Imagem ilustrativa da imagem O homem que disse não
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O Brasil inteiro recebeu uma notícia incrível: o homem honesto existe. Chama-se Flávio Turquino — e é londrinense. Em três anos de trabalho, o juiz Sérgio Moro e sua equipe haviam procurado incessantemente por ele, mas só o encontraram quando um delator resolveu abrir o jogo:

— Com o Flávio não tem conversa. Ele não aceita propina.

Alguns darwinistas sociais pensavam que a espécie estava extinta. Mas não: o sujeito honesto vive, respira, ama e trabalha. É um exemplar de Homo sapiens, e um homem exemplar. Um cidadão que simplesmente gosta de fazer as coisas certas e rejeitar as erradas. Um filho que não quis envergonhar a família. Um profissional que não quis macular sua biografia.

Convidado por seus méritos para uma alta diretoria no Ministério da Agricultura, o veterinário londrinense ficou apenas dois meses no cargo, em 2013. Voltou para a iniciativa privada. Discreto, mora hoje em Rolândia.

O Brasil diz sim ao homem que disse não. Todos nós, cidadãos comuns, pagadores de impostos, sofredores da crise e artistas da sobrevivência, precisamos imitar o homem honesto.

É curioso que lá em 2013 alguns sindicalistas tenham criticado a indicação de Flávio Turquino, alegando que seu currículo registrava passagens por grandes empresas. Fiquei a pensar: se ele fosse indicado por um político, um burocrata, um sindicalista, um movimento social — aí tudo bem. O que não pode é ter vindo da iniciativa privada. Isso jamais! Eis a empresariofobia em estado puro.

Pela milionésima vez, provou-se o que todos nós já sabemos: os maus políticos não repudiam empresários — eles só não gostam daqueles que se negam a fazer seus esquemas. A corrupção, no Brasil, não é uma doença do governo; ela é o próprio governo. O Estado não sofre de parasitose; o parasita é o próprio Estado. O normal passou a ser exceção; ali o homem honesto sente-se um estrangeiro.

Por isso eu acho que precisamos seguir o exemplo de nosso conterrâneo e dizer NÃO. Para tanto, basta seguir uma regra de ouro: — O que eles querem que você faça, não faça; o que eles querem que você não faça, faça.

Eles querem mais leis? Vamos revogá-las. Eles são contra as reformas? Vamos reformar. Eles querem elevar os impostos e os encargos trabalhistas? Vamos diminuí-los. Eles querem aumentar os gastos públicos? Vamos reduzi-los. Eles defendem estatais? Vamos privatizá-las. Eles querem fazer greves no setor público? Vamos proibi-las. Eles querem diferenciar trabalhadores? Vamos igualá-los. Eles querem censurar a internet? Vamos libertá-la. Eles querem doutrinar nossas crianças? Vamos denunciá-los. Eles querem ideologia de gênero? Vamos desmascará-la. Eles querem punições mais leves para estupradores? Vamos aumentá-las. Eles querem controlar as opiniões? Vamos divulgá-las. Eles querem pichações? Vamos apagá-las. Eles querem acabar com a família? Vamos defendê-la.

Há um Flávio Turquino dentro do coração do povo brasileiro. Chegou a hora de libertá-lo. Chegou a hora de fazer como ele — e dizer NÃO.

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