Imagem ilustrativa da imagem A lista de Tite



Poucas vezes a convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo foi tão previsível quanto a feita na tarde de segunda-feira (14) pelo técnico Tite. Todo mundo conhecia 90% dos nomes que estariam nela e desconfiava quem seriam os outros 10%.

Claro que, como todas as outras, houve descontentamento com um ou outro nome, mas nada clamoroso. Uns queriam o trio gremista Marcelo Grohe, Arthur e Luan nas vagas de Cássio, Fred e Taison. Há uma ou outra divergência ainda, mas nada muito barulhento. Eu levaria o Rafinha no lugar do Fagner, por exemplo, mas paciência.

O retrospecto e a capacidade de retomar o orgulho do brasileiro pela seleção, após furacões que passaram por ela antes dele assumir, criaram uma espécie de blindagem para as decisões do treinador: "Queria o Fulano, mas como é o Adenor, pode levar o Beltrano, sem problemas".

Isso é bom e ruim. Bom porque dá tranquilidade ao trabalho dele e dos atletas. Não há aquela cobrança e questionamentos que tiram a paz, tumultuam o ambiente e colocam em xeque o trabalho do treinador. Por outro lado, passa a má impressão de que tudo está ótimo e que tudo o que Tite faz está mais do que certo e isso nos fará ganhar a Copa. Não é bem assim.

O fato é que a seleção, mesmo com a perda de Daniel Alves, um ótimo lateral e um líder em campo, está em um nível de conjunto, atuação e respeito bem mais alto do que em outros tempos e é, sim, uma das favoritas ao título. Entretanto, os 23 escolhidos precisam tirar das costas aquela obrigação do título que vinha sendo carregada pelas seleções anteriores. Essa obrigação só atrapalha, traz uma pressão desnecessária. É preciso deixar esses caras jogarem como jogam em seus clubes, com alegria, com vontade, com a devida seriedade.

São jogadores campeões, vencedores e milionários, mas que em comum não têm algo que o dinheiro não pode comprar: o título mundial, o ponto mais alto na carreira de um jogador. Cabe a Tite colocar isso na cabeça deles e controlar o ambiente e o ego de sua maior estrela: Neymar. Mostrar que a seleção é mais importante do que ele. Quando jogou para o time, seja no Brasil, no Barcelona ou no PSG, foi muito mais produtivo e elogiado. Ninguém ganha nada sozinho.

REDENÇÃO

Fiquei especialmente feliz com a confirmação da convocação do meio-campista Fernandinho, do Manchester City. O londrinense é um dos melhores jogadores do mundo em sua posição. Além de ser uma grande pessoa, de caráter e coração gigantes, foi injustamente crucificado após o 7 a 1 da Alemanha e tem, agora, a oportunidade de dar a volta por cima.