Imagem ilustrativa da imagem A semente da inteligência
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Na verdade, cronista não tira férias. Nos últimos 30 dias, também vi e vivi todas as emoções e perplexidades que vocês sete viram e viveram. O dedo coçou para escrever o tempo todo. Mas hoje eu gostaria de falar sobre o melhor momento das minhas férias, que aconteceu neste último fim de semana.

Uma querida amiga, a promotora Cláudia Morais Piovezan, foi a idealizadora e coordenadora do Fórum EDA — Educação, Direito e Alta Cultura, realizado nos dias 15 e 16 de junho, em Londrina. Por iniciativa própria, sem nenhuma verba oficial, ela trouxe à nossa cidade nomes de referência do meio jurídico e cultural brasileiro, que discutiram saídas para a crise civilizacional em que o Brasil está mergulhado. O evento contou com mais de 100 participantes, vindos de vários estados brasileiros. A Folha de Londrina estava entre os apoiadores.

Rara vez tive a chance de ver a realidade brasileira descortinada de maneira tão corajosa. Na palestra de abertura, o procurador Edilson Mougenot Bonfim, conferencista de renome internacional e fundador da Escola de Altos Estudos em Ciências Criminais, ofereceu-nos um diagnóstico perturbador sobre a situação da Justiça no Brasil. Em seguida, os promotores Diego Pessi e Leonardo Giardin de Souza, autores do livro "Bandidolatria e Democídio" (obra que recomendo fortemente), fizeram uma veemente denúncia sobre os males do garantismo penal, doutrina jurídica de forte viés marxista, que vem semeando a impunidade entre os criminosos no Brasil.

O promotor Bruno Carpes, do Rio Grande do Sul, desmascarou, com dados contundentes, o mito do "encarceramento em massa" — afinal, estamos em um país em que 92% dos homicídios não geram sequer indiciamento! A juíza Ludmila Lins Grilo, de Minas Gerais, alertou para uma das sérias ameaças à democracia brasileira: o "ativismo judicial" do STF. Se os ministros do Supremo passam a legislar, instaura-se aquela que Rui Barbosa dizia ser a pior das ditaduras — a ditadura do Judiciário. Aí não há a quem recorrer...

Mas o Fórum EDA não se limitou a fazer uma análise jurídica da situação brasileira. A crise da inteligência nacional — e o caminho para resgatá-la — foi o tema comum nas excelentes palestras do professor e escritor Carlos Nadalim, do maestro Dante Mantovani, do professor e escritor Fausto Zamboni, do ensaísta Bernardo Pires Küster e do promotor e músico Luke De Held. Este cronista de sete leitores teve a honra de participar também, como testemunha e aprendiz.

O encontro no auditório do Shopping Aurora se encerrou com uma pequena mas brilhante participação do filósofo e escritor Olavo de Carvalho. Citado como referência para todos os participantes do evento, Olavo mostrou que o pequeno grão de mostarda lançado pela dra. Cláudia Piovezan pode se tornar, daqui a algum tempo, uma árvore frondosa sobre a nação. Sem o espírito, nada se move.
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Não sei quanto a vocês, mas eu senti saudade.
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