Acompanhei, com pesar e revolta, o caso do assassinato da bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, ocorrido em Mandaguari, no último dia 25. Estuprada e asfixiada por um ou dois monstros ainda não identificados, Magó era uma personalidade conhecida nos meios culturais do Norte do Estado, e sua morte motivou manifestações públicas em repúdio ao bárbaro crime. Espero que os responsáveis por essa monstruosidade sejam identificados, presos e apodreçam na cadeia.

Uma das frases proferidas nas manifestações da semana passada era: “Parem de nos matar”. Creio ser uma frase importante e justa, e espero que nossas autoridades continuem a ouvi-la. Felizmente, pela primeira vez em décadas, temos um governo que se dispõe a combater efetivamente todas as formas de crime, e os resultados começam a aparecer: o índice de homicídios no Brasil caiu 22% no ano passado, assim como todos os outros crimes, incluindo estupros (-13,6%). Essa guerra contra o crime não pode parar.

Recentemente, li pela segunda vez o clássico “A Sangue Frio”, de Truman Capote, que mostra o caso real do assassinato de uma família americana por dois bandidos nos anos 50. Sempre que vejo casos semelhantes ao da bailarina Magó, lembro-me desse livro, e ocorrem-me as velhas perguntas: O que se passa pela mente de um criminoso? Qual é a verdadeira natureza da maldade humana? Como podemos nos proteger contra o mal e punir os malfeitores?

No mesmo dia em que Magó foi violentada e morta, uma família de São Bernardo do Campo teve também um terrível destino. Romuyuki Gonçalves, de 43 anos, sua mulher Flaviana, de 40, e seu filho Juan, de 15 anos, tiveram a casa invadida por bandidos. Os invasores procuravam pelo cofre da casa, onde supostamente haveria R$ 85 mil em dinheiro. Como o cofre estava vazio, eles decidiram matar a família.

O primeiro a morrer foi o jovem Juan; em seguida, foi a vez de Romuyuki. Enquanto o marido e o filho eram mortos, Flaviana era mantida amarrada e vendada; ela foi a última a morrer. Segundo o laudo do IML, as três vítimas foram mortas a pauladas. A sangue frio.

Mas o pior não é isso. Segundo a polícia, todas as evidências apontam a participação direta de Ana Flávia Menezes Gonçalves, de 24 anos, e sua namorada Carina Ramos, de 31. Ana Flávia é filha e irmã das vítimas. De acordo com as investigações, elas estiveram presentes e orientaram todo o procedimento dos bandidos, inclusive a queima dos corpos. A defesa de Ana Flávia e Carina diz que elas são inocentes, mas ambas preferiram permanecer caladas.

Magó pertencia a uma família. Romuyuki pertencia a uma família. Flaviana pertencia a uma família. Juan pertencia a uma família. Todos eles foram vítimas de uma força destruidora que não podemos nos furtar a combater. Por isso eu respeitosamente peço licença para usar a frase dos dos recentes protestos com uma pequena, mas importante alteração: — Parem de matar nossas famílias.