Imagem ilustrativa da imagem A censura da inteligência
| Foto: Daniel Gordon/Grupo Editorial Record



O escritor e antropólogo Flavio Gordon, um dos mais brilhantes nomes do conservadorismo brasileiro, acaba de ser bloqueado no Facebook por um mês. Ele é mais uma vítima da onda de censura esquerdista que tomou conta das redes sociais no período eleitoral. Autor do best-seller "A Corrupção da Inteligência", Gordon concedeu uma entrevista à Avenida Paraná para falar sobre a perseguição que os conservadores vêm sofrendo na rede:

Avenida Paraná: Qual foi o motivo do seu bloqueio na rede social?
Flavio Gordon: O motivo por eles alegado foi o de que a minha publicação - e eu cito - "está violando nossos padrões sobre discurso de ódio". A minha postagem consistia numa piada sobre o duplo padrão da militância LGBT, que escarnece da Igreja Católica (que os acolhe), e cala reverencialmente em relação ao islamismo, que os criminaliza em todas as nações onde impera. O motivo real, eu só posso crer que seja pelo fato de eu ser conservador e bastante atuante nas redes, sobretudo nesse período eleitoral.

Qual é o tema mais urgente do Brasil hoje?
Acho que um dos temas que mais clamam pela nossa intervenção é o da segurança pública. Nesta semana, durante a entrevista do Alckmin no JN, tivemos por parte dos entrevistadores a sugestão de que o PCC o responsável pela redução dos homicídios em SP. A bandidolatria da nossa classe falante (cujo corolário lógico é um ódio visceral às forças armadas e policiais, tidas como mantenedoras da ordem burguesa) está cada vez mais evidenciada e nós, formadores de opinião de direita, temos o dever moral de representar a população brasileira vitimada pelo crime, e que já não aguenta mais tanta tolerância, negligência e impunidade em face de nossa barbárie cotidiana. Outro dia mesmo, a minha diarista, senhora de 60 anos, estava às 6 da manhã no ponto de ônibus vindo para o trabalho quando foi abordada por dois homens e uma mulher armados com fuzis. Os bandidos bateram nela, dando-lhe um murro no ouvido que a mandou para o hospital com labirintite. Afanaram-lhe todos os pertences, incluindo o celular, que com tanto esforço ela conseguiu comprar. Nosso papel é dar voz a essas pessoas, que, de nossa elite cultural, recebem apenas desprezo e escárnio. Há uma coincidência natural e espontânea entre a tradição intelectual conservadora e o conservadorismo instintivo do povo brasileiro. Precisamos organizar essa comunhão de valores.

Como você vê essa onda de censura na internet?
Vejo, claro está, com muita preocupação. A internet foi a única válvula de escape para as ideias e valores de direita, por tanto tempo suprimidos do debate público. É um terreno arduamente conquistado, e em que pudemos fazer ecoar vozes de outro modo inaudíveis. A esquerda sentiu o golpe da perda da hegemonia e, como é sua tradição, já se organizou admiravelmente em torno do projeto de retomar (e, dessa vez, de modo total e definitivo) o controle sobre a cultura nacional. Temos de fincar o pé nesse pedacinho de terra, sem retroceder um milímetro.

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