Um sorvete de tilápia, espécie de peixe amplamente produzida e consumida no Paraná, acaba de dar a sua criadora, Ana Maria da Silva, o terceiro lugar na Maratona de Inovação do Pescado no AgriFutura, realizada durante o Seafood Show Latin America (primeira edição), principal encontro da cadeia produtiva do pescado na América Latina, em São Paulo.

Ana Maria da Silva começou a pesquisa com tilápias em 2008: pescado na alimentação escolar
Ana Maria da Silva começou a pesquisa com tilápias em 2008: pescado na alimentação escolar | Foto: Unioeste/AEN

Silva é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e representou a instituição no Seafood Show Latin America. O espaço destacou novidades em startups.

Produção de sorgo no Brasil

Mas o que o leitor deve estar se perguntando é: sorvete de tilápias tem gosto de peixe? Não. O produto foi desenvolvido pela pesquisadora como uma forma de ajudar a filha que enfrentava um câncer, pois minimizava os efeitos colaterais da quimioterapia, como feridas na boca, úlceras, enjoos e alteração no paladar.

O sorvete a base de tilápias desenvolvido por Silva é recomendado no cardápio alimentício de pessoas que enfrentam a doença porque agrega proteína num alimento de fácil consumo e que não tem gosto de peixe.

Usando biotecnologia ela conseguiu transformar a carne da tilápia em uma pasta líquida, para inseri-la no sorvete e deixá-lo mais proteico. O sorvete com hidrolisado de tilápia ainda está em fase de desenvolvimento e a pesquisa tem como objetivo avaliar a qualidade nutricional e a qualidade do produto. Além dele, outros produtos desenvolvidos por Ana Maria foram apresentados em seu stand “By Fish Consultoria”, como os enlatados de tilápia, pacu e rã.

Para Ana Maria da Silva, do Câmpus da Unioeste de Marechal Cândido Rondon, a recepção na competição de startups, representando a universidade, foi muito gratificante. “É um reconhecimento pelo trabalho maravilhoso do nosso grupo de pesquisa e de professores da universidade. É fruto do trabalho dos professores Aldi Feiden, Altevir Signor, Wilson Boscolo e Armin Feiden. Estamos muito felizes e fechando com chave de ouro o nosso trabalho da tese de doutorado”, afirmou.

Desde 2008

Ana Maria da Silva começou sua pesquisa ainda na graduação, em 2008, quando se viu envolvida no programa de inserção do pescado na alimentação escolar no município de Marechal Cândido Rondon, transformando a tilápia do pequeno produtor em CMS (carne mecanicamente separada) para, a partir disto, elaborar produtos saudáveis para as crianças das escolas municipais.

A acadêmica fez o seu mestrado no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, da Marinha do Brasil, trabalhando com o desenvolvimento de produtos à base de pescados marinhos com a comunidade de pescadores artesanais do município de Arraial do Cabo (RJ). O doutorado na Unioeste está no contexto da expansão do mercado de tilápias no Paraná. A produção de peixes de cultivo cresceu 9,3% no Estado em 2021, o que o consolidou como líder nacional no segmento. (Com Agência Estadual de Notícias)