Cascavel chegou pela primeira vez à liderança do ranking nacional entre os 5.486 municípios que registraram a presença de galináceos – galos, galinhas, frangos, frangas, pintinhos e pintainhas. No ano passado, o plantel avícola alcançou 20 milhões de cabeças.

Cascavel  conta com 192 produtores que se dedicam à avicultura de corte, mantendo 350 barracões ativos
Cascavel conta com 192 produtores que se dedicam à avicultura de corte, mantendo 350 barracões ativos | Foto: iStock

Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal divulgada pelo IBGE, o município do oeste do Paraná registrou um aumento de 17,8% em seu efetivo em 2021, na comparação com o ano anterior.

O antigo líder da lista, Santa Maria de Jetibá (ES), caiu para a 2ª posição. Entre os 5 maiores rebanhos de galináceos do País, há ainda um outro município paranaense – Cianorte, na 4ª posição (veja infográfico).

Em Cascavel, a avicultura gerou R$ 880 milhões em riquezas em 2021, o que equivale a 28% do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do município – R$ 3,2 bilhões.

Renato Cesar Segalla, secretário de Agricultura de Cascavel, explica que o perfil dos produtores e a oferta de milho viabilizam a atividade avícola no município, que conta hoje com cerca de cinco mil famílias de produtores rurais. A atividade avícola gera aproximadamente sete mil empregos.

“Do total das famílias, 70% são pequenos e miniprodutores, razão pela qual buscam a diversificação da atividade como forma de melhorar a rentabilidade. Outro fator importante é a produção em larga escala de milho no município, o que viabiliza a fabricação de ração e comida para atender a atividade avícola”, enumera.

Sobre o aumento do plantel avícola de 2020 para 2021 em Cascavel (quase 18%, segundo o IBGE), o secretário explica que o custo elevado da carne bovina incentivou um consumo maior da carne de frango.

“O valor comercial das áreas rurais em nosso município está muito valorizado. Isso significa que o produtor precisa encontrar alternativas para melhorar a sua renda, sem necessariamente aumentar sua área de produção”, destaca.

Segundo o secretário, outra justificativa que ajudou na evolução é a estrutura de cooperativas e empresas que trabalham de maneira integrada à atividade, apoiando os produtores. “Podemos citar a Coopavel, Lar, Copacol, BRF, Pluma, entre outras localizadas em Cascavel ou nas cidades circunvizinhas.”

Hoje, o município conta com 192 produtores que se dedicam à avicultura de corte, mantendo 350 barracões ativos. “Os frangos são entregues nas cooperativas e nas empresas e comercializados no mercado interno. Parte é exportada conforme a política de comercialização de cada empresa integradora.”

Entre os desafios dos avicultores, Segalla aponta que a mão de obra é um dos maiores. “Geralmente os produtores utilizam mão de obra familiar para tocar a atividade. Também temos registros de quedas eventuais de energia elétrica, associadas ao custo elevado das tarifas de luz”, listou.

INCENTIVOS

O Sindicato Rural presta apoio constante aos produtores, promovendo cursos e treinamentos, além de auxiliar nas questões de ordens administrativa, trabalhista e legal.

“A Secretaria Municipal da Agricultura, por sua vez, mantém um programa de incentivo aos nossos produtores rurais, aprovado em lei, com subsídios de custo de horas máquinas, prestação de serviços de terraplenagem, cascalhamento, pavimentação e manutenção de estradas rurais dentro da propriedade do produtor, como forma de incentivar a avicultura e todas demais atividades do agronegócio.”

Desde 2017, segundo o secretário, já foram adequados/pavimentados mais de 450 quilômetros de estradas rurais no município, sendo 130 km com pavimentação asfáltica para melhorar o escoamento da safra. “Além disso, a frota de máquinas e de equipamentos da Secretaria da Agricultura foi modernizada”, concluiu.

SONHO REALIZADO

O avicultor Selson Inacio Wagner cria frangos há 18 anos em Cascavel. O desejo de se dedicar a essa atividade foi despertado desde adolescente, quando ele já planejava adquirir uma área de terras para produzir aves.

O avicultor Selson Inacio Wagner: “Essa atividade me mantém no campo com uma vida digna e prazerosa”
O avicultor Selson Inacio Wagner: “Essa atividade me mantém no campo com uma vida digna e prazerosa” | Foto: Arquivo pessoal

“Essa atividade me mantém no campo com uma vida digna e prazerosa”, celebra. Hoje, todo o trabalho nos aviários é 100% familiar – Wagner trabalha junto à esposa, à filha e ao genro.

Hoje, o produtor rural mantém junto aos familiares quatro aviários de frango de corte, com 7,5 mil m² de alojamento ao todo. A expectativa é que neste ano sejam produzidas 378 toneladas de frango, volume 20% inferior ao do ano passado – 473 toneladas. Toda a produção é comercializada para um frigorífico de Toledo.

“O mercado está desaquecido por causa da guerra na Ucrânia aliada à questão sanitária na região Sul do Brasil, principalmente a bactéria salmonela que vem afetando aviários”, lista.

Apesar da produção estimada menor neste ano, o preço do quilo do suíno vivo em outubro de 2022 está 15% superior ao mesmo mês do ano passado – R$ 4,32 ante R$ 3,73. Segundo o produtor, a lucratividade fica em torno de 25% ao ano.

“Entre os nossos desafios estão sempre ter a melhor tecnologia, tanto em equipamentos quanto em genética. Tenho duas raças geneticamente melhoradas a cada ano – cobb e ross – por meio das matrizes. Com isso, consigo dar menos ração para obter 1 kg de carne a cada ano que passa”, explica. A produção de energia elétrica, por sua vez, vem de 400 placas fotovoltaicas instaladas na propriedade.

NO ESTADO

O frango é a segunda atividade agropecuária que mais gera riquezas no Paraná – fica atrás apenas da soja.

Dados do Deral ((Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), mostram que o VBP (Valor Bruto da Produção) do frango alcançou R$ 32,5 bilhões em território paranaense no ano passado, o que representa uma participação de 18% no VBP total registrado no Estado.

A soja detém a maior participação, representando 28,2% do VBP total no Estado e uma riqueza de R$ 50,9 bilhões.

NACIONAL

Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal divulgada pelo IBGE, o total de galináceos aumentou 3,5% (52,2 milhões de animais) entre 2020 e 2021 em território brasileiro, chegando a 1,5 bilhão de cabeças.

No que diz respeito somente a galinhas, Santa Maria de Jetibá (ES) manteve a liderança, seguido por Bastos (SP), São Bento do Una (PE), Primavera do Leste (MT) e Itanhandu (MG).