1. Nos últimos dias, este cronista de sete leitores foi atacado por um jornalista e um padre. Conheço José Antonio Pedriali, o jornalista, e Manuel Santos, o padre, há mais de 25 anos. Estivemos lado a lado em muitas jornadas. Mas isso não lhes dá, evidentemente, o direito de me atacar com falácias. Sou amigo deles, mas sou mais amigo da verdade.

Imagem ilustrativa da imagem A um jornalista e um padre
| Foto: Paulo Briguet

2. O argumento central de Pedriali é de uma fragilidade espantosa. Em suma, ele diz: “A norma da Igreja critica a partidarização e o socialismo; você critica a partidarização e a ideologia socialista promovidas por membros da Igreja. Logo, você está afrontando a Igreja”. Ora, isso é um absurdo, rapaz. Com tantos anos de jornalismo e literatura, você é incapaz de diferenciar entre uma regra e o cumprimento de uma regra? Não sabe a distinção entre uma instituição criada por Deus e os atos individuais das pessoas que a compõem? Se o Papa Leão XIII repudia o socialismo e eu critico a infiltração socialista na Igreja, eu estou ofendendo Leão XIII? É como se alguém dissesse: “A sociedade proíbe o crime; se você denuncia um crime, está afrontando a sociedade”. Ah, Pedriali, passa amanhã!

3. Pedriali diz que uso dois pesos e duas medidas para tratar a Igreja Católica e as denominações evangélicas. Mas é evidente que sim, colega. Aliás, não uso apenas dois pesos e duas medidas, mas 400 pesos e 400 medidas, que correspondem ao número de denominações protestantes que existem em Londrina. Cada uma delas tem uma história, uma hierarquia e um conjunto de regras. A diferença — que talvez pareça pequena a você — é que a minha Igreja tem 2 mil anos. Para mim, não é pouco.

4. Aí vem a habitual acusação de “ódio”, feita pelo padre Manuel. Sabemos que essa palavra passou a ter outro sentido de uns anos para cá:“discurso de ódio” é tudo aquilo que desagrada à esquerda. Quando Jesus Cristo nos disse para amar nossos inimigos, ele não estava ordenando que nos acovardássemos diante do mal. Pelo contrário: “oferecer a outra face” é permanecer diante do inimigo, desafiando-o abertamente — o que procuro fazer todos os dias.

5. Talvez o padre Manuel tenha se melindrado com as críticas que fiz à participação de sacerdotes em partidos políticos, tendo em vista que ele já foi candidato pelo PPS — o antigo Partido Comunista Brasileiro. E Pedriali serviu — de maneira honrada, tenho certeza — a políticos do PT e do PSDB.

6. Ao utilizar o velhíssimo clichê do “Estado laico” — que na verdade, é um disfarce para o ódio anticristão —, Pedriali evoca a Revolução Francesa. Sim, a mesma Revolução Francesa que calou e guilhotinou milhares de padres e religiosos durante o Grande Terror. A mesma Revolução Francesa responsável pelo primeiro genocídio da era moderna — o massacre dos cristãos na rebelião da Vendeia, onde as forças jacobinas trucidaram 170 mil pessoas, inclusive mulheres e crianças. Quando alguém usa a expressão “Estado laico” e “Revolução Francesa” na mesma frase, faço o sinal da cruz, pois sei exatamente onde acaba tanto “amor” pelo cristianismo.

7. Por fim, uma triste conclusão. O ódio que Manuel e Pedriali sentem pelo Bolsonaro é maior do que qualquer amizade que tenham por mim. Eles devem preferir a Petra Costa.