Imagem ilustrativa da imagem Soviete Nacional de Injustiça
| Foto: Shutterstock

O diabo submeteu Jesus a três tentações no deserto. Segundo o relato de São Mateus, a última delas foi quando levou Jesus a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e disse:

“Tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares.”

Jesus respondeu:

“Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e a Ele só prestarás culto.”

Ouvindo isso, o diabo deixou Jesus.

Ora, o pecado humano consiste em acreditar que o diabo pode, realmente, dar a nós esse poder total sobre a realidade. As utopias políticas surgem quando o homem cai na terceira tentação do diabo; e um terrível exemplo pôde ser visto claramente nos últimos 150 anos, com o sacrifício de milhões no altar das ideologias coletivistas.

Nossa Senhora de Fátima alertou: “A Rússia espalhará seus erros pelo mundo”. Convém lembrar que o erro da Rússia é decorrência daqueles que caíram na terceira tentação do diabo, e se inebriaram com o poder.

O slogan repetido por Lênin antes do golpe de Estado que levou os comunistas ao poder, em 1917, era “Todo poder aos sovietes”. Poucos se lembram, no entanto, que “soviete” em russo quer dizer “conselho”. Desde o início, o “poder dos sovietes”, apresentado como uma forma de democracia direta, foi uma grande farsa. Toda a composição dos sovietes era determinada pelos chefões comunistas.

Eis que, 100 anos depois, a esquerda ainda continua a utilizar a mentira dos “conselhos” para tentar controlar o poder que lhes foi negado pelas vias democráticas. Em sua maioria, os conselhos — sejam eles comunitários, profissionais ou institucionais — não passam de coletivos não-eleitos onde a minoria militante tenta mandar nos cidadãos comuns. No Brasil, conselhos quase sempre são sovietes; a maioria deles deveria ser extinta (como vem tentando fazer o atual governo); os restantes podem ser transformados em órgãos meramente consultivos.

Nesta semana, veio a público mais uma decisão absurda de um poderoso soviete brasileiro — no caso, o Conselho Nacional de Justiça. Por meio de uma resolução enviada a todos os juízes do Brasil, o corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, determinou que todos os “Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, Tribunais Regionais Federais, Trabalhistas e Militares (...) deem cumprimento aos atos normativos e às decisões proferidas pela Corregedoria Nacional de Justiça, ainda que exista ordem judicial em sentido inverso, salvo se advinda do Supremo Tribunal Federal”.

Traduzindo: o CNJ decidiu, na prática, abolir a Justiça brasileira. Trata-se de um órgão não-judicial colocando-se acima da lei, da Constituição e do Poder Judiciário. Até onde isso pode nos conduzir, ainda desconhecemos; mas certamente não será a um bom lugar. “Tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares.”

Este cronista dá um doce para quem disser em que governo o CNJ foi criado.