Um estudo divulgado pelo governo de São Paulo no mês de julho dava conta da tragédia que está sendo para a educação pública os dois anos de pandemia do novo coronavírus no Brasil. Segundo, o secretário estadual de educação, Rossieli Soares, os atrasos de aprendizado causados pelo afastamento dos estudantes das salas de aula podem demorar até três anos para serem revertidos.

Uma evidência desse prejuízo é o baixo número de estudantes que se inscreveram para o próximo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que será realizado em novembro próximo. É o menor índice desde 2005. O número de inscrições realizadas foi 2,8 milhões menor do que na edição anterior.

Segundo a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, entidade que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil, houve queda de 77,4% no número de inscritos de famílias com renda inferior a três salários mínimos.

Isso aconteceu, provavelmente, pela mudança nas regras de isenção do Enem. O Ministério da Educação estendeu a gratuidade a uma faixa ainda maior de estudantes em comparação com edições anteriores, mas decidiu extinguir o direito à isenção do pagamento da taxa de inscrição daqueles estudantes que não comparecerem ao dia da prova por medo de contraírem a Covid-19.

Embora a pandemia da Covid tenha colaborado para desestruturar a aprendizagem dos estudantes mais vulneráveis socialmente em todas as etapas de formação, alunos com idade para concluírem o ensino médio são os mais prejudicados, uma vez que estão mais longe de vagas nas universidades do país.

O adiamento do ingresso no ensino superior, principalmente entre a população de menor renda, deve agravar situações de desigualdade social. Lembrando que o problema da isenção da taxa de inscrição do Enem não é o único fator que distanciará os jovens do ensino superior. Durante a pandemia, as dificuldades de muitos em acompanhar a aula de forma remota, por exemplo, pode ter criado uma geração que deixou de ver a educação como uma forma de melhora de condição de vida.

Educadores vêm relatando histórias de jovens que simplesmente desistiram até mesmo de concluir o ensino médio. Tristes histórias para um país, cuja população sabe que a educação é a melhor chance de transformar a sociedade para melhor.

Agora, que as aulas começam a retornar no modelo híbrido, é importante que exista um esforço coletivo para não deixar nenhum aluno para trás. Escolas e famílias devem se unir para promover o melhor engajamento possível pela educação.

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