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FOLHA ENEM/ CADERNO 9

REDAÇÃO

04/10/2021

Tema, delimitação do tema e tese

O texto argumentativo tem enorme importância na nossa vida cotidiana. Utilizamos a argumentação para justificar nossos pensamentos ou comportamentos, para convencer e para influenciar a opinião de outras pessoas, por exemplo.

Basicamente, em um texto argumentativo encontramos um tema, que é delimitado, gerando uma tese, defendida por meio de argumentos. Para que um texto argumentativo tenha consistência e unidade temática, antes de tudo, é preciso que se saiba claramente o que se pretende defender. É preciso, portanto, ter um objetivo bem definido.

Tema e delimitação do tema

Chamamos tema o contexto amplo do texto, que pode ser, por exemplo, POLUIÇÃO. Ora, poderia ser escrito um livro sobre o tema e ele ainda não estaria esgotado. Numa redação de trinta linhas sobre POLUIÇÃO, o máximo que se conseguiria fazer seria uma série de frases genéricas que revelariam uma abordagem muito superficial ou, então, um desconhecimento do assunto.

Portanto, o tema POLUIÇÃO deve ser delimitado. Veja algumas possíveis delimitações:

. Poluição sonora.

· Poluição nos rios.

· Poluição no ar.

· Causas do aumento da poluição no ar da Grande São Paulo.

· A atuação do governo no combate à poluição.

· Poluição e educação.

Muitas vezes você receberá, como proposta de redação, temas muito amplos que precisam ser delimitados para garantir um texto mais conciso e coerente.

EXERCÍCIO

Proponha três delimitações para os seguintes temas:

a) Desenvolvimento sustentável.

b) Redes sociais.

TESE

Chamamos tese a opinião que alguém defende. Ela constitui a ideia principal do texto, sustentada por uma série de argumentos. A tese ocupa um lugar de destaque. É sempre apresentada por meio de uma frase verbal. Geralmente fica no início do texto, como ponto de partida, ou no final, como conclusão.

Leia o trecho abaixo do primeiro parágrafo de um dos textos nota 1000 no ENEM 2012, cujo tema era “Movimento imigratório para o Brasil no século XXI”, para que você veja como se constrói a tese.

Catalisador estrangeiro

No final do século XX, o país passou por um período de grande prosperidade econômica que ficou conhecido como “Milagre econômico”. O otimismo gerado por essa conjuntura traduziu-se em uma frase que permanece, até hoje, na cultura popular: “Brasil: o país do futuro”. O crescente número de imigrantes que buscam terras tupiniquins, porém, revela que talvez o futuro esteja próximo de chegar. Dessa forma, é preciso enxergar a oportunidade de crescimento que tal fenômeno representa e propor medidas que maximizem os benefícios e minimizem os problemas.

É muito importante, antes de formular um texto argumentativo, ter em mente o que se pretende defender. Se a tese for definida, assim que o tema for delimitado, garantirá que o texto tenha um foco coerente.

EXERCÍCIOS

1 - Identifique e grife no excerto acima a tese do autor. Em seguida, transcreva-a e desenvolva um parágrafo de introdução a partir dela.

2. Escolha, para cada item, uma delimitação produzida no exercício anterior e produza uma tese. Use, no máximo, duas linhas.

a) Febre Amarela

Tema delimitado:

Tese defendida:

b) Família no século XXI

Tema delimitado:

Tese defendida:

c)Dietas da moda

Tema delimitado:

Tese defendida:

3) Selecione um post, em português, que você acha que aborda um tema polêmico ou possível de gerar boas reflexões sociais ou políticas. Em seguida, a partir dele, delimite um tema e produza uma tese.

Meme:________________________________

Rede Social:_________________________

Autor:__________________________________

Tema: _____________________________

Tese:______________________________

EXERCITANDO A INTERPRETAÇÃO

Juventude interrompida

A raiz do problema do qual a gravidez precoce é sintoma está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional

O leitor é o melhor termômetro para medir a temperatura do cidadão comum. Tomar o seu pulso equivale a uma pesquisa qualitativa informal. Aos que há anos me honram com sua leitura neste espaço opinativo, transmito uma experiência recorrente: família, ética, empreendedorismo e valores aumentam o índice de leitura. Dão ibope. Em um de meus últimos artigos tratei da crise da família. Recebi muitos e-mails, sem dúvida uma bela amostragem de opinião pública, sobretudo considerando o rico mosaico etário, profissional e social dos remetentes.

Neste Brasil sacudido por uma brutal crise ética, alimentada pelo cinismo e pela mentira dos que deveriam dar exemplo de integridade, há, felizmente, uma ampla classe média sintonizada com valores e princípios que podem fazer a diferença. E nós, jornalistas, devemos escrever para a classe média. Falar com a sociedade real. Nela reside o alicerce da estabilidade democrática. Escreva algo, sublinhavam alguns dos e-mails que recebi, a respeito do descaso com os jovens, da perversa interrupção da juventude. Meu artigo de hoje, caro leitor, foi pautado por você. O título deste artigo está inspirado em recente reportagem especial do jornal O Estado de S.Paulo: “Juventude interrompida”.

Juliana Diógenes, enviada especial do jornal a Codó e Timbiras (MA), conta algumas histórias dramaticamente rotineiras. Raquel (nome fictício) observa a massinha de modelar entre as mãos e brinca de criar formas enquanto fala sobre o dia em que foi estuprada aos 10 anos, em Cajazeiras, distrito onde mora na zonal rural de Codó. O rapaz, então com 19 anos, fugiu. Aos 13, foi morar com Raimundo, um pedreiro de 35 anos que conheceu na casa vizinha. E engravidou novamente. E a vida segue.

Pobreza, desorientação e gravidez precoce interrompem a infância e sequestram a juventude. A gravidez precoce é hoje, no Brasil, a maior causa da evasão escolar entre garotas de 15 a 17 anos. Dados da Unesco mostram que, das jovens dessa faixa etária que abandonaram os estudos, 25% alegaram a gravidez como motivo. Complicações decorrentes da gestação e do parto são a terceira causa de morte entre as adolescentes, atrás apenas de acidentes de trânsito e homicídios. A gravidez precoce afeta até quem mal saiu da infância.

De quem é a responsabilidade? É de todos nós – governantes, formadores de opinião e pais de família – que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o país seja definido mundo afora como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável. É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um oásis excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação de autoridades, crescem à sombra da impunidade.

O governo, assustado com o crescimento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, investe pesadamente nas campanhas em defesa do preservativo. A estratégia não funciona. Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. A raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em certas falanges politicamente corretas, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

Atualmente, graças ao impacto da televisão e da internet, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para que se possam prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce.

As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce batem de frente com inúmeras novelas e programas de auditório que fazem da exaltação do sexo bizarro uma alavanca de audiência.

A juventude é um ativo precioso. Não pode ser interrompida e sequestrada. Dela depende o futuro do Brasil.

Carlos Alberto Di Franco é jornalista.

Disponível em: https://carlosalbertodifranco.com.br/tag/juventude

1. Ao introduzir seu texto, o jornalista discorre que o assunto de seu texto é de interesse dos seus leitores, contudo ele não está falando de algo de interesse do público, mas de interesse público. Evidencie trechos do texto que comprovam essa afirmação, explicando-os.

2. Como a descrição da menina mencionada na notícia reforça o posicionamento do jornalista sobre o assunto tratado?

3. Para Platão “podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”. Associe essa citação de Platão ao fato da responsabilidade, de acordo com o artigo, sobre o problema da gravidez precoce no Brasil.

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4) Observe paráfrases das concepções de criança ao longo do tempo, de acordo com documentos oficiais do país:

· 1960: Criança é reprodutora de conhecimento de cultura.

· 1980: A concepção de criança varia de acordo com a situação socioeconômica e cultural. Portanto, existem infâncias.

· Atualidade: Criança como construtora e transformadora de conhecimento e de comportamentos sociais, culturais.

(BNCC – Base Nacional Comum Curricular – 2017)

Considerando os meios de comunicação em massa mencionados no artigo, eles reforçam, primordialmente, qual concepção de criança. Explique.

5) Observe a composição química dos hormônios sexuais.

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Relacione os hormônios a cada um dos sexos e explique, cientificamente, como seu funcionamento é prova de que a infância nunca será período para gravidez.

Leia também: Renovação do banco de questões do Enem é válida e necessária

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