A cada convocação da Seleção Brasileira especula-se a lista final para a Copa do Catar. E os nomes estão se afunilando e as surpresas vão ficando cada vez mais difíceis de acontecer. Nesta última lista apareceu Danilo, do Palmeiras, embora houvesse uma aclamação por Raphael Veiga, também do Verdão.

Imagem ilustrativa da imagem Os meninos do Tite
| Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Defendo a tese de que uma seleção deveria ser formada a partir do estilo tático implantado pelo treinador. A partir daí teríamos os nomes se encaixando dentro deste formato de jogo e, obviamente, com variações. Mas a forma mais comum é chamar os melhores na atualidade e então tentar formar um time, que tenha padrão tático e desempenho. Ou seja, nenhuma fórmula vai agradar e contemplar todos os nomes possíveis em ser chamados.

Para o torcedor bastam os melhores e vencer. E depois jogar bem. E se não vencer é culpa do treinador que não formou um padrão de jogo. O Brasil está neste dilema. Estamos a seis meses da Copa e não temos um padrão de jogo com os mais convocados e temos os melhores na atualidade que não são certeza na lista final.

Os principais destaques do futebol brasileiro atualmente são os mais jovens, e aí estaríamos falando de renovação. Mas nunca foi o padrão da nossa seleção mudar completamente de um ciclo para o outro. Sempre aconteceu gradativamente aliando a experiência com o talento jovem. E o Catar está aí, também se apresentando assim, mas com uma dor de cabeça diferente para a comissão técnica que tem muito mais jovens em destaque do que os veteranos em boa fase.

Tite tem o abacaxi para descascar. Ou continua confiando nos nomes de sua base ou pode ousar com peças que já demonstram maturidade nos seus times para estar no grupo final, como Vinicius Jr., Rodrygo, Bruno Guimarães e Raphinha.

Em 2010, a seleção Alemã foi à África do Sul com o time mais jovem da sua história. Havia a renovação clara e jogadores experientes para que na edição seguinte os jovens se tornassem protagonistas. A experiência conquistada por Tony Kroos, Thomas Muller e Khedira, entre outros, serviu para conquistar o título quatro anos depois.

A França desenhou o mesmo formato em 2018 levando Mbappé, Umtiti, Pogba e Dembelé, mas com um resultado inesperado já sendo campeã. E agora esses jogadores voltam, já campeões do mundo, e ainda jovens para mais um mundial.

Renovar totalmente ou aos poucos é o desafio, mas passa antes por cultura. No Brasil, quase impossível esse processo. Então, a missão de Tite é encaixar os meninos do futuro na seleção, que já são realidade em seus clubes, para compor uma lista final que possibilite um resultado que todos vão cobrar: o título.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina