As salas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) vão amanhecer vazias na quarta-feira (15) quando os servidores estaduais e professores universitários vão protestar no campus e no HU (Hospital Universitário) contra a defasagem salarial de 42%, sem reposição inflacionária há sete anos, segundo as lideranças sindicais. O HU deve manter o atendimento ao público normalmente.

De acordo com os representantes da categoria, a situação salarial e o atual arrocho no orçamento são piores do que os vividos às vésperas de movimentos históricos, que culminaram em greves gerais do funcionalismo no Paraná.

Por isso, dependendo do posicionamento do governo estadual e das negociações, a paralisação na UEL pode ser um embrião de uma greve no Paraná, dependendo das negociações com a administração de Ratinho Junior (PSD).

“Um ofício foi encaminhado à Casa Civil e esperamos que o governador aponte um interlocutor com uma proposta para ser discutida com a categoria. Sem isso, existe a possibilidade de uma greve geral a partir de maio, mês da data-base”, comentou Marcelo Seabra, presidente da Assuel, que representa os técnicos-administrativos da UEL e HU.

Além disso, a categoria também reivindica o retorno de perícias médicas em Londrina que deixaram de ser presenciais e são exigidas com três dias de afastamento, sendo que atualmente, os servidores precisam se deslocar até Maringá ou Cornélio Procópio.

Seabra lembrou que a categoria também pede a abertura de concurso público na Educação, ao invés do processo de chamamento público e terceirização dos serviços, o que também atinge outros setores do funcionalismo público.

“É ruim para os servidores de carreira, ruim para quem foi contratado, pois fica com um salário achatado e também prejudica a população por causa da queda na qualidade do atendimento direto”, avalia.

O último item da pauta de reivindicação é que a faixa de 14% na aposentadoria dos servidores pelo Paraná Previdência seja descontada a partir de seis salários. Atualmente, os aposentados são taxados a partir de três salários.

O Paraná Previdência estava no centro do debate da última grande greve geral no Estado, em 2015, por conta da utilização do fundo de aposentadoria para cobrir o cofre público paranaense, medida aprovada pela Assembleia Legislativa.

Durante protesto contra o projeto de lei, servidores foram agredidos pela tropa de choque da Polícia Militar e bombas foram lançadas contra os funcionários públicos no episódio lembrado, anualmente, pelo funcionalismo paranaense no dia 29 de abril.

PROFESSORES

A programação durante o dia de protesto terá panfletagem no campus da UEL, no Hemocentro e no estacionamento do HU, um ato em defesa da data-base e atividades com professores com contrato temporário.

Além dos servidores técnicos, Ronaldo Gaspar, presidente do Sindiprol/Aduel, seção sindical que representa docentes da UEL e da UENP (Universidade Estadual do Norte Pioneiro), confirmou que os professores também vão participar da manifestação.

“Está ficando insustentável a falta de reposição de 42% do salário sem nenhuma justificativa orçamentária. Isso causa indignação, pois isso não ocorre por falta de recursos, mas por uma deliberação política do governo”, argumentou Gaspar, ao lembrar que o limite prudencial de gastos com a folha de pagamento está 6% abaixo do limite.

“Hoje é de 40,5%, o comprometimento mais baixo dos últimos 20 ou 30 anos. O governo tem dado subsídios e feito renúncias fiscais com o dinheiro dos servidores ao descumprir essa obrigação do patronato. Quem está pagando o que o governo está fazendo é o servidor com o arrocho salarial”, acrescentou.

Gaspar ainda lembrou que a defasagem salarial é maior do que em 2001, quando uma greve aconteceu nas universidades paranaenses com a reivindicação de reposição de 36%. “Nosso objetivo é parar 100% da universidade e das atividades nesta quarta-feira para conscientização trabalhista, mas caso as reivindicações não sejam atendidas pelo governo, esse pode ser o ponto de partida para um movimento maior de greve no funcionalismo em maio”, avalia.

Procurada pela reportagem, a assessoria do governo respondeu que a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior debateu na última semana com lideranças dos sindicatos unificados, que representam professores e funcionários, e dos sindicatos de representação dos docentes as pautas que envolvem as categorias. “Os representantes da Secretaria informaram que a questão da reposição salarial está sendo estudada entre as demais áreas do Estado porque demanda avaliação orçamentária. O diálogo segue aberto”, disse em nota.

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