Londrina está atenta à necessidade de se reinventar
Na quarta-feira (27), novamente lideranças e representantes dos mais diversos setores estiveram reunidos no Sebrae para discutir as propostas apresentadas pela Fundação CERTI, visando dar novos contornos ao desenvolvimento de nossa cidade.
Antes de tudo, vamos a um preâmbulo.

Um mundo em transformação
Estudo da Accenture Reseach, divulgado na última quinta-feira (28), aponta para a vulnerabilidade do mercado de trabalho em função da adoção de novas tecnologias, seja pela automação robótica, inteligência artificial ou internet das coisas.
Postos de trabalho baseados na repetição de tarefas estão fadados a desaparecer.

E o Brasil ainda não despertou
Segundo relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), tão somente 22% dos trabalhadores formais no Brasil realizam tarefas altamente qualificadas, contra, pelo menos 40% dos trabalhadores europeus e americanos.

O desafio atinge o trabalhador e o setor produtivo
Essa transformação no mercado de trabalho, fruto do surgimento de novas tarefas, exigirá aos trabalhadores agregar novas habilidades e o desenvolvimento de competências humanas focadas na criatividade, na colaboração, na adaptabilidade e na colaboração.
Mas nada disso fará sentido se não existirem empresas com visão inovadora, capazes de serem protagonistas neste cenário de rápidas mudanças.

É preciso estar um passo à frente
Para vencermos este desafio imposto por um ambiente em evolução é preciso a presença de empresas de base tecnológica (EBT), formando um ecossistema calcado na inovação.
Estas organizações baseiam a sua atividade empresarial na inovação tecnológica orientada ao mercado, dedicando-se à manufatura e comercialização de produtos e serviços inovadores gerados a partir de um uso intensivo do conhecimento científico e tecnológico.

Sem prescindir do poder público...
As instituições governamentais têm papel preponderante no desenvolvimento de um ecossistema inovador, seja atuando como facilitador das dinâmicas de interrelação, seja promovendo a aceitação pública face a políticas de ciência e tecnologia e também participando em parcerias de interesse social.

... e das universidades.
Compete às universidades o papel de agente promotor de desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento, visto sua capacidade de transferir conhecimento para o setor manufatureiro por meio de seus canais tradicionais: o ensino, a pesquisa e a extensão.

Alinhar as três hélices
Essa forma de induzir uma economia por meio da inovação tecnológica, alinhando estes três agentes: Empresa, Governo e Universidade, foi desenvolvida por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, na década de 1990 e denominada por eles como abordagem da tripla hélice.

Londrina constrói seu futuro
É sob esta perspectiva que mais uma vez se reuniram no Sebrae, na última quarta-feira (27), representantes destas três hélices para prosseguir no planejamento iniciado em 15 de agosto, buscando, sob a batuta muito competente da Fundação CERTI, delinear os rumos para o Ecossistema de Inovação de Londrina.

Calcado em cinco vetores de inovação
Conforme escrevi na coluna de 21 de agosto, foram identificados cinco vetores capazes de impulsionar processos de inovação para Londrina: Cadeia do Agronegócio; Setor da Saúde; Setor Eletrometalmecânico; Setor Químico e Materiais; e Setor de TIC – Telecom, Hardware e Software.

Protagonistas de nosso destino
Londrina planeja as próximas décadas buscando na inovação e na tecnologia, atender as demandas do mercado e da sociedade, garantindo que nossa gente tenha espaço para exercerem trabalho qualificados. Cumpra-se.

Marcos J. G. Rambalducci, economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.