Imagem ilustrativa da imagem Imbecilês, a língua politicamente correta
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O revolucionário Lev Trotsky certa vez disse que no advento da sociedade comunista todo varredor de rua se transformaria em um Goethe. A realidade foi um tanto menos poética: a partir de 1948, nos países do Leste Europeu, os escritores é que viravam varredores de rua, e esse foi o caso do romancista tcheco Ivan Klíma. Proibido pelos comunistas de exercer a sua profissão, Klíma sobreviveu por um tempo limpando as ruas de Praga. Dessa experiência nasceu o livro "Amor e Lixo", cuja leitura recomendo a vocês sete.

Foi Ivan Klíma quem deu um novo sentido à expressão "imbecilês". O termo original se refere a um idioma criado por cientistas nos Estados Unidos, composto por apenas 225 palavras, para a comunicação entre pessoas e chimpanzés. Em certa passagem de "Amor e Lixo", o protagonista do livro percebe que os líderes comunistas, bem como seus seguidores na imprensa e na academia, estão falando uma nova forma de imbecilês. Não mais para a comunicação entre os seres humanos e os macacos, mas para que as elites falantes pudessem se diferenciar das pessoas de "senso comum" - nós, os chimpanzés. Eis a língua politicamente correta!

Algo parecido ocorre no romance "1984", de George Orwell, com a criação de "novilíngua" pelas autoridades socialistas. Inimigo feroz dos totalitários de seu tempo, Orwell acreditava que a falta de sinceridade é o maior inimigo do escritor, "e a linguagem da falta de sinceridade é o clichê". Em sentido semelhante, Martin Amis declarou que o trabalho do escritor pode ser definido como "luta contra o clichê".

No imbecilês ideológico, a riqueza expressiva da língua é substituída por clichês e frases feitas. Contaminado pelo vírus politicamente correto, o idioma vai sendo esvaziado de sentido e as palavras deixam de expressar a realidade e passam a ocultá-la. É a língua do marxismo cultural, que o filósofo Olavo de Carvalho descreveu (e denunciou) em seu famoso livro "O Imbecil Coletivo"; por isso, Olavo é tão odiado e atacado. Pudera: no Brasil, o sujeito escolhido pela esquerda como patrono da educação é um mestre do imbecilês!

Os atuais falantes do imbecilês detestam o povo e a alta cultura, pois a sabedoria popular e as grandes obras do espírito humano têm o poder de desmascarar as mentiras ideológicas. Outra maneira de vencê-lo é a alfabetização correta; não por acaso, os marxistas culturais estão desesperados com essa possibilidade e vivem atacando o ministro Ricardo Vélez e o professor Carlos Nadalim.

Felizmente, o nosso povo caiu em si e não aceita mais falar a língua do politicamente correto. Não admitimos mais ser tratados como os chimpanzés dos ideólogos. Pouco a pouco, os brasileiros resgatam as virtudes cívicas e morais, libertando-se das amarras do marxismo cultural. Devidamente alfabetizados, se Deus quiser, resgataremos o idioma de Camões, Pessoa, Machado e Bandeira. Quanto ao imbecilês, que vá para a lata de lixo da história.

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