A renovação de contrato do atacante Dagoberto com o Londrina já vem ganhando ares de novela mexicana. O último capítulo é a apelação do gestor do futebol do clube, Sérgio Malucelli, para que 5 mil alvicelestes façam a adesão ao programa sócio-torcedor. Só assim, segundo o mandatário, seria possível viabilizar a volta do jogador para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro.

Bem, o sócio-torcedor é uma das grandes fontes de rendas dos principais clubes do mundo e no Londrina também poderia ser, mas nunca pegou. Por que a torcida não encampou a ideia? Talvez. Entretanto, creio que os motivos principais sejam outros.

Nunca o programa foi levado a sério nem mesmo dentro do clube. Ainda faltou ao marketing do Tubarão, umas das áreas que mais deixam a desejar no Londrina, mostrar os benefícios que o torcedor teria aderindo ao programa, uma via de mão dupla em termos de retorno. Muito gente não faz a conta de que os descontos em produtos que todo mundo usa no dia a dia aplicados pela rede de parceiros já cobrem o valor da mensalidade e sobra. Ainda há o bônus de poder ir a todos os jogos na faixa. Fora isso, para fortalecer o programa e incentivar o torcedor a se associar, é preciso que os valores dos ingressos sejam majorados e muito, além de resistir e manter essa política de preços durante a temporada toda, não fraquejando no primeiro post de torcedor não sócio bronqueado ou mesmo após algum comentário ácido nas rádios.

O Operário de Ponta Grossa acertou a mão neste quesito. As conquistas em campo, com o título do Paranaense, em 2015, e da Série C, no ano passado, impulsionaram o programa. Em 2018, o número de sócios dobrou, ultrapassando a marca de 6 mil inscritos, que geram uma grande receita anual ao clube. Além dos resultados em campo e um bom marketing, o Fantasma elevou e muito os valores dos ingressos e manteve-se firme mesmo sob cobrança para que fossem reduzidos. Assim, o torcedor viu que era mais negócio se associar.

Confesso que sou das antigas e prefiro ingresso a preços populares, como ocorreu na reta final da Série B. Futebol é esporte do povo. É muito melhor ter 15 mil pessoas no Cafézão pagando quinzão do que 3 mil sócios. Por outro lado, sei que é caro botar um time competitivo em campo e o programa de associados bem sucedido traria uma garantia financeira para toda a temporada. Assim, se o clube realmente quiser voltar a focar no sócio-torcedor, vai ter que adotar o ingresso caro e fazer vista grossa para as porradas que vai tomar.