputa quem ganha é o consumidor”, destacou Fulgencio. Soma-se a esses fatores o fato de a pandemia ter acelerado a decisão de as pessoas se mudarem para um imóvel melhor, já que a maior permanência em casa criou essa demanda.

Outro motivo importante que favorece a compra de um imóvel, seja para morar ou para investimento, é a valorização da aquisição desse bem em comparação a uma série de aplicações financeiras.

“Hoje a valorização está na casa de aproximadamente 6% ao ano, o imóvel é um bem que traz segurança. O dinheiro investido no banco não está rendendo mais nada. Quando esse dinheiro deixa de render, existe uma busca por outro tipo de renda. Por outro lado, o INCC [Índice Nacional de Custo de Construção] está sendo corrigido todo mês porque o custo da mão de obra vem subindo”, pontuou.

O INCC é o índice utilizado para reajustar as parcelas dos contratos de compras de imóveis durante a fase de construção. Como o preço dos materiais de construção subiu muito nos últimos 60 dias, deverá haver impacto no preço final dos imóveis, valorizando os bens.

Em 45 dias, construtora vendeu o volume planejado para um ano

Luiza Pires: “Foi uma surpresa extremamente positiva para nós. Quando começou a pandemia, as pessoas passaram a notar a importância do lar”
Luiza Pires: “Foi uma surpresa extremamente positiva para nós. Quando começou a pandemia, as pessoas passaram a notar a importância do lar” | Foto: Divulgação

A diretora de marketing da Quadra Construtora, Luiza Pires, destaca que o aquecimento do mercado vem em uma crescente desde abril, mês a mês. “Foi uma surpresa extremamente positiva para nós. Quando começou a pandemia, as pessoas passaram a notar a importância do lar”, destacou.

O cenário vem sendo tão positivo que a construtora teve total segurança para lançar, há 45 dias, um empreendimento residencial com foco em quem está à procura do primeiro imóvel ou deseja morar em um lugar menor e mais funcional. “Em 45 dias, atingimos um volume de vendas que esperávamos alcançar em um ano”, comemorou.

Além disso, a construtora retomou, há 15 dias, a comercialização de uma torre comercial com salas destinadas à área médica, com toda infraestrutura preparada. “Quando entrou a pandemia, suspendemos a comercialização. Após a retomada, estamos atendendo bastante, tanto profissionais de saúde como investidores.”

E já tem novidade para o ano que vem. “O projeto de um edifício residencial de alto padrão está em fase final, com lançamento previsto para o início de 2021”, concluiu.

Família de professor sai do aluguel e compra apartamento

Com duas filhas adolescentes, um professor de Londrina, de 49 anos, morava em uma casa alugada. Com a pandemia, a família se mudou para um apartamento, pois um dos motivos é a manutenção mais fácil – a casa demandava muito mais tempo para limpar, tinha jardim para cuidar. “Também por uma questão de liberdade para as filhas, achamos que seria vantajoso morar no Centro, onde elas podem fazer muitas coisas sozinhas”, destacou.

A mudança foi em julho deste ano. Como o apartamento de três quartos era antigo, foi feita uma boa reforma.

“Usamos grande parte das nossas economias para dar a entrada e conseguimos uma boa condição de financiamento porque os juros estão mais baixos. Além disso, por causa da pandemia, sentimos que seria mais seguro investir nossos recursos em um imóvel ao invés de deixá-los aplicados, até porque o rendimento dos investimentos mais conservadores está muito baixo.”

A satisfação da família tem sido grande com a recente aquisição. “Estamos mais seguros sendo proprietários da nossa própria casa e, além disso, nessa situação de pandemia, foi mais fácil fazer as adaptações para manter quatro pessoas em home office tendo liberdade para mudar coisas na casa. O fato da manutenção ser mais simples e a localização ser mais acessível também melhorou nossa qualidade de vida, pois simplificou nosso dia a dia, que era nosso maior objetivo.”

Na antiga casa, a família também enfrentava problema de barulho por causa dos frequentadores de um posto de combustível, que ficou pior com a pandemia. “No novo apartamento é bem mais silencioso. Nosso maior desafio foi adaptar nossas duas cachorras à nova rotina, pois foram criadas em quintal, mas elas se acostumaram e agora estão bem”, concluiu.

Sinduscon projeta aquecimento do setor

O presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) Paraná Norte, Sandro Marques de Nóbrega, destaca que o setor da construção segue a tendência nacional de retomada econômica após um momento complexo, ligado principalmente aos primeiros meses da pandemia.

O presidente do Sinduscon Paraná Norte, Sandro Marques de Nóbrega, aponta que o setor da construção civil está contratando em Londrina, com saldo positivo de 239 vagas
O presidente do Sinduscon Paraná Norte, Sandro Marques de Nóbrega, aponta que o setor da construção civil está contratando em Londrina, com saldo positivo de 239 vagas | Foto: Divulgação

“Neste novo momento, dados do Caged (referentes a setembro) apontam que o segmento está contratando na cidade, com o saldo positivo de 239 vagas. Alguns fatores indicam que essa retomada caminha para um aquecimento do setor. O mercado atual tem uma demanda que estava retida: pessoas que buscavam imóveis antes da pandemia e agora estão decididas a fechar negócio”, diz.

Nóbrega acrescenta que o isolamento social e o home office também trouxeram um conceito diferente para a casa, que passou a ser ainda mais valorizada. “Outro fator importante são os juros para o financiamento imobiliário, que estão atrativos, e a facilitação de financiamento. Nesse sentido, acreditamos que seja um bom momento para fazer a aquisição de um imóvel para morar ou até mesmo para investimento”, destaca. Confira a entrevista com Nóbrega :

O mercado imobiliário passa mesmo por uma boa fase?

De fato, sim. O segmento da construção se preparava para uma retomada, e o que ficou inerte por poucos meses durante a pandemia agora se movimenta positivamente. No cenário nacional, julho foi um mês considerado bom para o setor, agosto subiu mais um degrau, setembro e outubro seguiram a tendência. O que favorece a compra de imóvel no momento atual são principalmente os juros, que foram reajustados em favor do consumidor, e a facilidade de financiamento. O consumo agora está direcionado para aquisição de moradia, e neste momento as famílias têm a oportunidade de pagar parcelas mais acessíveis.

Qual a principal dica para investidores?

O investidor tem a tradicional opção de adquirir um imóvel para que possa vender no futuro e se beneficiar com a valorização do bem, ou mesmo garantir renda com os aluguéis. Mas também é possível investir nos FIIs (fundos imobiliários). Esse tipo de aplicação tem crescido muito recentemente por conta dos juros reajustados, a renda fixa não tem sido tão vantajosa quanto em outros momentos. Inclusive, os FIIs bateram recorde na Bolsa de Valores no segundo semestre deste ano. Além disso, o fundo também propicia uma renda mensal.

O Sinduscon tem algum estudo sobre as regiões mais valorizadas da cidade?

Nós temos o Projeto dos Indicadores Econômicos, que traz mensalmente um panorama dos custos envolvidos na produção localmente. No entanto, não há nada específico quanto às regiões da cidade, somente no âmbito do acompanhamento das obras públicas e investimentos financeiros por parte da Prefeitura de Londrina. Mas o que se percebe entre os associados é que, além da zona sul, que por anos foi a grande aposta das construtoras, outras áreas também têm sido encaradas como grande oportunidade para empreendimentos. A zona leste, por exemplo, está em franca expansão e já tem uma série de novas construções e obras em andamento. E a própria zona norte, que tem uma efervescência e se torna interessante para os empresários. Essa valorização ramificada por diversas regiões da cidade é mais uma prova do poder e da importância do segmento para Londrina. Na cidade, o setor é responsável por quase 15% do PIB.

Algo mais que considera relevante?

Estamos diante de um momento único, no meio de uma pandemia, e uma retomada nesses moldes é algo muito expressivo e importante para a economia local. Momento nevrálgico também para desenvolvermos ações voltadas ao segmento. E é justamente isso que o Sinduscon Paraná Norte está realizando. Estamos trabalhando para tornar o setor mais inovador e criando projetos tecnológicos. Temos, por exemplo, um hub de inovação dentro da entidade, o Construhub. Criamos o Projeto dos Indicadores Econômicos, que a curto prazo tem capacidade de fornecer uma base de dados para embasar decisões dos empresários. Além disso, foi lançada nesta segunda-feira (23) uma Sondagem Industrial da Construção Civil para analisarmos mais a fundo a percepção e as demandas do empresariado.