Imaginem se a população de uma cidade inteira morresse por uma epidemia. Imaginem cerca de 377 mil mortos numa mesma localidade, colapsando sistemas de saúde e serviços de funerais. Imaginem se quase todos se conhecessem ou fossem de famílias que se relacionam nas ruas, nos shoppings, nos bares, escolas e restaurantes e, de repente, essa população fosse dizimada.

Imagem ilustrativa da imagem EDITAL - País tem número de mortos pela covid equiparado à população de Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro/09/07/2021

A peça de ficção teria contornos de tragédia, o difícil é que não se trata de ficção quando sabemos que, até quarta-feira (25), os mortos pela Covid-19 no Brasil eram 576 mil pessoas e a população de Londrina, segundo o censo de 2020, conta com 575.377 mil cidadãos. Considerando os nascimentos e novos habitantes da cidade em 2021 esses números estão empatados. E esta é uma triste realidade.

Quando pensamos na doença e nas mortes pela pandemia , o choque só é abrandado pelas distâncias, uns morrem no sul, outros no norte ou no nordeste do Brasil. Mas reunidas as vítimas é como se Londrina inteira já tivesse morrido. Um número assustador que exige que se mantenha aceso o sinal de alerta.

Ultimamente, a impressão é que relaxamos um pouco em relação à covid, já que a vacinação mostra seus resultados com a média móvel caindo e o País apresentando cerca de 300 mortos por dia, o que é consolador se pensarmos que já tivemos cerca de 3 mil mortes diárias. Mas o consolo para muitos não existe. Para quem perdeu pai, mãe, irmãos, filhos ou aqueles amigos que pareciam da família, a dor ainda é evidente e sentida.

Por isso hoje, se alguns números trazem alívio, outros ainda trazem assombro, como nessa conta mostrando que uma cidade inteira, de porte médio, já morreu pela pandemia se somarmos os dados de todo país.

E o que ainda podemos fazer diante dessa tragédia? O único caminho sensato é aquele apontado pelos especialistas: manter os protocolos e os cuidados de praxe, o uso de máscaras, tomar a vacina e incentivar à vacinação mesmo daqueles que negam a própria realidade, que não percebem que já temos mais mortos no Brasil em cerca de uma ano e meio pela covid do que as 171 mil vítimas dos conflitos no Afeganistão em uma década.

Os números não mentem e os alertas sobre novas variantes do vírus, como a delta que já fez vítimas no Paraná, e a gama plus, que forma uma nova onda e é considerada pelos especialistas como potencialmente mais contagiosa e fatal, são argumentos suficientes para ficar em casa e evitar aglomerações, bem como seguir criteriosamente o cronograma de vacinas.

O fato é que não estamos no Afeganistão, mas estamos ainda bem longe de vencer a guerra global contra o flagelo do coronavírus.

A FOLHA deseja saúde a seus leitores!