Enfim, a Seleção Brasileira de futebol está começando uma nova era. Mesmo sem o técnico definido, o processo de renovação está em andamento. E não é só pela chegada interina de Ramon Menezes, mas pela ótima oferta de novos jogadores e já com experiência internacional.

Como não tem vínculo com o passado e vem de uma conquista com o Sub-20, Ramon tem essa liberdade de ousar com os novatos. E esse é o momento. Todas as grandes seleções passaram por renovações no passado recente e evoluíram. Aqui, seguimos a mania de se manter reféns do “status quo” do resultado contra o desempenho ousado. Se há troca, criticam; se não há, também criticam.

Ramon Menezes, técnico interino da seleção brasileira: tem essa liberdade de ousar com os novatos
Ramon Menezes, técnico interino da seleção brasileira: tem essa liberdade de ousar com os novatos | Foto: Rafael Ribeiro/CBF

A Alemanha se renovou e apostou no formato para chegar ao título mundial. A Inglaterra mudou até o estilo de jogar. A Espanha foi à última Copa apostando na próxima. Até Portugal está se libertando dos seus reféns. E o Brasil, quando vai ter essa coragem? A renovação em campo passa também por um pensamento diferente de comissão técnica. Somos conservadores e temos dificuldade com o novo. Mas os resultados de jovens técnicos no país têm feito esse preconceito mudar e isso vai chegar também dentro de campo. Não há outro caminho para o Brasil voltar a ser competitivo se não rejuvenescer nas ideias.

A Seleção Brasileira sempre foi o reflexo do futebol no país. Os grandes times sempre impulsionaram as convocações e as propostas de jogo desses mesmos times potencializavam nosso jeito de jogar. Mas agora não há mais essa identidade. Os principais times na atualidade no Brasil são dirigidos por estrangeiros e os principais jogadores brasileiros estão fora do país. Então, onde está nossa referência? Qual é a nossa identidade?

Mais do que achar um novo futebol com mais cara de Brasil precisamos entender que caminho está seguindo nosso futebol. Além dos técnicos estrangeiros, a cada temporada temos mais sul-americanos atuando no país. E isso também influencia em estilo e característica, porque o técnico de verdade se adapta ao material que ele tem para trabalhar, e não somente às propostas dele.

A CBF poderia pensar em um departamento como outros esportes tem: formatação técnica, em que as várias divisões seguem um mesmo perfil técnico-tático para uniformizar trabalhos e diretrizes. Está na hora de não só jogar, mas também de “pensar” o futebol.