Gay couple having a good time together
Gay couple having a good time together | Foto: D-Keine

Prefeito eleito pela terceira vez de Mariluz, no Norte do Paraná, em 2020, Paulo Armando da Silva Alves, ou simplesmente Paulinho Alves (PSL) comanda a cidade pela primeira vez desde que assumiu sua homossexualidade, há cerca de seis anos. Ele afirma que sua orientação sexual não altera seu modo de trabalhar, tampouco influenciou nos votos que obteve em sua terceira vitória, mas admite que a aceitação própria foi um processo difícil pelo qual passou.

Católico praticante, Paulinho foi eleito prefeito em 2008 e reeleito em 2012, quando era filiado ao PSDB. Nas eleições de 2016, impossibilitado de concorrer, apoiou um candidato derrotado por Nilson Cardoso. Em 2020, filiado ao PSL, disputou contra o então prefeito e o derrotou.

“Eu tenho um perfil muito diferente, sou mais gestor e menos político”, afirma o prefeito, que também é pecuarista. “O eleitor não vota em alguém porque é gay, ou porque é negro ou mulher. Ele quer alguém que resolva, que coloque a saúde em dia, que o faça ter orgulho, no nosso caso, de ser morador de Mariluz”, diz, ao justificar a ausência da bandeira LGBTQIA+ de sua gestão política.

Paulinho Alves, prefeito de Mariluz, e seu companheiro Odirlei, “governa para toda a população, não para uma minoria”
Paulinho Alves, prefeito de Mariluz, e seu companheiro Odirlei, “governa para toda a população, não para uma minoria” | Foto: Arquivo Pessoal

O partido atual de Paulinho, aliás, tem entre suas bandeiras pautas bastante conservadoras, defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro – que, hoje, está sem partido, mas foi eleito pela mesma legenda. “Mas eu o admiro por sua gestão”, afirma.

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Se os anseios LGBTQIA+ não são prioridade absoluta para Paulinho – que, lembra, “governa para toda a população, não para uma minoria” -, a aceitação da sexualidade foi um fator que se arrastou por grande parte de sua vida.

O prefeito afirma que se compreendeu sua sexualidade a partir dos 14 anos, mas não a aceitava – em parte, por conta da religião. Ex-coroinha e ministro da eucaristia, Paulinho conta que chegou a tentar suicídio pelos conflitos internos pelos quais passava por duas vezes. Disputou as primeiras eleições ainda tido como heterossexual, porque não assumia sua orientação para absolutamente ninguém.

A mother holding hands with her daughter with the colors of diversity in her hands, lgtb concept
A mother holding hands with her daughter with the colors of diversity in her hands, lgtb concept | Foto: Amparo Garcia

Foi somente após sua saída da prefeitura, aos 38 anos de idade, que ele conheceu alguém, com quem começou a se envolver e a aceitar sua sexualidade. Paulinho e Odirlei estão juntos há cerca de seis anos, dos quais, casados há um ano e meio.

“Foi quando cheguei à conclusão que eu precisava me aceitava. E daí conheci uma pessoa neste tempo, me identifiquei com ela, começamos a conversa re fui percebendo o quanto faz falta a cara metade, uma pessoa na nossa vida. Nós temos necessidade de sentimentos, mas também necessitamos de contato sexual. E ele me encorajou a dar o passo e me assumir perante minha família e toda a sociedade”, conta.

Assim como Gilberto Nogueira, o economista que fez sucesso na versão mais recente do Big Brother Brasil, Paulinho admite que a religião pesou muito no conflito interno entre se aceitar para assumir a sexualidade ou não. “Isso para mim foi muito forte. Me enclausurou muito, nesse momento, a Igreja Católica. Fui seminarista, ministro da eucaristia, e isso pesava sobre mim,

por mais que eu soubesse que padres vivessem nessa situação [homossexualidade], eu achava que era muito moralista”, admite.

Atualmente, Paulinho diz que ele e seu companheiro não perdem missas nos fins de semana e trabalham em tudo o que a doutrina da Igreja permite.

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