Imagem ilustrativa da imagem Eis o Cordeiro de Deus
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"Nada se perde senão para ser salvo."
(Tertuliano, séc. II)

Não estou falando por ouvir falar, eu vi com meus próprios olhos. Aos pés da imagem do Sagrado Coração de Jesus, na Catedral de Londrina, passavam dezenas de pessoas todos os dias. Diante da imagem do Padroeiro, encontrei homens e mulheres de todas as idades, origens e classes orando, agradecendo, suplicando, chorando, vivendo a Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo. Nos últimos 40 anos, o número de fiéis que se ajoelharam ali seguramente chegou às centenas de milhares. É preciso ter um coração de gelo e um espírito de porco para não respeitar a fé de tanta gente. O que acontecia ali não era a adoração de uma estátua, era a consolação de um povo.

Agora a imagem foi destruída. Arrancaram-lhe a cabeça, exatamente como faziam os revolucionários franceses no final do século XVIII e como continuaram fazendo os revolucionários de outras épocas — tanto nas imagens como nas próprias pessoas.

Ainda que o agressor estivesse fora de si, o ato possui um simbolismo demoníaco. Uma cidade inteira foi agredida naquele momento; fomos feridos com o Coração de Jesus. Os católicos de Londrina estão sangrando: tudo que pedimos agora é respeito.

Há exatos 40 anos, em 1978, outra imagem foi destruída por um fanático: a estátua em barro de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil. Encontrada sem a cabeça por três pescadores em 1717, e dias depois reconstituída por milagre, a imagem voltou a se quebrar no ano em que o papa João Paulo II assumiu o Trono de São Pedro. A artista plástica Maria Helena Chartuni teve a graça de restaurar a imagem da Padroeira.

A reconstituição das imagens sacras é sinal e mensagem da Ressurreição. Dom Orlando Brandes, ex-arcebispo de Londrina e agora arcebispo de Aparecida, diz no livro "Aparecida e Sua Mensagem": "O pecado quebrou a imagem divina em nós. Estabeleceu-se uma ruptura na relação com Deus, com os outros, com nós mesmos e com o cosmos. Nascemos quebrados, feridos, divididos. A imagem quebrada de Aparecida nos remete a essas qualidades quebradas e tantas outras. Mas o que estava quebrado foi refeito e reconstituído pela graça redentora".

Vivemos num tempo em que o sofrimento das pessoas é transformado em bandeira para projetos de poder hegemônico, controle social e dominação ideológica. Tempo de falsas vítimas, que só desejam vingança contra os adversários e submissão da coletividade. Tempo em que a família é atacada por todos os lados, por todos os meios, todos os dias, sem a mínima compaixão.

Na Catedral, há também o quadro da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Essa imagem permaneceu alguns anos em exílio, e depois foi reentronizada. Com suas idas e vindas, a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços tornou-se agora, por assim dizer, uma testemunha de um vilipêndio. Diante da terrível cena, rezamos com a Mãezinha:
Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.