Imagem ilustrativa da imagem A rotina diária de um cronista
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1. Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?

Acordo às 5h45, rezo o terço, levo o cachorro para passear, tomo café, sento-me diante do computador e começo o trabalhar. Quase sempre, tomei algumas notas no dia anterior e já tenho uma ideia do que vou escrever. Mas acontece também de acordar com uma ideia completamente nova, seja porque sonhei, seja por algum livro que li ou música que escutei, seja pelo impacto de alguma notícia ou mensagem. Às vezes, a ideia nova surge quando estou caminhando com o Cisco (meu cachorro vira-lata).

2. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?

Não tenho escolha. Preciso trabalhar de manhã, porque gosto de estar com a coluna pronta até meio-dia. São 2.900 caracteres; esse número me persegue. Colunista diário não é gente normal. Escrevo todos os dias. De manhã, a coluna. À tarde, outras coisas. Mas também acordo para escrever à noite. Estou nessa vida de colunista há três anos e meio; já escrevi mais de mil crônicas e artigos nesse período. Nos últimos dois anos, publiquei um livro (“Coração de Mãe”) e estou escrevendo outro (“O Homem do Chapéu”). Minha próxima meta é escrever um romance e uma peça de teatro.

3. Como é o seu processo de escrita? Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

Na coluna diária, só duas pessoas leem o texto antes da publicação: eu e minha editora. Quando o tema é sensível, mostro o texto à minha mulher (que é uma excelente conselheira) ou a alguns amigos de total confiança. Não posso ter o luxo da dificuldade. Minha obrigação é escrever todos os dias, sem desculpas. Minha vida é um eterno plantão.

4. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?

Quando comecei, há 25 anos, escrevia tudo à mão, com caneta esferográfica, em cadernos pautados. Guardo esses originais até hoje. Depois, passava tudo para a máquina de escrever. Durante alguns anos, usei uma máquina que não tinha letra “a”; eu precisava preencher todos as letras “a” manualmente depois. Talvez isso tenha algum simbolismo. Depois que descobri o computador, nunca mais parei de usá-lo. Meus primeiros ensaios foram escritos em um computador XP, com letras verdes e tela preta, uma coisa pavorosa. Eu imprimia os textos em formulário contínuo. A impressora matricial fazia um barulho dos infernos, parecia que ia explodir a qualquer momento. Naquele tempo, o sistema do jornal era DOS. Dávamos um comando — acho que era F10 — para medir o tamanho dos textos, o que sempre vinha acompanhado de um apito na máquina. Sonho com esse apito até hoje. No entanto, jamais abandonei o caderninho de anotações. De uns anos para cá, uso o WhatsApp de minha esposa como bloco de anotações virtual. Se não consigo escrever, “anoto” as ideias com mensagens de áudio. É um negócio maluco.

5. De onde vêm suas ideias?

De um lugar chamado realidade. Esse é o verdadeiro nome da Avenida Paraná.

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