Você pega o controle da tevê e começa a zapear. Pula de canal em canal e nada. Só para quando toma aquela dura da patroa: "Será que dá pra deixar em um lugar só?". Sem achar o que tanto queria, entrega o controle para ela e vai tomar água, fazer xixi, tirar o sossego do cachorro, que está esparramado lá na sacada. Tudo é entediante. Pega, então, o smartphone, entra em alguma rede social e começa a rolar o feed. A cabeça, porém, não está ali. Se você também vive esse drama nesta época do ano, fique tranquilo. Trata-se da síndrome das férias do futebol brasileiro, um incômodo fenômeno que ocorre todo ano entre dezembro e janeiro e atinge milhões de torcedores. Eu e você que está lendo fazemos parte desta estatística.

É aquela máxima: "ruim com ele, pior sem ele". Por mais que o nível esteja terrível, ficar sem um joguinho de dois times brasileiros para assistir é soda. A crise de abstinência reflete em tudo, já que o humor muda. Você não tem aquele perna de pau do seu time pra xingar, não pode cornetar o amigo do trabalho porque o time dele perdeu. Mandar aquele meme no grupo da família também tem que ficar pra fevereiro. Até o juiz está de férias e nem dá pra reverenciar a mamãe dele.

Ah, mas tem os campeonatos europeus, diria o outro. Grande coisa! Nossa, que massa poder abrir uma cerveja e um pacote de amendoim cavalo para ver o jogão entre PSG e GSI Pontivy (quem?).

No Brasil de hoje, fomos mal acostumados. Todo dia tem futebol. De segunda a segunda. Claro, boa parte desses jogos é uma grande pelada brava, mas e daí? É que temos.

E enquanto a bola não volta a rolar, precisamos nos contentar com as especulações do período. Agora, soma-se a elas o "mimimi" clubístico também, como o do Cruzeiro com o Flamengo, numa história que não tem nem mocinho. Hora de um dirigente reclamar de outro por algo que ele mesmo fazia até outro dia e seguirá fazendo. Aquela hipocrisia básica que tanto está presente em nosso dia a dia. Enfim, hora de encher o noticiário com tudo, menos com futebol.

Mas muita gente, assim como eu, está curiosa para ver esse cenário que se desenha para 2019 após a ida dos clubes ao mercado. Palmeiras, Flamengo, São Paulo, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG... A esperança é de um ano mais bonito em campo e mais equilibrado.