Resultado de uma parceria entre a Embrapa e o CRN (Câmpus Regional do Noroeste), da UEM (Universidade Estadual de Maringá), foi lançada nesta semana a mandioca de mesa (aipim) BRS 429 para São Paulo e Paraná, a primeira variedade de mesa recomendada para o território paulista.

A diretora do CRN da UEM, Alciony Andréia da Cunha Alexandre, comentou que se trata da terceira variedade de mandioca de mesa cultivada no Paraná pela Embrapa em parceria com o campus.

“Creio que os agricultores familiares vão multiplicar esse produto rural para a mesa dos consumidores. Sem a contribuição e participação de agricultores, da equipe de pesquisadores, técnicos, professores e servidores do CRN, não seria possível alcançar este sucesso nesta pesquisa rural”, destacou.

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O convênio entre as duas instituições de pesquisa – Embrapa e UEM – teve início em 2009 e foi renovado em 2021 para melhoria e desenvolvimento genético da mandioca, importante alimento na mesa dos brasileiros.

Nova cultivar de mandioca se destaca pela boa qualidade culinária e sabor. As mudas já podem ser adquiridas pelos agricultores
Nova cultivar de mandioca se destaca pela boa qualidade culinária e sabor. As mudas já podem ser adquiridas pelos agricultores | Foto: Marcelo Romano/Embrapa

Hoje, a mandioca é cultivada em todo o território nacional, sendo produzidas quase 18 milhões de toneladas de raízes por ano, sendo 87% pela agricultura familiar.

A parceria entre as duas instituições permitiu a formação de um importante banco de variedades, adaptadas à região, para manutenção de suas genéticas e atendimento às demandas dos agricultores familiares.

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A diretora do CRN da UEM considera que essa parceria beneficia os produtores do país, inclusive do interior do Paraná e do Estado de São Paulo. “É muito importante para a nossa região, que é formada por agricultores familiares, e o melhor, com ramas de altíssima qualidade”, frisou.

CARACTERÍSTICAS

Segundo a Embrapa, a nova cultivar, que se destaca pela boa qualidade culinária e sabor, é 49,76% superior à média de produtividade em comparação a raízes comerciais, com potencial para superar 60 toneladas por hectare.

Coordenador dos experimentos no Centro-Sul, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Marco Antonio Rangel explica que a nova variedade reúne um conjunto de características que a tornam um produto superior.

“Além de ser altamente produtiva (no Paraná, a produtividade média da BRS 429 foi superior em 25,7% em relação às variedades tradicionais e, em São Paulo, a superioridade alcançou 53,9%), apresenta raiz cilíndrica, mais longa e uniforme, o que confere um aproveitamento comercial maior (no Paraná, 10,5% superior à média dos padrões e, em São Paulo, 4,3% superior)”, enumera.

O técnico acrescenta que outros diferenciais da nova variedade são a precocidade (podendo ser colhida aos oito meses) e uma moderada resistência às principais doenças, como bacteriose e superalongamento.

“Apresenta polpa de coloração amarela intensa (preferida dos consumidores), bom tempo de cozimento (média de 20 minutos), textura farinácea, adequada tanto para o consumo mais usual (cozida e frita) como também para a obtenção de massa de boa qualidade.”

Outra característica apontada por Rangel é que essa variedade tem características muito boas que atendem todo o tipo de produtor, sendo excelente para aquele mais tecnificado, que quer plantar áreas com plantadeiras, devido ao porte ereto da planta, facilitando os tratos culturais.

“Também se destaca pela qualidade da raiz, que, por ser mais cilíndrica, confere um aproveitamento comercial melhor, e pelo sabor, diferencial muito positivo. Utilizamos em nossas avaliações sensoriais categorias de sabor. As boas variedades de mesa se enquadram na categoria ‘sabor característico’. Essa se enquadrou na categoria ‘sabor superior’, um degrau acima”, resume.

AÇÕES

Posteriormente ao lançamento da mandioca BRS 429 realizado no campus da UEM em Diamante do Norte (PR), está programada uma série de ações de promoção da variedade em áreas de instituições e produtores parceiros nos experimentos no Paraná e em São Paulo.

A previsão é de que, no segundo semestre, haja também a extensão de recomendação para o cerrado, inicialmente Distrito Federal e entorno — alguns ensaios já indicam, por exemplo, 30% a mais de produtividade em relação às variedades locais.

MUDAS

Diante do trabalho desenvolvido pela equipe do campus da UEM em Diamante do Norte (PR), a Embrapa escolheu o local onde foi realizado o lançamento da variedade BRS 429 para ser um polo de distribuição de mudas.

Além disso, a Embrapa dispõe de produtores licenciados para multiplicar a variedade: as empresas Clona-gen Biotecnologia Vegetal (SC) e a Vivetech Agrociências (PR).

Os mandiocultores paranaenses contam, desde 2015, com as variedades BRS 396 e BRS 399, oriundas, assim como a BRS 429, de cruzamentos realizados pela Embrapa Cerrados (DF) e validadas no Centro-Sul pela equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA). (Com assessorias da UEM e da Embrapa)

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