O clima ameno, mas sem geada, é o mais indicado para o cultivo da oliveira, que, ademais, prefere terrenos levemente inclinados, não muito férteis, bem drenados e bastante ensolarados, razão pela qual seu cultivo se concentra no extremo sul do País (Campanha e Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul - RS) e na Serra da Mantiqueira. As oliveiras começam a produzir aos 4 anos e alcançam produção plena a partir dos 8 anos

Cultivada há mais de 6.000 anos no mundo, ela somente chegou ao Brasil no final dos anos 40, pois no período colonial, a Coroa Portuguesa inibia sua produção no País, para evitar a concorrência com o produto de Portugal. Os primeiros olivais comerciais surgiram no Brasil no final da década de 1960, cresceram rapidamente e hoje são cultivados aproximadamente 7.000 hectares. Ainda muito pouco, em contraste com os 10 milhões de hectares cultivados, mundo afora.

O cultivo de oliveiras nunca foi uma atividade agrícola importante no Brasil, que se acostumou a associar o azeite como produto de países Mediterrâneos; Espanha, Itália e Grécia, principalmente.

Tradicionalmente, o Brasil importou quase 100% do azeite que consome, figurando como o 2º maior importador global do produto. Mas isto está acabando, pois, o Brasil descobriu que tem potencial para produzir seu próprio azeite, graças aos pioneiros da atividade, que precisaram enfrentar o desconhecido até entender as exigências da cultura em solo e clima, estimulando outros produtores a ingressarem na atividade.

Por enquanto, a produção brasileira é pequena e se concentra na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul (RS), onde foram produzidas 90% das azeitonas brasileiras na safra 2020/21, com produção aproximada de 900 toneladas de azeitonas, resultando em cerca de 90.000 litros de azeite extravirgem. Cada planta de oliveira produz, em média, entre 15 a 50 kg de frutos, sendo que cada litro de azeite demanda entre 5 e 6 kg de azeitonas. A colheita, no Brasil, acontece nos meses de março e abril.

Além do RS, a Serra da Mantiqueira também é protagonista no cultivo de oliveiras, com destaque para o Estado de Minas Gerais, que concentra 60% dos olivais da região, em sua maioria localizados em pequenas propriedades de topografia acidentada, onde a mecanização é difícil e ainda é pequena.

No RS, com a expansão do cultivo de oliveiras surgiu o olivoturismo, uma alternativa de diversificação de renda para os agricultores da região olivícula e uma oportunidade de lazer para o público urbano que desfruta do prazer de conhecer a magia das oliveiras, árvores capazes de sobreviver produzindo, por milhares de anos. Em Portugal, há registro de planta com mais de 2.800 anos. Dado o interesse do público, o governo do RS instituiu, em 2019, a Rota das Oliveiras, visando incentivar o turismo rural associado à olivicultura, em mais de 25 municípios gaúchos localizados na metade sul do estado. Mais de 40 marcas de azeite já são comercializadas por produtores gaúchos e muitos locais estão abertos à visitação no RS.

Se o Brasil tem capacidade para produzir o azeite que consome, porque importá-lo?

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

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