Já são quase duas décadas com a literatura fazendo parte da rotina dos alunos da rede municipal de Londrina de maneira intensa. Desde 2003, o projeto “Palavras Andantes”, da secretaria municipal de Educação, promove a leitura e incentiva o desenvolvimento crítico das crianças do P5 ao 5º ano.

“A leitura é um modo de ascensão, de participar ativamente da sociedade”, destaca a professora Aliny Perrota, que integra o Apoio de Língua Portuguesa da secretaria.

Até 2020, a iniciativa acontecia com o professor mediador de leitura nas bibliotecas das escolas, com atividades semanais de contação de história e empréstimo de livros. Mas com a chegada da pandemia de Covid-19 tudo teve que ser adaptado.

Imagem ilustrativa da imagem Palavras que ‘andam’ e desenvolvem os estudantes de Londrina
| Foto: Divulgação

“Precisamos transpor as aulas da hora do conto por meio do aparelho celular. Os professores passaram a contar histórias gravadas e mandavam para o telefone das famílias. Mandávamos livros no formato PDF. Muitas vezes as crianças gravavam vídeos, áudios e respondiam para o professor, para dar um feedback”, comenta.

Se antes o estímulo à leitura ficava restrito às crianças, o novo formato permitiu que as famílias também participassem ativamente do processo de aprendizagem. “Tivemos relatos de famílias que se envolveram com as histórias, em que os pais assistiram os vídeos junto dos filhos e participavam das atividades. Rememoraram as histórias da época de infância. A literatura saiu de dentro da escola e ‘pulou’ para o núcleo familiar.”

LEIA TAMBÉM:

+ Pesquisadores da UEL investigam os impactos da pandemia na educação

+ O ensino pós-pandemia requer planejamento e recomposição

No ano passado, com o retorno das aulas presenciais, o “Palavras Andantes” teve que se adequar a outra realidade. Diante da falta de professores, muitos docentes que eram responsáveis pelas bibliotecas precisaram assumir turmas. “O projeto on-line montou uma equipe que semanalmente gravava vídeos de contação de história, montava formulário e enviava para o celular das famílias, com proposta de mediação, roteiro do que conversar, material de leitura”, detalha.

MODELO HÍBRIDO

Em 2022 o projeto tem unido o físico com o virtual. Semanalmente, os alunos têm contação de história. Uma semana é com o professor mediador, de forma presencial, e na outra por meio de vídeo. “É um avanço incluir a tecnologia na vida das crianças e agora, com o presencial, não podemos retroceder. Entendemos que a tecnologia é uma ferramenta potente", pontua.

A secretaria também firmou parceria com uma plataforma de livros digitais, em que os estudantes do 4º ano têm acesso a mais de 40 mil títulos.

OUTRAS INICIATIVAS

Paralelo ao trabalho do “Palavras Andantes”, muitas unidades colocaram em prática outras ações de leitura na fase mais crítica da pandemia. A Escola Municipal Professora Vilma Rodrigues Romero, na zona norte, por exemplo, apresentou os trabalhos da feira literária dos alunos em formato de carreata. “As atividades que fizeram em casa, mediado pelo professor, entregaram na escola e a direção e professores colocaram nos muros, portões e calçadas. Os pais passavam de carro e faziam a visitação”, cita.

HUMANIZAÇÃO

Na avaliação da professora Aliny Perrota, a leitura humaniza o ser humano. “Hoje, temos mais vias de acesso à leitura do que antes. Infelizmente não conseguimos que numa rede de quase 40 mil alunos todos tenham acesso à tecnologia e ao celular. Mas quem não tem em casa, encontra na escola. A criança que tem acesso à leitura pode expor seus sentimentos, cria uma visão de mundo dentro do espaço de conversa e reflexão”, valoriza.

****

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.